Zacharias Ben Avraham
Ricardo de Albuquerque Crasto
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O QUE É JUDAÍSMO?
. Judaísmo é a religião dos judeus
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O QUE É UM JUDEU?
É muito difícil encontrar uma simples definição do que é um judeu. Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo - sua ética, seus costumes, sua literatura - como propriedade sua. Esta é a definição cultural. Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática. Como parte de inegável importância para qualquer definição válida, deve-se dizer também o que o judeu não é. Os judeus não são raça. A história revela que através de casamentos e conversões o seu número sofreu acréscimos sem conta. Há judeus morenos, louros, altos, baixos, de olhos azuis, verdes, castanhos e pretos. E apesar da maioria dos judeus serem de raça branca, há os judeus negros, os falashas, na Etiópia, os judeus chineses de Kai-Fung-Fu e um grupo de judeus índios no México, cuja origem, até hoje, ainda é um mistério para os antropólogos e arqueólogos. Para se compreender o Judaísmo, a busca do absoluto no ritual e no dogma deve ser abandonada, para dar lugar a um exame de ampla filosofia à qual se subordina a nossa fé. As nossas regras de culto são muito menos severas do que as de conduta. Nossa crença no que se refere à Bíblia, aos milarges, à vida eterna - é secundária em relação à nossa fé nas potencialidades humanas e nas nossas responsabilidades para com o próximo. As modificações introduzidas, no decorrer dos anos, no ritual e nos costumes, são de importância menos comparadas com os valores eternos que fortaleceram a nossa fé através de incontáveis gerações e mantiveram o Judaísmo vivo, em face de todas as adversidades. O Judaísmo sempre foi uma fé viva, crescendo e modificando-se constantemente como todas as coisas vivas. Somos um povo cujas raízes foram replantadas com demasia freqüência, cujas ligações com as mais diferentes culturas foram muito intensas para que o pensamento e tradições religiosas permanecessem imutáveis. Sucessivamente, os judeus fizeram parte das civilizações, dos assírios e babilônios, dos persas, dos gregos e romanos e, por fim, do mundo cristão. As paredes do gueto foram mais uma exceção do que propriamente uma regra no curso da história. Tais experiências, inevitavelmente, trouxeram consigo certas modificações e reinterpretações. De qualquer maneira, a religião judaica conseguiu se desenvolver sem submeter-se ao dogmático ou ao profético. A fé do judeu exige que ele jejue no Dia do Perdão. Mas enquanto jejua, aprende a lição dos profetas que condenam o jejum que não é feito com probidade e benevolência. Ele vem à sinagoga para rezar e, durante o culto, lê as palavras de Isaías dizendo que a oração é inútil a não ser que ela seja o reflexo de uma vida de justiça e de misericórdia. Assim, o Judaísmo continua sendo uma fé flexível, que vê os valores através de símbolos e ao mesmo tempo se precavê contra cerimônias superficiais. Acreditamos em Deus, um Deus pessoal cujos caminhos ultrapassam a nossa compreensão, mas cuja realidade ressalta a diferença que existe entre um mundo com finalidades e outro sem propósitos. Acreditamos que o homem seja feito à imagem de Deus, que o papel do homem no universo é único e que, apesar da falha de sermos mortais, somos dotados de infinitas potencialidades para tudo o que é bom e grandioso. São essas as nossas crenças religiosas básicas. Os outros pontos abordados acima podem ser considerados, como diria Hilel (1), “mero comentário”.
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COMO COMEÇOU O JUDAÍSMO?
. Os judeus acreditam que o judaísmo começou quando Abrão, o pai da religião judaica, começou a venerar um Deus em vez de muitos. De acordo com a Tora. Abrão nasceu em 1813 AEC e casou-se com Sarai. Eles partiram seguindo uma rota indicada por Deus. Abrão fez um acordo. Ou pacto, com Deus: prometeu ser fiel a Deus e ensinar suas leis para o mundo. Para marcar este pacto, Abrão circuncidou a sim mesmo. Deus prometeu que teriam um filho. Ele disse que os seus descendentes seriam tantos quando as estrelas que estão no céu e que herdariam a terra de Israel.
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QUEM SÃO OS JUDEUS?
Os judeus podem ser de qualquer nacionalidade ou cor e vivem em muitos países por todo o mundo. A religião dos judeus é o judaísmo, mais você pode ser um judeu e não seguir nenhum preceito ou prática religiosa. Os judeus ortodoxos acreditam que você é judeu se sua mãe for judia, ou se você se tornar um judeu após longos estudos e muita prática. Alguns judeus progressistas acreditam que você é judeu se um dos seus pais for judeu, ou se você aceitar as crenças e o modo de vida judaica.
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EM QUE ACREDITAM OS JUDEUS?
Existe uma grande quantidade de crenças judaica. Os judeus progressistas acreditam que ser judeu lhe permite de participar da cultura comum, enquanto os judeus ortodoxos tentam manter todas as leis e costumes estabelecidos durante séculos. A crença básica de religião judaica é a existência de um Deus Único, Eterno e indivisível. Os judeus também acreditam que foram escolhidos para receber de Deus a Tora. (o Pentateuco) – a primeira parte do Tanach (A Bíblia Judaica). Eles acreditam que, percebendo os seus vários significados e vivendo de acordo com as suas leis, pode espalhar justiça por todo mundo. Crêem também que, no momento certo, virá o Messias, para trazer a perfeição a este mundo. As boas ações serão largamente recompensadas no mundo vindouro (Céu).
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QUAIS OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO JUDAÍSMO?
A maneira mais autêntica de adorar Deus é a imitação das virtudes divinas: como Deus é misericordioso, assim também devemos ser compassivos; como Deus é justo, assim devemos tratar com justiça ao próximo; como Deus é tardo em se irritar, assim também devemos ser tolerantes em nossos julgamentos. O Talmud(2) fala em três princípios básicos da vida: a Torá, ou instrução; o culto ou o serviço de Deus, e a caridade ou a prática de Boas Ações. O amor ao saber domina a fé judaica. Desde o primeiro século da era cristã, têm os judeus um sistema de educação obrigatória. A responsabilidade pela educação dos pobres e dos órfãos cabia à comunidade tanto quanto aos pais. Tampouco se alheavam os antigos rabis à psicologia educativa. No primeiro dia de escola as crianças ganhavam bolos de mel com o feitio das letras do alfabeto, para que associassem o estudo ao prazer. O segundo princípio básico desta religião é o serviço de Deus. Desde sua mais tenra meninice aprendem os judeus que Ele deve ser adorado por amor, e nunca por temor. O terceiro fundamento do Judaísmo é a caridade, a genuína caridade que brota do coração(3). Não existe outra palavra hebraica para traduzir caridade senão a que significa “dádiva eqüânime”(*). A filantropia, observou um notável erudito, nasceu de dois elementos da religião judaica: o conhecimento de que tudo quanto possuímos é propriedade do Senhor; e a convicção de que o homem pertence a Deus. Para o judeu piedoso, a filantropia não conhece fronteiras raciais ou religiosas. De acordo com os rabis: “Exige-se de nós que alimentemos os pobres dos gentios tanto como nossos irmãos(*) judeus...” Ninguém está isento da prática da caridade – diz o Talmud – “Até quem vive uma pensão deve dar ao pobre”. No primeiro século da nossa era, o Rabi Iohanan(4) perguntou a cinco de seus mais preclaros discípulos o que consideravam o alvo supremo da vida. Cada qual ofereceu a sua fórmula predileta. Depois de ouvir a todos, disse Iohanan: “A resposta do rabi Elazar ainda é a melhor - um bom coração”. Outro grupo de estudiosos procurou um único verso da Bíblia qie distilasse a essência da fé judaica. E encontraram-no nas palavras do profeta Miquéias: “Que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a beneficência e andes humildemente com o teu Deus”.
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ACREDITAM OS JUDEUS QUE O JUDAÍSMO É ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA?
Os judeus consideram a sua religião a única para os judeus; jamais condenam, porém, o devoto de qualquer outra fé. Diz-nos o Talmud: “Os justos de todas as nações merecem a imortalidade”. Acreditam eles em certos conceitos éticos essenciais: decôro, benevolência, justiça e integridade. A estes consideram verdades eternas, mas sem se arrogarem o monopólio dessas verdades, pois reconhecem que toda grande fé religiosa as descobriu. Era o que Rabi Meir tinha em vista quando, há cerca de dezoito séculos, afirmou “Gentio que segue a Torá não é inferior ao nosso Sumo Sacerdote”.
CONSIDERAM-SE OS JUDEUS “O POVO ELEITO”?
As palavras “povo eleito” deram origem a muitas ilações capciosas. A maioria delas provém da falta de familiaridade com a tradição judaica e de uma incompreensão daquilo que o Judaísmo considera seu papel específico e sua responsabilidade. Não se consideram os judeus dotados de quaisquer características, talentos ou capacidades peculiares, nem tampouco que gozem de algum privilégio especial aos olhos de Deus. A Bíblia refere-se à escolha de Israel por Deus, não em termos de preferência divina, mas antes por divina intimação. Israel foi escolhido para trilhar uma vida de grandes exigências espirituais; para honrar e perpetuar as Leis de Deus e transmitir a Sua herança. Relata a tradição o episódio do Monte Sinai, em que a Torá foi completada. Deus oferecera o rôlo sagrado a diversas outras nações antes de oferecê-lo a Israel. Julgando que os Dez Mandamentos lhes impunham muitas limitações, os moabitas recusaram a Torá. Tampouco os amonitas quiseram aceitar restrições à sua liberdade pessoal. Israel, porém, aceitou a Lei sem reservas. Os judeus de nossos dias, portanto, consideram-se um povo que escolhe, antes que um povo escolhido, e aceita “o peso da Torá”, e a responsabilidade de transmitir sua moral básica e suas verdades espirituais. Todavia, os judeus responsáveis rejeitam qualquer degeneração desse senso de fatalidade num arrogante e vazio jacobinismo ou numa confusão de responsabilidade com privilégio.
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QUAL é O CONCEITO JUDAICO DO PECADO?
O conceito judaico de pecado se ampliou e transformou através dos séculos. Para os antigos hebreus, o pecado consistia na violação de um tabu, uma ofensa contra Deus, pela qual deveria ser oferecido um sacrifício expiatório. Gradativamente, com o correr dos anos, este conceito se dilatou. O pecado passou a significar a nossa inabilidade em nos conformarmos com nossas plenas potencialidades, o nosso malôgro em cumprir nossos deveres e arcar com as nossas responsabilidades como judeus e como povo de Deus. Estas “grandes expectativas” provenientes da criação do homem à imagem de Deus, são acentuadas em todos os ensinamentos judaicos. Narra certa lenda do Talmud que ao entregar a Torá a Moisés, Deus chamou para testemunhar não apenas os judeus do tempo de Moisés, porém os judeus de todas as gerações futuras. Cada judeu, portanto, deve considerar-se como tendo aceito pessoalmente a Lei e os elevados ideais dados a seus pais, como depositários, nas faldas do Sinai. Deixar de pautar a vida por estes altos padrões, constitui pecado. A tradição judaica distingue entre pecados contra a humanidade e pecados contra Deus. Os primeiros - transgressões de um homem contra seu próximo - somente podem ser reparados com a obtenção do perdão daquele que foi agravado. Orações não podem expiar tais pecados; Deus não intervém para redimir as dívidas do homem para com o seu semelhante. Os pecados contra Deus se cometem por quem se alheia à sua fé. Estes podem ser expiados pela verdadeira penitência, que em hebraico se exprime pela palavra “retorno”(*), quer dizer, um regresso a Deus e uma reconciliação com Êle. Isto só pode ser conseguido por meio de uma análise honesta de nossas almas, um reconhecimento sincero de nossas imperfeições e uma firme resolução de preencher o vácuo entre o credo e o ato.
(*) “Teshuvá” - em hebraico.
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ACREDITAM OS JUDEUS NO CÉU E NO INFERNO?
Houve tempo em que a idéia do céu e do inferno teve acolhida generalizada na teologia judaica. Embora não contenha qualquer referência direta a um futuro mundo concreto ou físico, o Antigo Testamento faz algumas vagas e poéticas alusões a uma vida posterior. E durante o período da dominação persa sobre Israel, diversos ensinamentos do Zoroastro, entre os quais a noção de um céu e um inferno futuros, tornaram-se populares entre os judeus. Hoje, estes acreditam na imortalidade da alma - uma imortalidade cuja natureza só é conhecida de Deus - mas não aceitam um conceito literal do céu e do inferno. Os judeus sempre se preocuparam mais com este mundo do que com o outro e sempre concentraram seus esforços religiosos na criação de um mundo ideal para nele viverem.
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QUEM REDIGIU A BíBLIA E COMO FOI ELA COMPILADA?
Ninguém sabe quem escreveu ou redigiu a Bíblia. Os homens que preservaram a Sagrada Escritura e a deram ao mundo na sua forma hodierna foram escritores apaixonados pelo anonimato, a ponto de os letrados, ao discutirem sobre que livros incluir na terceira e última parte da Bíblia, terem-no adotado como um dos critérios. Exceto os profetas, nenhum dos autores era conhecido. A redação final da Bíblia, tal como a compilação original da sua sabedoria, foi também fruto de um esforço conjunto. Séculos de estudo e discussão por parte dos maiores eruditos consumiram-se nessa tarefa. A Bíblia judaica se compõe de três partes distintas, redigidas em diferentes épocas. A Torá ou Pentateuco, isto é, os Cinco Livros de Moisés, foram compilados, pela primeira vez, nos anos subseqüentes a 621 A.C. Os dos Profetas foram organizados em sua forma final por volta do ano 200 A.C. Esta seção contém os livros históricos: Josué, os Juízes, Samuel e os Reis; os Profetas Maiores: Isaías, Jeremias e Ezequiel; e os doze profetas menores, inclusive Oséias, Amós, Jonas e Miquéias. Os chamados Escritos Sagrados, que constituem a terceira parte da Bíblia, foram os que mais dificuldades ofereceram a um acordo dos doutos e mais tempo exigiram para serem compilados. Houve muitas controvérsias a respeito dos livros que deveriam ser mantidos e dos que deveriam ser eliminados. Não havia dúvidas quanto aos Salmos, Provérbios, Jó e outros livros menores. Numerosos rabis indagaram, porém, se o “Cântico dos Cânticos”, cuja poesia obviamente retratava um episódio de amor profano, caberia na Sagrada Escritura. Outros argumentaram a favor da inclusão dos chamados livros “Apócrifos”, finalmente omitidos da Bíblia Judaica, mas posteriormente introduzidos no texto católico romano. Quando a última parte da Bíblia ficou afinal concluída, continha - e contém até hoje - os Salmos, Provérbios e Jó; as cinco Meguilot ou rolos (o Cântico dos Cânticos, Ruth, Lamentações, Eclesiastes e Ester); Daniel, Ezra, Nehemias e os dois livros de Crônicas. Nada do que se escreveu depois da época de Ezra (séc. V A.C.) foi considerado parte da Bíblia Tanto quanto se sabe, foi por volta de 90 D.C. que pela primeira vez os vinte e quatro livros da Bíblia judaica foram mencionados como um todo. Os escritos sagrados da cristandade foram incorporados em obras que os cristãos denominaram de Novo Testamento, em oposição aos 24 livros a que chamaram de Antigo Testamento. Quem leu ambas as versões, judaica e católica, notará que a ordem dos livros é um tanto diferente no Antigo Testamento cristão e na Bíblia judaica. Todavia, exceto os livros adicionais incluídos nas edições católicas, os dois textos são substancialmente idênticos.
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ACREDITAM OS JUDEUS LITERALMENTE NOS MILAGRES DA BíBLIA?
Nossos antepassados consideravam os milagres da Bíblia literalmente verdadeiros. Não faziam eles distinção entre o natural e o sobrenatural, já que o mesmo Deus todo-poderoso que determinou o curso da natureza poderia alterá-lo à vontade. A separação das águas do Mar Vermelho, o desmoronamento das muralhas de Jericó, parar o sol à ordem de Guideão, tudo isso era aceito como fatos históricos normais, em nada diversos da queda de Jerusalém ou da composição do Talmud. Grandes eruditos, entre eles Maimônides e, muitos séculos antes, Filon, sugeriram que os autores da Bíblia tenham escrito deliberadamente numa linguagem de parábolas e hipérboles, sem esperar que estas fossem tomadas ao pé da letra. Seu propósito era transmitir grandes verdades morais numa forma que fosse compreendida e apreciada pelo povo em geral. A alegoria constituía excelente método didático, a ponto de a história bíblica permanecer intata através de cem gerações.
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ACREDITAM AINDA OS JUDEUS NA VINDA DO MESSIAS?
A crença na vinda do Messias - um descendente da Casa de David que redimirá a humanidade e estabelecerá o Reino de Deus na terra - faz parte da tradição judaica desde os dias do profeta Isaías. Conforme o descrevia a lenda, o Messias deveria ser um ente humano dotado de dons muito especiais: sólida capacidade de comando, grande sabedoria e profunda honestidade. Empregaria ele tais faculdades no estímulo da revolução social que ensejaria uma era de perfeita paz. Nunca, porém, houve qualquer alusão a um poder divino que seria gerado. Encarava-se o Messias como um grande chefe, um modelador de homens e da sociedade, mas, com tudo isso, um ser humano, e não um Deus. Contudo, a maioria dos judeus reinterpretou a primitiva crença num Messias, não como um Redentor individual, mas como a própria humanidade que, coletivamente, pelos seus próprios atos, seria capaz de introduzir entre nós o Reino de Deus. Quando a humanidade alcançar um nível de verdadeira sapiência, bondade e justiça, então será esse o Dia do Messias.
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OS JUDEUS E A COMUNIDADE
A lei que manda procedermos corretamente para com o próximo é o ponto de partida de todos os ensinamentos judaicos. Não possui o Judaísmo uma complexa filosofia da justiça. Ao contrário de Platão e Aristóteles, os pensadores judeus pouco se esforçaram por desenvolver uma filosofia democrática sistematizada. De fato, não exite uma palavra hebraica para significar democracia, e para designar a noção esse mesmo termo é tomado de empréstimo aos gregos. Mas o credo social, segundo o qual os judeus têm vivido durante séculos, está de acordo com as mais elevadas tradições da democracia. São básicos do Judaísmo os seguintes princípios também básicos da democracia: Deus não faz distinção entre os homens baseado em credos, cor ou condição social; todos os homens são iguais a Seus olhos(5) Todo homem é o guarda de seu irmão - temos responsabilidade pelas faltas de nosso semelhante tanto quanto pelas suas necessidades. Sendo feitos à imagem de Deus, todos os homens dispõe de infinitas possibilidades para o bem; por conseguinte, o papel da sociedade é evocar o que de melhor existe em cada pessoa. A liberdade deve ser apreciada acima de todas as coisas; logo as primeiras palavras dos Dez Mandamentos(6) descreveram Deus como o Grande Libertador. O tema da liberdade e da igualdade perpassa constantemente através da história trimilenar do povo judeu. O travo freqüente da injustiça, enquanto ele vagueava de país em país, reforçou uma tradição já enraigada na sua fé. O profeta Jeremias exortou seus seguidores a procurarem a prosperidade da terra em que habitavam. E os judeus sempre sentiram a obrigação de participar plenamente da vida da comunidade.
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POR QUê SE PREOCUPAM OS JUDEUS COM OS DIREITOS DE OUTROS GRUPOS MINORITáRIOS?
Amiúde, os judeus têm sido vítimas de tirania e da opressão. Sua familiarização com dominadores cruéis e arbritários remonta à época dos faraós. Um dos postulados primordiais do Judaísmo é lutar contra o tratamento injusto de qualquer ente humano, sejam quais forem a sua raça, religião ou estirpe. Pessoas tratadas injustamente tornam-se freqüentemente amarguradas e retribuem os golpes maltratando outros, mais fracos, sempre que têm oportunidade. O povo judaico, no entanto, reagiu sempre ao próprio sofrimento com profunda sensibilidade pela dor alheia. A simpatia pelas desgraças de seus semelhantes tornou-se parte do modo de viver dos judeus. Afabilidade para com os estranhos é tema constante no Velho Testamento, com a freqüente admoestação: “Lembrai-vos de que éreis estrangeiros na terra do Egito”.
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O MATRIMôNIO E A FAMíLIA
O Judaísmo criou dezenas de ritos e cerimônias para a família, os quais uniram a fidelidade familiar aos deveres religiosos e assim reforçaram tanto o lar quanto a religião. A religião judaica mede a dignidade do homem em relação ao círculo de sua família; pelo respeito e consideração pelos pais e avós; pela estima entre marido e mulher; pelo reconhecimento dos direitos da criança. No lar judeu não falta autoridade, embora em nada lembre um regime autoritário. Cada membro da família tem um papel importante, indispensável; em conjunto, todos asseguram a continuidade da família e da religião. O traço mais característico do lar judeu reside, provavelmente, na ênfase que põe na unidade do convívio familiar. Sugere o Talmud que os judeus devem partilhar das alegrias e tristezas dos filhos. Muitas famílias judias de hoje, a exemplo de alguns dos seus vizinhos não judeus, se apartaram dos hábitos tradicionais de família. Porém a maioria mantém os elevados padrões e os importantes valores da associação que sempre merecerão ser preservados.
=================================================É VERDADE QUE NO JUDAíSMO O LAR é MAIS IMPORTANTE QUE A SINAGOGA?
Sim, decididamente. Se todos os templos israelitas tivessem de fechar, a vida religiosa judaica permaneceria intacta, por que o seu centro está no lar. Os judeus consideram o seu lar um santuário religioso. A família é a fonte principal do seu culto, e seu ritual tanto se destina ao lar quanto à sinagoga. A mãe, acendendo as velas de sábado - nas noites de sexta-feira; o pai, abençoando os filhos à mesa de sábado; as dúzias de ritos oportunos e significativos que acompanham a observância de todo dia santo judaico; o pergaminho que, fixo no portal, proclama o amor a Deus (Mezuzá) - tudo isto forma parte integrante do ritual e do cerimonial. A nossa religião é essencialmente uma religião familiar.
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QUE SIGNIFICAM OS VáRIOS SíMBOLOS USADOS NUM MATRIMôNIO JUDAICO?
Muitos dos costumes ligados à cerimônia nupcial provêm, em grande parte, mais da prática local do que da lei judaica. Em todos os países onde os judeus se estabeleceram, adotaram, além dos ritos exigidos pela sua religião, alguns dos costumes não-religiosos de seus vizinhos não-judeus. As regras protocolares, os convites, a ordem do cortejo decorrem mais de hábito que da lei. Há, todavia, certos ritos e símbolos tradicionais ligados à maioria dos casamentos judaicos. Entre estes se incluem o dossel (Hupá) sob o qual se recebem os votos matrimoniais; o cálice de vinho onde tanto a noiva quanto o noivo bebem no princípio e no fim da cerimônia; a simples e desataviada faixa nupcial; e o documento do matrimônio religioso, chamado Quetubá. Cada um desses símbolos tradicionais é dotado de uma variedade de significados. O dossel empresta uma atmosfera de realeza à ocasião, pois a noiva e o noivo são considerados rei e rainha no seu dia de bodas. É também um símbolo do recolhimento a que o par recém-casado faz jus. Na cerimônia tradicional, permite-se à noiva e ao noivo deixarem os convidados por alguns momentos de intimidade não vigiada - um alívio bem recebido pelos dois que se acham tão assoberbados por dezenas de parentes e amigos. O anel - que não precisa ser feito de ouro - é um símbolo de perfeição e eternidade, o círculo sem princípio nem fim. A questão que se faz da simplicidade do anel é típica da tradição judaica de igualdade, porquanto um anel sem enfeites diminui a diferença entre um par de noivos pobre e outro rico. O presente de um anel sem pedras é, porém, questão de costume, não de lei. Partilharem a noiva e o noivo um único cálice do vinho, lembra o seu destino comum, pois daí em diante suas vidas são inseparáveis. Originariamente, o primeiro cálice, no início da cerimônia nupcial, representava os esponsais ou compromisso, e o segundo o próprio matrimônio. Hoje nos referimos freqüentemente ao primeiro como o cálice da alegria, que é ainda mais alegre por ser partilhado. O segundo é o cálice do sacrifício. A responsabilidade que cai sobre o homem e a mulher é aliviada quando duas pessoas, profundamente dedicadas uma à outra, a suportam em igual medida. O ato de quebrar o cálice representa o ponto culminante do ofício tradicional e é interpretado de muitas maneiras. Alguns o consideram um vestígio de magia primitiva. Entre muitas tribos antigas, era hábito fazerem forte ruído em ocasiões jubilosas para afugentar os espíritos maus, invejosos da felicidade humana. Mas a tradição judaica sustenta que o cálice partido é uma lembrança da destruição do templo, um símbolo das mágoas de Israel. No meio de sua ventura pessoal, o par recém-casado é advertido das amarguras da vida e morigerado pela idéia de suas responsabilidades.
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QUAL A ATITUDE DOS JUDEUS EM RELAçãO AO DIVóRCIO?
O divórcio sempre foi raro na comunidade judaica. Todavia, quando as divergências entre marido e mulher são tão irreconciliáveis que tornem intolerável a vida em comum, o Judaísmo permite o divórcio, sem reservas. Um lar cheio de amor, dizem-nos os nossos mestres, é um santuário; um lar sem amor é um sacrilégio. Na tradição judaica se considera maior mal para os jovens serem criados num lar sem paz e respeito mútuo do que terem de encarar o divórcio dos pais. Quando duas pessoas não podem encontrar uma base comum para prosseguir em seu casamento, a despeito de reiterados e autênticos esforços, o Judaísmo sanciona e aprova-lhes o divórcio.
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QUAL O PAPEL DA ESPOSA E DA MãE NA FAMíLIA E NA VIDA RELIGIOSA?
Toda véspera de sábado, a família praticante recita o último(7) capítulo dos Provérbios, como tributo à esposa e à mãe, ideais do Judaísmo. As virtudes exaltadas naqueles vinte e dois versos resumem os dotes de uma perfeita esposa: um ser humano reverente, eficiente, compreensivo, de um otimismo alegre, de coração aberto para socorrer os necessitados que lhe batem à porta e, acima de tudo, a pessoa sobre quem toda a família pode apoiar-se. Desde o bíblico livro Provérbios até as modernas baladas populares judaicas, a esposa e a mãe têm sido descritas como a encarnação da terna dedicação, do altruísmo e da fidelidade à própria crença. A mãe impõe o tom espiritual à vida familiar, é a principal responsável pelo desenvolvimento do caráter dos filhos e mantém a família unida em face da adversidade. A tradição judaica impõe poucas obrigações rituais à mulher na vida da sinagoga, mas atribui-lhe responsabilidade total em relação à atmosfera de piedade do lar e à preservação dos ideais judaicos. Ela reúne os filhos em torno de si na véspera do sábado para ouvirem-na pronunciar a bênção das velas, prepara a casa para cada festa e para os Grandes Dias Santos e cria um ambiente de jubilosa expectativa. Nas velhas comunidades judaicas, a educação das crianças até a idade de seis anos cabia às mulheres, a fim de que, naquele período impressionável, pudessem ensinar a seus pequerruchos os valores eternos. Mais importante, porém, era o tradicional papel de conselheiro da família inteira, desempenhado pela esposa e pela mãe. Diz o Talmud: “Não importa a pequena estatura de tua mulher, inclina-te e pede-lhe conselho.
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LEI E RITUAL RELIGIOSOS
Um dos traços mais característicos do Judaísmo consiste na sua grande variedade de ritos e cerimônias tradicionais que se relacionam com todas as circunstâncias da vida, desde o berço até o túmulo. A religião judaica está repleta de símbolos de toda espécie. E apesar de alguns poucos terem surgido em séculos recentes, a maioria tem origens muito antigas. Quando os pais levam o filho à sinagoga para o Bar-Mitzvá, reina profunda comoção entre os fiéis, alegres por contemplarem um rapazinho passar para a idade adulta, enquanto os pais se orgulham por verem o filho assumir um papel na vida da sinagoga e compenetrar-se das primeiras responsabilidades da maioridade. O cerimonial do Bar Mitzvá sublima todas essas emoções. Dizer que tais cerimônias são supérfluas é pretender que as palavras podem bastar-se sem música. Podem, é claro. Mas a música freqüentemente acrescenta-lhes uma nuança que marca a diferença entre fortuito e significativo, entre trivial e solene. Destarte, os ritos e os símbolos amiúde emprestam poesia à vida e tornam-na digna de ser vivida. A palavra hebraica que significa santo, é “Kadosh” e é encontrada sob diversas formas através de todo o ritual judaico: Aos sábados e nas festas o judeu recita o Kidush, a Santificação do vinho. As palavras e a bênção em si não têm tanto sentido quanto a própria cerimônia. O pai toma nas mãos a taça de prata e declama as palavras em voz alta; a mãe e os filhos ouvem atentamente e respondem com um “Amém” conclusivo. É um ato simples e no entanto espelha toda a beleza e a serenidade que o sábado representa. O ritual da Devoção Silenciosa, recitada três vezes por dia, contém uma prece chamada Kedushá, na qual o oficiante repete as palavras do profeta: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, o mundo inteiro está cheio de sua glória”. E, ao fim da vida, há outra forma de santificação, o Kadish - no qual a pessoa que perdeu um ente querido afirma, apesar de toda a sua aflição, que a vida é sagrada e digna de ser vivida.
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EXISTE UM LIVRO COMPLETO DA LEI JUDAICA?
Nenhum livro incorpora todas as leis religiosas a que estão sujeitos os judeus. O máximo que se alcançou na compilação de um código legal único, é representado pelo Shulhan Aruch, obra do século XVI de autoria de José Caro, repositório das leis básicas que hoje em dia guiam a maioria dos judeus ortodoxos no mundo ocidental. Mas embora estes aceitem a maior parte do Shulhan Aruch, ainda assim não o consideram o corpo integral da lei judaica, soma de todos os códigos aceitos, comentários, emendas e responsas (respostas dos rabinos aos problemas suscitados pela experiência prática) contidos numa biblioteca inteira de escritos judaicos. Outra obra de padrão é o Código de Maimônides, que registra, sistemática e logicamente, as opiniões contraditórias do Talmud. Nem mesmo a Bíblia pode ser considerada norma imutável para a prática religiosa. As leis bíblicas relativas à poligamia, à cobrança de dízimos, à escravidão e a dezenas de outros assuntos, caducaram pela sua reinterpretação. Neste sentido, a lei rabínica e a Bíblia não são idênticas.
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QUAL A BASE PARA AS LEIS DIETéTICAS A QUE OS JUDEUS OBEDECEM?
Um alimento proibido é treifá, “impróprio”. A designação kosher empregada em relação a um alimento indica ser este ritualmente correto; usa-se para qualificar não apenas alimentos como também qualquer objeto que preencha os requisitos rituais. Originariamente, a palavra treifá significa que a carne era obtida causando-se sofrimento a um animal. Até a carne de animais que causam dor a outros é proibida; nenhum animal carnívoro é kosher. A carne proveniente da caçada esportiva constitui também tabu, pois o Judaísmo proíbe a matança pelo prazer do esporte. Os judeus que hoje observam as leis dietéticas não encontram dificuldades nem se sentem prejudicados. Eles consideram as práticas kosher símbolo de sua herança distintiva, uma lição cotidiana de auto-disciplina e um lembrete constante de que o humano deve sentir piedade por todas as coisas vivas.
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POR QUê PRATICAM OS JUDEUS A CIRCUNCISãO?
Brit-Milá, a circuncisão da criança do sexo masculino uma semana após seu nascimento, é o mais antigo rito da religião judaica(8). Era praticado pelos patriarcas desde antes da existência das leis de Moisés e se acha tão indelevelmente gravado na tradição que nenhuma transferência é permitida, nem por causa do sábado nem pelo Dia da Expiação. A cerimônia só pode ser postergada quando a saúde da criança não a permite. Alguns estudiosos explicam a exigência como uma medida sanitária e a moderna ciência médica deu apoio a essa teoria aconselhando a circuncisão como processo rotineiro na maioria das maternidades dos Estados Unidos. O Judaísmo, porém, considera o rito da circuncisão um símbolo exterior que liga o menino à sua fé. Não é um sacramento que o introduz no Judaísmo; essa introdução é operada pelo nascimento. A circuncisão confirma a condição da criança e representa um emblema de lealdade à fé israelita.
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QUE é “BAR MITZVá”?
Um menino que completa o seu décimo-terceiro aniversário é um Bar Mitzvá - literalmente, um homem do dever. Desse dia em diante, conforme a tradição judaica, é ele responsável por seus próprios atos e por todos os deveres religiosos de um homem. No sábado posterior ao décimo-terceiro aniversário de um menino judeu, ele é chamado ao altar da sinagoga para ler a Torá. O jovem repete a bênção, depois que um trecho da Torá é lido, e recita a lição dos Profetas, denominada Haftará.
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QUE é O “TALMUD”?
O Talmud consiste em sessenta e três tratados de assuntos legais, éticos e históricos, escritos pelos antigos rabis. Foi publicado no ano de 499 D.C., nas academias religiosas da Babilônia, onde vivia a maior parte dos judeus daquela época. É uma compilação de leis e de erudição, e durante séculos foi o mais importante compêndio das escolas judias. O Judaísmo ortodoxo baseia suas leis geralmente nas decisões encontradas no Talmud. Parte considerável dessa obra enciclopédica só oferece interesse a estudiosos profundos da lei. Mas o Talmud é muito mais do que uma série de tratados legais. Intercalados nas discussões dos eruditos há milhares de parábolas, esboços biográficos, anedotas humorísticas e epigramas que fornecem uma visão íntima da vida judaica nos dias que antecederam e seguiram de perto a destruição do Estado judeu. É um reservatório de sabedoria tão valioso hoje quanto o foi há mil e oitocentos anos. Os mesmos sábios rabis que nos deram o Talmud, compilaram também o Midrash, coleção de comentários rabínicos sobre os ensinamentos morais da Bíblia, freqüentemente citados em sermões e na literatura judaica. Em torno de cada verso das Escrituras, os eruditos teceram considerações morais, muitas vezes em forma de parábola. Os rabis estudaram a Bíblia com a convicção de que toda a verdade estava encerrada em suas páginas, bastando lê-la para desvendar-lhe o opulento acervo de sabedoria.
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FESTAS E JEJUNS
Os dias consagrados do ano judaico são, em grande parte, uma questão de atmosfera-ambiente - um sentimento criado e até mesmo inventado para estabelecer um estado de espírito que empreste a cada dia festivo ou solene o seu caráter específico. De fato, cada dia santo representou uma estação, mais do que um dia particular ou um conjunto de dias. Péssach principia, em certo sentido, no dia seguinte ao Purim - um mês antes da festa propriamente dita. É esta a estação da purificação da primavera, mas que representa mais do que o adeus anual ao inverno. A mãe, ocupada com suas tarefas domésticas, bem sabe que “antes de darmos por isso, o Péssach terá chegado”. Há um sentimento de expectativa que é transmitido a toda a família e cresce durante o mês inteiro. Observe-se que os dias santos judaicos são mais do que meras comemorações. Constituem outras tantas lições sobre os mais importantes ideais judaicos: o agradecimento a Deus, a liberdade, o estudo e a sabedoria, o sacrifício, o arrependimento. Os dias santos põe em evidência tais valores e dão-lhes substância, especialmente para os jovens. É sempre difícil fazer aceitar valores abstratos. O amor ao estudo é transmitido à criança mais claramente por meio do aparato da procissão da Torá, na festa de Simhat-Torá, do que seria possível numa lição em aula, porquanto desta forma ela aprende, ainda que em tenra idade, que os ensinamentos da Bíblia são sagrados para a sua família e o grupo dos que a cercam, e constituem preciosos objetos de amor. O Jejum tem três propósitos distintos na fé judaica: auto-renúncia, luto e súplica. Além do Iom-Quipur, diversos jejuns menores são observados pelos ortodoxos, o mais importante dos quais é o Dia das Lamentações, Tisha B'ab, em agosto, que comemora a destruição de ambos os Templos de Jerusalém. O período de jejum é geralmente de vinte e quatro horas, desde o pôr do sol de um dia até o do dia seguinte. O jejum do Dia da Expiação é símbolo da aptidão do homem para vencer seus apetites físicos, numa demonstração feita a Deus de que ele é capaz de renegar o desejo natural de alimentos e bebidas e que também tentará dominar todos os seus anelos egoístas. Como sinal de luto, o jejum exprime tristeza coletiva ou pesar individual. O jejum da Lamentação relembra aos judeus a destruição da antiga pátria. O judeu ortodoxo também se abstém de todo alimento e bebida no aniversário da morte de um dos pais. Embora o ascetismo seja em geral mal visto pelo Judaísmo, os judeus muito piedosos costumam jejuar em numerosas ocasiões através do ano inteiro, particularmente às segundas e quintas-feiras, quando preces especiais de penitência são recitadas.
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QUE SIGNIFICA O SÁBADO PARA OS JUDEUS?
O Sábado(9) é mais do que uma instituição no Judaísmo. É a instituição da religião judaica. Seria possível a um historiador escrever duas histórias dos judeus, cada qual oferecendo pouca semelhança com a outra. A história exterior, isto é, como se houveram social e politicamente através dos tempos, numa crônica, um tanto sinistra, de perseguições, expulsão e dispersão. Mas a história espiritual dos judeus - a força que conseguiram haurir do seu ambiente - essa é outra história. De certo modo lograram criar uma vida que lhes deu não apenas satisfação espiritual e a determinação de continuarem como um grupo, mas também uma sensação de bem-estar no meio de um mundo perturbado. O sábado, sem dúvida, se encontra no âmago desse mundo íntimo de paz e serenidade. “Mais do que Israel guarda o sábado - diz o ditado - o sábado guarda Israel”. Com efeito, a história espiritual judia não passa de uma série de dias de semana empregados nos preparativos para o sábado. O sábado é um período para repouso espiritual, e para um intervalo na monótona rotina do labor cotidiano. Serve para recordar que a necessidade de ganhar a vida não nos deve tornar cegos ante a necessidade de viver. É também um dia da família, feito para reminiscências. Os filhos crescidos e casados reunem-se ao círculo de sua família; avós, pais e a meninada partilham do sentimento de unidade, enquanto os filhos inclinam as cabeças e o pai repete a bênção: “Que o Senhor te abençoe e guarde neste dia de sábado”. É um dia com toda espécie de brilhantes comemorações: alimentos especiais, pães trançados, vinhos doces para a bênção, toalha de mesa alva e limpa, bruxuleantes velas brandas, a melhor louça e prataria, flores num vaso polido, moços e velhos paramentados com suas melhores roupas.
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O CRISTIANISMO E O JUDAíSMO CONCORDAM EM ALGUMA COISA? EM QUE PONTOS DIFEREM?
Cristãos e judeus partilham a mesma opulenta herança do Antigo Testamento, com suas verdades eternas e seus valores imutáveis. Partilham sua crença na paternidade de um só Deus, Onisciente, Todo-Poderoso e sempre Misericordioso. Compartilham sua fé na santidade dos Dez Mandamentos, na sabedoria dos profetas e na fraternidade humana. O núcleo de ambas as religiões é a firme crença no espírito humano; a busca da paz e o ódio à guerra; o ideal democrático como guia da ordem política e social; e, acima de tudo, a natureza imperecível da alma do homem. Tanto cristãos quanto judeus acreditam que o homem foi posto no mundo para um fim - que a vida é muito mais do que “um brilhante interlúdio entre dois nadas”. O alvo social da Cristandade e do Judaísmo é também um único: um mundo motivado pelo amor, pela compreensão e pela tolerância aos semelhantes. São esses os pontos básicos de concordância - o vasto campo comum do Judaísmo e do Cristianismo que forma a herança judaico-cristã, porquanto as raízes do Cristianismo se entranham profundamente no solo do Judaísmo, no Velho Testamento e na Lei Moral. E a herança comum de ambas as fés lançou os alicerces de grande parte do que conhecemos por civilização ocidental. Mas existem, naturalmente, vários pontos distintos entre as duas religiões. Os judeus reconhecem a Jesus como um filho de Deus no sentido de que somos todos filhos de Deus, pois os antigos rabis nos ensinaram que uma das maiores dádivas de Deus ao homem é o conhecimento de sermos feitos à Sua imagem. Mas não aceitam a sua divindade. Os judeus também rejeitam o princípio da encarnação de Deus feito carne. Constitui dogma cardeal de sua fé que Deus é puramente espiritual e não admite qualquer atributo humano. Ninguém, acreditam eles, pode servir de intermediário entre o homem e Deus, nem mesmo num sentido simbólico. Aproximando-nos de Deus - cada homem à sua maneira pessoal - sem um mediador(11). O Judaísmo difere também do Cristianismo na doutrina do pecado original, não interpretando a história de Adão e Eva como a perda da Graça pelo homem, e não procurando tirar da alegoria do Jardim do Éden quaisquer lições ou regras sobre a natureza humana
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ESTÃO OS JUDEUS PROIBIDOS DE LER O NOVO TESTAMENTO?
A frase "proibidos de ler" é inteiramente estranha ao Judaísmo. Nenhuma autoridade ousaria sugerir que um ente humano amadurecido fosse "proibido de ler" qualquer coisa. Nunca houve, por certo, nenhuma interdição da leitura dos Evangelhos ou de outros escritos cristãos. Todavia, a sinagoga não se empenha em recomendar a leitura do Novo Testamento, já que ele não tem conotação religiosa dentro da vida judaica, nem se ouvirá do púlpito de uma sinagoga ortodoxa uma citação dos Evangelhos, pela mesma razão.
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PROCURAM OS JUDEUS CONVERTER OS GENTIOS?
O Judaísmo de nossos dias não é um credo religioso empenhado em proselitismo, embora tenha havido tempo em que os judeus se propunham um programa de missionários ativos. Mas durante os últimos mil anos, eles, na maioria, se dedicaram mais a preservar a sua herança do que a aumentar o seu número por meio de conversões. De fato, prováveis candidatos à conversão eram, amiúde, descorçoados pelos rabis que lhes assinalaram o vulto das exigências da religião judaica e que o fardo de ser judeu num mundo intolerante não era fácil de suportar. Entretanto, através de toda a história, sempre se registraram conversões ao Judaísmo e hoje em dia não são de todo raras.
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POR QUÊ DESACONSELHA O JUDAíSMO OS CASAMENTOS MISTOS?
Os judeus religiosos desaconselham o casamento misto pelas mesmas razões dos devotos de todos os credos. Diferenças de religião entre marido e mulher opõem um obstáculo sério a relações verdadeiramente harmoniosas. Tais casamentos, ainda que perdurem, impõem um penoso e constante esforço à lealdade religiosa de ambos os cônjuges e suscitam problemas familiares de difícil solução. Um matrimônio feliz deve basear-se na unidade de espírito. Quando marido e mulher discordam num ponto tão crucial como o seu credo religioso, as probabilidades de relações duráveis e satisfatórias são muito pequenas. E os filhos de tais consórcios ficam sujeitos ao grave conflito de terem de escolher entre as mais profundas convicções das duas pessoas que lhe são as mais caras do mundo.
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AS CERIMôNIAS DA SINAGOGA SãO RESERVADAS EXCLUSIVAMENTE A JUDEUS?
Existe entre os não-judeus uma noção mais ou menos generalizada de que a sinagoga é um lugar de mistério - exclusivo e inacessível a todos que não sejam fiéis. Tal suposição, na verdade, é completamente insustentável. Qualquer pessoa pode entrar numa sinagoga e a qualquer tempo. Em muitas casas de oração judaicas, estão inscritas sobre os altares as palavras de Isaías: “A minha Casa será uma Casa para todos os povos”. Até mesmo orações genuinamente judaicas, o Kadish dos lamentos fúnebres, por exemplo, tocam uma corda sensível nos homens de todas as crenças: “Que o Pai da paz envie paz a todos que choram, e conforme os deserdados da sorte que vivem entre nós”. Ninguém, seja qual for o seu credo, precisa hesitar em penetrar numa sinagoga ou templo, para observar, estudar, meditar - ou, se assim quiser, para rezar.
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O ESTADO DE ISRAEL é UMA TEOCRACIA?
O moderno Estado de Israel não é uma teocracia, pois não é governado pelo rabinato de Jerusalém ou por quaisquer outros líderes religiosos. Seu governo é democraticamente eleito por todos os cidadãos, inclusive não-judeus, e representa a vontade política da população.(12) Todo o sistema jurídico-hebreu do Novo Estado é de caráter secular, com exceção das leis que regem as relações de família e que seguem os preceitos religiosos. Pelo fato de a esmagadora maioria do cidadãos israelenses serem judeus, a comemoração do sábado e das festividades faz parte integrante da vida comunitária, mas cada um tem a liberdade de respeitá-los da maneira que lhe apraz. Não há teste religioso para os postos oficiais. O primeiro ministro ou qualquer membro de gabinete pode ou não ser freqüentador de sinagoga. Diversos deputados do Knesset (Parlamento) são árabes.
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A Tábuas da Lei
Os judeus acreditam que, sete semanas depois que os israelitas deixaram o Egito, Deus escolheu-os para receber a Torá. Moisés subiu no monte Sinai ouviu a Tora e trouxe os Mandamentos gravados em tábuas de Pedra. As tábuas eram guardadas na arca, caixa especial de ouro dentro de uma tenda magnífica, o Tabernáculo ao ar livre.
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OS DEZ MANDAMENTOS – Êxodo Cap. 20:2-17
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3 Não terás outros deuses diante de mim. 4 Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. 6 e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos. 7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão. 8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; 10 mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou. 12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. 13 Não matarás. 14 Não adulterarás. 15 Não furtarás. 16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. 17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
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POR QUE OS JUDEUS ESCREVEM A EXPRESSÃO DEUS – D’us ou D-us, USAM APÓSTROFO OU HÍFEM?
Muitos judeus descrevem a palavra “D´us ou D-us” e não escrevem “Deus” com todas as letras, porque o Terceiro Mandamento diz: “Não tomarás em vão o Nome do Senhor”. Na época do Templo, a palavra D-us ao era pronunciada, a não ser pelo supremo sacerdote, uma vez ao ano, num ritual de evocação.
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SIGNFICADOS DOS NOMES DE D-US
Elohim |
Senhor Deus |
Gênesis 2.4 |
Adonai Jiré |
Meu Senhor Provedor |
Gênesis 22:14 |
Adonai Rafá |
Meu Senhor me Cura |
Gênesis 15:26 |
Adonai Nissi |
Meu Senhor é minha Bandeira |
Êxodo 17:15
|
Adonai Shalom |
Meu Senhor da Paz |
Salmo 23:1 |
Adonai Tzedek |
Meu Senhor da Justiça |
Jeremias 23:6 |
Adonai Tzevaot |
Meu Senhor dos Exércitos |
1 Sm 1:3 – II Rs 6:13-17 |
El Elyon |
D-us Altíssimo |
Gênesis 14:18-22 |
El Roi |
D-us que Vê |
Gênesis 16:13 |
El Olam |
D-us Eterno |
Gênesis 21:33 |
El Betel |
D-us de Betel |
Gênesis 31:13; 35:17 |
El Shadday |
D-us Todo-Poderoso |
Gênesis 17:1, Ex 6:3 |
Há Shem |
O Nome |
Usado pelos judeus quandose refere ao Todo-Poderoso |
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QUAIS OS LIVROS SAGRADOS DOS JUDEUS?
O livro judaico mais sagrado é o rolo da Tora, um pergaminho enrolando nos cinco livros de Moisés manuscrito. A Torá é a primeira para do Tanach, a Bíblia Judaica. A segunda parte o Nevim os livros dos Profetas. A terceira parte é o Ketuvim – Todos os outros livros da Bíblica judaica, que incluem Salmos, Provérbios e os cinco Megilot (história especiais ou poemas), cada qual associado a um festa. Livro de orações e os livros de Talmud (Ditados no Sinai, mais não escritos por muitos séculos) são os outros livros sagrados.
TORÁ
O pergaminho da Tora é enrolado em duas peças de madeira e coberto com um tecido bordado com sinos de prata e coroas montados em uma magnífica caixa de madeira. Decorada por dentro e por fora, a caixa é tradicional para os judeus orientais. A caixa fica de pé na mesa de leitura da Tora.
ALFABETO HEBRAICO
O Hebraico é a língua do Tanach, é uma língua sagrada. Cada letra também representa um número. O Hebraico falado em Israel hoje é similar ao da Tora. O Talmud ce escrito em aramaico, a língua do dia-a-dia dos judeus da Palestina e da Babilônia na época. É escrito com caracteres hebraicos, ilustrados conforme abaixo.
* Curso Básico arquivo II
A Hagadá
A Hagadá contém orações, serviço e músicas para o Seder de Pessach ou Páscoa. É um dos livros mais antigos e ainda hoje restam cópias com mais de 500 anos. Cada Hagadá contém a mesma história básica, mas muitas trazem histórias e músicas extras e um pouco mais da história judaica. E Muitas famílias, cada pessoa tem a sua própria Hagadá. Cada pessoa adiciona algo ao serviço a parti do seu livro. A Hagadá moderna feita para crianças tem figuras interessantes.
Escribas
Os rolos da Torá e da mezuzá têm de ser escritos à mão, com uma pena de ganso em um pergaminho especialmente preparado, com uma antiga receita de tinta. Escrever um rolo da Torá leva quase um ano. Existem regras de como escrever cada palavra e o espaço entre elas. O escriba possui muita prática e domina os requisitos religiosos desta arte.
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Como vivem as Famílias Judaicas?
A vida familiar, tão importante no judaísmo, gira em torno do Shabat, das festas e refeições familiares. Isto inclui aprender, cantar e conversar, a comida kasher e a separação da carne e do leite são traços importantes da maneira judaica de viver. Os princípios do comportamento de uma família judaica inclui: Honrar os pais, Ajudar aqueles que tem menos possibilidades, respeitar os mais velhos, dá hospitalidades aos estrangeiros, visitar os doentes e não fazer fofoca ou mentir sobre outras pessoas. A educação judaica começa em casa. As crianças aprendem pelo exemplo e são incentivadas a praticar os rituais judaicos desde a infância.
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Quais os momentos mais importantes na vida de um Judeu?
Os quatro momentos mais importantes da vida judaica são nascimento, início da vida adulta, casamento e morte. Todos eles são marcados por cerimônias religiosas, algumas delas imutáveis desde que foram ordenadas pela primeira vez na Tora. Durante essas cerimônias, a família e a comunidade agradecem a Deus e que aceitam a vontade de Deus. Todas as cerimônias judaicas, como circuncisão e dar nome aos meninos, cerimônia de dar nome às meninas, casamentos, ritos funerários e em memória permitem que as pessoas compartilhem suas alegrias e tristezas. Eles podem fazer as obrigações religiosas e sentir-se parte de uma comunidade acolhedora.
NOMES JUDAICOS
Os judeus têm também um nome judaico, em que o primeiro nome é seguido por “filho de“ ou “filha de“ e o primeiro nome de seus pais. Algumas vezes usa-se apenas o nome do pai, outro apenas o nome da mãe. Alguns judeus usam os nomes do pai e da mãe o tempo todo. Então se um menino chama-se Davi, sua mãe é Rute e seu pai é Aron, ele é Davi bem (filho de) Aron, Davi Ben Rute ou Davi Ben Rute e Aron. A irmã de Davi, Ester, seria Ester Bat (filha de) Aron e Rute.
CIRCUNCISÃO E DAR NOME
Aos oito dias de vida, o menino é circuncidado, para mostrar sua entrada no pacto de Abraão. Ele recebe um nome judaico e todos rezam para que sejam abençoados com o estudo da Tora. Uma menina pode receber o nome na sinagoga, por seu pai, logo após o nascimento ou em uma cerimônia especial.
ONDE OS JUDEUS REZAM?
Os judeus celebram Deus em todos os momentos! Todos os lugares e todas as atividades são oportunidade de oração. Seja comer ou beber, estrear uma roupa, receber notícias ruins, deitasse para dormir ou levantar-se da cama tudo tem sua oração. Quando parte para uma grande viajem os judeus dizem uma oração. Se estiverem em dúvidas sobre qual a prece adequada a uma circunstância terrível ou maravilhosa, são estimulados a fazer a própria oração. Na Sinagoga, a preces para cada ocasião.
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BAT MITVAH
A Menina celebra o Bat Mitzvah (filha da obrigação ou mandamento), aos 12 anos. Entre os progressistas, ela pó de aprender a ler na Tora. As meninas ortodoxas podem celebrar seu Bat Mitzvah na sinagoga, em casa, na escola ou em uma cerimônia no domingo à tarde.
CASAMENTO
Os casamentos judaicos, mais do que quaisquer outras cerimônias variam em cada país. Podem ser cerimônias informais, ao ar livre ou muito formais, na Sinagoga. Todos casamentos têm Chupá ou, Pálio Nupcial, o símbolo da nova casa do casal. A noiva sempre cobre o rosto com um véu e o noivo quebra o copo para lembrar a destruição dos dois templos.
MORTE E LUTO
Os judeus ortodoxos são enterrados, mas alguns progressistas permitem a cremação. Depois do funeral, os familiares da pessoa falecida observam o shiva, um luto de sete dias. Sentam em cadeiras baixas e recebem a família e os amigos para rezar, confortá-los e traze-lhes comida. Todos os anos acende-se uma vela e faz-se uma prece especial na data da morte.
O QUE É SHABAT?
O Shabat (sábado), é o quarto mandamento do Eterno encontra-se no livro de Shemot (Êxodo) Cap. 20 - Sábado para todas as criaturas!
Assim diz o Eterno: Mantende a retidão, e fazei justiça; porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça a manifestar-se. 2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal. 3 E não fale o estrangeiro, que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca. 4 Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto: 5 Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. 6 E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto, 7 sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. 8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda outros ajuntarei a ele, além dos que já se lhe ajuntaram.
9 Vós, todos os animais do campo, todos os animais do bosque, vinde comer. 10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e gostam de dormir. 11 E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção. 12 Vinde, dizem, trarei vinho, e nos encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será como hoje, ou ainda mais festivo.
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O QUE OS JUDEUS FAZEM NO SHABAT?
Na noite de sexta-feira antes do Sol, começa Shabat. O dia de descanso, que dura até depois do escurecer, sábado à noite. Muitos interrompem todas as atividades e preocupações da semana. Preparam seus lares como para um visita real – a rainha Shabat – e colocam suas melhores roupas Acendem velas (antes do pôr do sol) e servem melhor comida que podem oferecer em um mesa decorada. As pessoas são convidadas para compartilhar refeições, músicas, histórias, orações e o estudo da Tora. Uma ida à sinagoga, visitas aos amigos, caminhadas e estudo completam o espírito do dia.
À Luz de Velas
O Shabat começa em casa. Com o acender das (duas) velas, que simbolizam a alegria e o sagrado, uma benção - (guardar e observar), algumas famílias adicionam uma outra vela para cada criança. Quem acende as velas, em geral são as mulheres, dá as boas vindas ao Shabat com um gesto sobre as velas, depois cobre os olhos.
ATIVIDADES PROIBIDAS NO SHABAT
Há trinta e nove tipos de atividades que ocorreram na construção do tabernáculo no deserto e que deveriam parar no Shabat, par fazer desse dia um completo descanso. Os judeus ortodoxos não fazem nada da lista a seguir quando o Shabat começa. Cozinhar, acender fogo; ligar equipamentos elétricos; escrever; ver televisão; trocar instrumentos musicais; andar de carro, ônibus, barco, trem ou avião, ou dirigir uma bicicleta ou motocicleta. Para seguir a lei, todo o necessário é feito antes do Shabat.
COMIDA PARA O SHABAT
O Jantar de sexta-feira e o almoço de Shabat começam com benções sobre o vinho e a chalá um pão trançado. Os judeus eram freqüentemente pobres e várias receitas tradicionais são boas maneira de fazer um pouco de peixe ou carne para alimentar muita gente! Por exemplo: Fígado picado com ovo e cebola, e gefilte fish, bolinho de peixe. Cholent é um cozido de carne com cebola, batata e feijão feito em fogo baixo da noite de sexta e manha de sábado para que haja um prato quente no almoço. Outros pratos comuns são canja e frango.
LENDO A TORÁ
Cada Shabat recebe o nome do trecho semanal da Torá, a parte central do serviço matinal. O rolo da Torá, o objeto mais sagrado do judaísmo é levado para bima, a mesa de leitura no palco, em uma procissão. É uma grande honra ler a Torá.
PARASHÁ – Porção da Torá – Linda semanalmente a cada shacharit.
HAFTARÁ – Portão dos Profetas (nevim) lidos semanalmente a cada shacharit.
HAVIDÁ – Separação “Santo dos demais dias”
Assim como a sua chegada, a partida do Shabat é celebrada orações e cerimônias. Quando podem ser vista três estrelas o Shabat é suspenso até a próxima semana e celebra-se Havidalá com uma benção sobre o vinho especiarias e uma vela trançada. Isso é a separação entre o sagrado shabat e os dias comuns da semana. As crianças se revezam para segurar a vela e sentir o cheiro doce das especiarias.
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COMO É O CALENDÁRIO JUDAICO?
O Calendário Judaico tem 12 meses lunares, e não solares, como o calendário civil. Cada mês judaico tem 29 ou 30 dias e cada ano é 11 dias mais curto que o civil. O calendário judaico tem de seguir o calendário civil, para que as festas não caiam em estações trocadas (as festas judaicas são celebradas em datas fixas). Para isso, o calendário tem anos bissextos, com um mês extra de Adar em janeiro-fevereiro. O mês normal de Adar (fevereiro-março) é chamado de Adar 2. Existem sete anos bissextos a cada 10 anos. Há uma celebração, Rosh Chodesh (Cabeça de Mês), para o começo de cada mês.
NISSAN (MARÇO-ABRIL) - PESACH (7-8 DIAS) YOMO HASHOA (1 DIA) |
LYYAR (ABRIL-MAIO) – YOM HAATSMAUT (1 DIA) – (IDENPENDÊCIA DE ISRAEL) LAG BAOMOER (1 DIA). |
SIVAN (MAIO-JUNHO) – SHAVUOT (1-2 DIAS) |
TAMMUZ (JUNHO-JULHO) – JEJUM DE TAMMUZ |
AV (JULHO- AGOSTO) – TISHAH B´AV (1 DIA) – (DIA DA TRISTEZA) |
ELUL (AGOSTO-SETEMBRO) – PREPARAÇÃO PARA O ROSHA HASHANA *NÃO HÁ FESTA EM ELUL |
TISHREI (SETEMBRO-OUTUBRO) – ROSH HASHANA )2 DIAS) YOM KIPPUR (1 DIA) SUCOT (7 DIAS) SHEMINI ATZETE (1 DIA) SIMCHAT TORÁ (1 DIA). |
CHESHVAN (NOVEMBRO-DEZEMBRO) – NÃO HÁ FESTAS EM CHESHVAN, POR ISSO O MÊS TAMBÉM É CHAMADO MAR CHESHVAN OU “CHESHVAN AMARGO”. |
KISLEV (NOVEMBRO-DEZEMBRO) – CHANUKA (8 DIAS) |
TEVET (JANEIRO-FEVEREIRO) - CHANUKA |
SHEVAT (JANEIRO-FEVEREIRO) – TU BISHVAT (1 DIA) – (ANO-NOVO PARA AS ÁRVORES. |
ADAR (FEVEREIRO-MARÇO) – PURIM (1 DIA). |
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O QUE SÃO AS TRÊS FESTAS DE PEREGRINAÇÃO?
Quando o Templo ainda estava de pé, os judeus faziam uma peregrinação a Jerusalém para fazer oferendas na três festas de Pessach, Shavuot e Sucot. Os que viviam fora de Israel tinham de vender parte de sua colheita e enviar o dinheiro para comprar oferendas e ajudar a cuidar do Templo e dos sacerdotes. Pessach, a Páscoa judaica, é a festa que celebra o Êxodo do Egito. Um carneiro era oferecido no Templo. Em Shavuot, Pentecostes, os primeiros produtos da colheita eram oferecidos no Templo. Sucot, Tabernáculo, é a festa final da colheita, e as oferendas eram feitas no Templo. Agora não há mais o Templo, os judeus celebram essas festas em casa e na sinagoga.
PESSACH – PÁSCOA JUDAICA
O QUE REPRESENTA CADA OBJETO?
O osso representa o carneiro de Pessach e o ovo queimado, as oferendas. Ambos eram oferecidos no Templo. Perto do osso, raiz amarga (maror), simbolizando a vida no Egito. Charosset, a mistura de especiarias e nozes, simboliza os tijolos usados na construção das pirâmides. Abaixo, a água salgada, pelas lágrimas dos israelitas, por último um vegetal verde. Tudo é comido ou descrito em uma ordem especial. Um dos ingredientes mais importantes é a matzá, pão ázimo (sem fermento), o pão das pessoas pobres. Os Israelitas comiam esse pão no Egito e o levaram quando saíram de lá. |
PRATO DO PESSACH
Este lindo prato é usado no Seder de Pessach em lares judaicos, o desenho representa as dez pragas sofridas pelos Egípcios. |
SHAVUOT – PENTECOSTES
Shavuot, sete semanas após Pessach, comemora-se o recebimento da Tora. É também o festival das primeiras frutas. Estas sete semanas são chamadas de Omer (uma medida de cevada). Uma contagem regressiva é feita a cada noite. As sinagogas são decoradas com flores lembrando como o monte Sinai foi decorado por Deus para o milagre. É Costume comer derivados de Leite, como torta de queijo. |
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SUCOT – TABERNÁCULO
Em Sucot judeus de todo mundo constroem cabanas temporárias e se alimentam nelas. A Sucá ou Cabana, remonta frágeis abrigos no deserto, que eram protegidos por Deus. Ela também lembra que os fazendeiros mudavam-se para perto de suas plantações durante a colheita e deve ser aberto para o céu. Sete tipos de alimentos são colhidos na época de Sucot em Israel. Muitos judeus penduram exemplos de cada um teto da Sucá para simbolizar a colheita. Estes alimentos são: Trigo, cevada, uvas, azeitonas, romãs. Tâmaras e figos. |
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O LULAV E O ETROG
O Lulav, ou folha de palmeira é amarrado com salgueiro e mirto. O Etrog, um limão, é usado em preces e cerimônias Sucot. Uma tradição diz que a palmeira representa a espinha, o mirto os olhos, o salgueiro a boca o etrog o coração, mostrando a veneração a Deus com todo o corpo.
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EXISTEM OUTRAS FESTAS JUDAICAS?
Diferentemente do Rosh Hashana, Iom Kipur e as festas de peregrinação, há muitas festas que não estão na Tora mais existe há centenas de anos. Purim e Chanucá começaram como lembretes de eventos milagrosos em que Deus salvou e ajudou os judeus contra grandes intempéries. Essas festas, e Tu Bishvat, o ano novo das árvores, foram escritos no Talmud (a enciclopédia das leis da Torá) antes do final do quinto século. Simchat Tora, a festa da alegria na Tora, foi introduzida muitas centenas de anos depois.
A TORÁ
A Torá consiste dos cinco livros de Moisés, cada um devido em seções ou sitrot. O primeiro livro é dividido em 12 livros, o segundo em 11, o terceiro em 10, o quarto em 10 e o quinto em 11, totalizando 54 sitrot. Pelo menos uma seção é lida em cada Shabat, para que a leitura se complete a cada ano.
SIMCHAT TORÁ
Ler e aprender os textos judaicos é das atividades mais valorizadas. É costume celebrar o estudo de qualquer livro judaico. A celebração ao fim do ciclo anual da leitura da Tora é um evento alegre. Todos os rolos da Tora são tirados da Arca Sagrada. Membros da comunidade têm a honra de dançar como os rolos e circundar a sinagoga em procissões.
CHANUCÁ – FESTAS DAS LUZES
Chanucá celebra a tomada do Templo dos gregos e sua re-dedicação, feita pelos macabeus, um grupo guerilheiro judaico. Havia óleo sagrado pra a menorá (candelabro de 7 velas), para apenas um dia, mas este durou 8, até que mais óleo pudesse ser preparado. Na celebração, acende-se um vela extra a cada noite em uma menora´de 8 velas e há pratos feitos com óleo.
TU BISHVAT
O ano-novo das árvores tem sido uma data importante desde os tempos do Talmud, marcado pelo plantio de novas árvores, em especial as citadas no Tannach, a bíblia judaica. 15 de Shevat, os judeus comem 15 frutas diferentes para marcar o dia.
PURIM
Meguilat Ester, a história de Purim, é lida a parti de um rolo de pergaminho, co muito barulho para o nome de Haman, o vilão. Os judeus se vestem com fantasias. Há trocas de presentes e comidas entre amigos e doações para os pobres, as comidas tradicionais incluem pães especiais e Hamantaschem, ou orelhas de Haman, triângulos doces recheados.
ROSH HASHANÁ E IOM KIPUR
O ano-novo judaico, Rosh Hashná, é nos dias 1 e 2 de Tishrei (setembro-outubro). No dia 10,. Há o “Dia do Arrependimento”, Iom Kipur, um jejum de 25 horas e a festa mais solene. Entre as duas festas, há os “dez dias de penitência”, em que os judeus pedem desculpas às pessoas e a Deus, por tudo de errado que tenha feito. Eles rezam por perdão e um novo começo. O shofar, um corno de carneiro, é soprado pra acordar a consciência, como na foto á esquerda. As pessoas enviam cartões de ano novo. Alguns usam branco nas roupas e na decoração, como símbolo de pureza. Pão, maçã são mergulhados em mel, para simbolizar doçura. O bolo de mel é uma comida tradicional.
IOM HAATSMAUT
dia de Independência de Israel é a única festa que foi adicionada ao calendário em séculos. O Estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 14 de maio de 1948. Esta data é comemorada em comunidades judaicas de todo o mundo e, em Israel, com feriado nacional. A celebração inclui agradecimento e festas com danças típicas.
IOM HASHOAH, DIA DO HOLOCAUSTO...
Em 27 de Nissam, celebra-se a memória dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas, antes e durante II Guerra mundial, de 1939 à 1945. Muitas famílias e cidades inteiras foram completamente destruídas. Uma das vítimas mais famosa, Anne Frank, teve seu diário lido por milhares de pessoas.
Consulte no Google o instituto Anne Frank.
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QUEM SÃO OS LÍDERES JUDAICOS?
Desde os tempos mais remotos, os judeus acreditam que seus líderes foram homens e mulheres escolhidos por Deus como profetas para liderar e ensinar o povo. As Doze Tribos foram chefiadas por príncipe. Mais tarde, quando os israelitas se estabeleceram em Israel, eles também tinham juízes, reis e rabinos como líderes como país (até que fosse restabelecido em 1948), os rabinos têm sido os líderes religiosos. No judaísmo ortodoxo são permitidos apenas rabinos homens, mas existem vários rabinos mulheres entre os progressistas.
SAUL E DAVI
Saul foi o primeiro rei de Israel. Sujeito a depressões era confortado pela harpa da Davi, o melhor amigo de seu filho Jônatas. Mais tarde, Saul soube que Davi o sucederia no trono e tentou matá-lo, mas Jonathan salvou-o. O rei Davi compôs famosos salmos e tornou Jerusalém sua capital.
*O Rei Davi não foi profeta
PROFETAS
Muitos profetas líderes, como Moshe (Moisés), Aron – (Arão), Miriam e Joshua – (Josué). Eles confiavam na justiça divina e pediam os judeus igual confiança, entre si e com ou outros povos. Profetas famosos incluem: Samuel, Elias, Jeremias, Oséas, Jonas e Débora, uma das poucas líderes femininas do Tanach.
MAIMÔNIDES
Rabi Moses Bem Maimon, ou Rambam. Nascido no século XII foi um dos maiores rabinos medievais. Seus livros são estudados até hoje. Devido à perseguição, mudou-se para o Egito e estudou medicina. Tornou-se médico da corte. Líder da comunidade continuou a estudar a lei judaica e filosofia. Nascido em Côrdoba na Espanha.
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O QUE É UM RABINO?
Rabino é um Judeu Mestre formado em uma Yeshiva (UNIVERSIDADE) – reconhecida pelo Estado de Israel. Na Yeshiva, a universidade para rabinos, os jovens estudam os livros sagrados por até 18 horas por dia. A qualificação para um rabino só é dada depois de anos de estudos e exames escritos e orais. Hoje, muitos rabinos ortodoxos e todos os rabinos progressistas graduam-se na universidade secular. Rabinos modernos também são treinados para falar em público, para dar aconselhamento e uma variedade d conhecimentos necessários ao mundo moderno.
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QUAIS OS LUGARES SAGRADOS DOS JUDEUS?
O lugar mais sagrado do judaísmo era o Templo, construído no Monte Moriá em Jerusalém. Ele foi destruído pelos gregos. O segundo Templo, construído no mesmo lugar, foi destruído pelos romanos. Um outro lugar sagrado em Jerusalém é o Monte das Oliveiras, um cemitério. Ainda que os locais foram enterrados Moisés, Aron e Miriam não sejam conhecidos, os túmulos de outros líderes são locais de peregrinações e oração. Estes incluem a tumba de Davi, a caverna de Macpelah e tumbas de muitos rabinos famosos. A tumba do rabi Maimônides e do rabi Akiva, por exemplo, estão em Tibérias.
A PAREDE DO TEMPLO
A única parte remanescente dos dois templos é a parede ocidental, também conhecida como Muro das Lamentações, em Jerusalém. Judeus e não judeus de todo o mundo o visitam. Os peregrinos vão rezar sozinhos ou em grupo, e colocam pequenos pedaços de papel com orações e pedidos entre as pedras sagradas do muro.
O MONTE DAS OLIVEIRAS
O monte das Oliveiras é o cemitério judaico mais sagrado. Segundo a tradição, o Messias passará por lá quando “vier“ para trazer todos os mortos de volta à vida. As pessoas enterradas no Monte das Oliveiras serão os primeiros a segui-lo para o Reino Eterno de Deus.
A CAVERNA DE MACHPELAH
A Caverna de Machpelah, em Hebron, é o túmulo comprado por Abraão. Lá estão enterrados, Adão e Eva, Abrãao e Sarah, Isaac e Rebeca, Jacó e Lea. Raquel, a esposa favorita de Jacó, foi enterrada fora da fronteira original de Israel, em Belém.
JERUSALÉM
Jerusalém é a cidade mais sagrada na Terra, abrigou os Templos por setenta anos. Sagrada também para cristãos e mulçumanos, nela oram pessoas de todas as fés. Jerusalém foi designada como capital pelo Rei Davi há cerca de 3.000 anos e foi capturada por muitos governantes que a queriam apenas para membros de sua própria fé. As Cruzadas foram guerras religiosas que começaram em 1906 porque o papa queria tomar Jerusalém dos mulçumanos.
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O QUE SÃO TSITSIT?
São as franjas que ...
Bençao – Baruch ata Adonai Elohênu mélech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al mitsvat tsitsit.
Bentido sejas Tu, Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificastes como os teus mandamentos e nos ordenaste o uso do Talit.
DEPOIS DE VESTÍ-LO DIZ:
Iehí ratson milefanêcha. Adonai Elohai velohê avotai, shetehé chashuva mitsvat tsitsit lefanêcha keilu kiyamtiha bechol peratêha vedicdukêha vechavotêcha, vetar´iag mitsvot hateluiorba, Amen SELA.
Que sejas da Tua vontade, Eterno, nosso Deus e Deus de nossos pais, que consideres importante o mandamento do Tsitsit perante Ti, como se tivesse-o cumprido em todos os seus detalhes, particularidades e intenções e, assim, todos os 613 mandamentos vinculados a ele. Amen Selá.
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POR QUE OS JUDEUS USAM KIPÁ (solidéu)?
O kipá não é um objeto bíblico, identifica um homem judeu, cobrindo a cabeça, somos lembrados da onipresença divina, e conscientizamo-nos de que a humanidade é essência da religião.
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POR QUE OS JUDEUS COLOCAM UMA MEZUZÁ NAS PORTAS DE SUAS CASAS?
A Mezuzá é um pequeno pergaminho afixado no batente da entrada do lar judaico, e nas portas de todos os aposentos, em observância ao mandamento bíblico: “E as escreverás nos portais de tua casa, e nos teus portões” (Deuteronômio 6:9). A Mezuzá contém duas passagens bíblicas: O “Shemá”, a afirmação da unidade e unicidade de D-us. D-us é UM, quantitativa e qualitativamente – e logo em seguida “VeAhavtá”, um trecho que expressa o amor a D-us e aos nossos semelhantes.
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TANACH
. Tanach é a toda bíblia judaica (Gênesis até Malaquias), totalizando 29 livros.
Divide-se em: Torá – Nevim e Ketuvim
TORÁ
Também conhecida como Pentateuco, são os cinco primeiros livros da tanach (bíblia judaica) – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Vejamos o que trava basicamente cada um livro da tora!.
. Bereshit (Gênesis) - Conta a criação e a história do mundo até abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac e Jacó) até a chegada ao Egito.
. Shemot (Êxodo) - Relata a escravidão no Egito, a grande libertação e
os mandamentos dados a Moisés sobre o Monte Sinai.
. Vaykrá (Levítico) - Fala das regras concernentes aos levitas, aos sacerdotes, ao culto, ao Templo, às festas e aos deveres do homem para com D-us e para com o próximo.
. Bamidbar (Números) – Descreve a travessia do deserto até a chegada ao Jordão.
. Devarim - (Deuteronômio) – Contém uma recapitulação recomendações de Moisés.
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NEVIM – (livros dos Profetas) – Os primeiros livros narram a história do povo judeu desde a entrada em Canaã até o exílio. São eles:
Josué – Juízes; Samuel I e II; Reis I e II; Isaías; Jeremias; Ezequiel; e os 12 profetas menores: Oséas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Os livros dos profetas são obras poéticas de grande beleza, breves capítulos, chamados Haftará, são lidos após a tora, nos sábados, dias de festas e de jejum.
KETUVIM – (Escritos) - Neles estão reunidos os: - Salmos (Tehilim); Provérbios; Jô; Cânticos; Rute; Lamentações ; Eclesiates; Ester; Daniel; Esdras e Neemias; Crônicas.
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LEIS MORAIS - Os dez mandamentos ditados por D-us. Ex: Guarda do Sábado.
LEIS ÉTICAS - Estilo de vida, comer, beber e vestir etc.).
LEIS CERIMONIAS – Sacrifício de animais para remissão dos pecados.
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SACRIFÍCIOS FEITOS NO TEMPLO
CONSAGRAÇÃO |
HOLOCAUSTO |
Bezerro, carneiro ou ave sem defeito |
CONSAGRAÇÃO |
OFERTA DE MANJARES |
Grãos, Flor de Farinha, Pão Cozido (s/fermento), Sal |
COMUNHÃO |
PACÍFICOS |
Qualquer animal do gado sem defeito; pães, tortas. |
EXPIAÇÃO |
PELO PECADO |
Novilho, Bode, Cabra, 2 Rolas ou 2 Pombinhos, 1 10ª Parte de uma efa de flor de farinha. |
EXPIAÇÃO |
PELA CULPA |
Carneiro sem defeito (Em lugar do sacrifício poderia oferecer dinheiro |
TABERNÁCULO
Local do Templo Sagrado:
Sobre o Monte Moriah Salomão construiu o primeiro Templo – destruído pelos Babilônios. Reconstruído por Esdras e Neemias, e ampliado as proporções monumentais por Herodes o Grande. O muro (Kotel) das Lamentações é o único resto desse Templo de Jerusalém, que foi destruído por Tito o imperador Romano ano 68 D.C. O monte do templo é também chamado de Monte Moriah, é o local onde Abraão sacrificaria seu filho Isaac.
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QUAIS SÃO OS OBJETOS DO RITUAL JUDAICO?
O Judaísmo é um modo de vida e a quase toda atividade está associado um objeto religioso, desde uma simples jarra para lavar as mãos em casa ou mais belos rolo da Torá na sinagoga. A Tradição encoraja as pessoas judaicas a fazer seus deveres religiosos com vontade e alegria. Portanto, os objetos de ritual são feitos dos melhores materiais que o dono possa comprar e decorados com bordados e ornamentados feitos com amor. Se um judeu pode comprar madeira em vez de prata, esta deve ser cuidadosamente escavada e polida. Nos rituais diários, como lavar as mãos, uma jarra mais elaborada pode ser designada para o Shabat e outras festas.
A ARCA SAGRADA E OS ROLOS DA TORÁ
Dentro da Belíssima Arca Sagrada, estão os rolos sagrados da Torá, protegidos por uma cortina bordada, portas de madeira e grades de ferro. Os rolos de uso têm placas de prata, ponteiras e sinos ou coroas e capas de veludo bordado.
CAIXA DE ESPECIARIAS
Na cerimônia de Havida no final do Shabat, passa-se uma caixa de especiarias para cada pessoa cheirar, assim refrescando a alma para a semana que se inicia. Essas caixas costumam ser decoradas e desenhadas com castelos, moinhos e torres. Podem ser de madeira entalhada, prata, vidro ou porcelana.
PONTEIRA DA TORÁ
Na leitura da Torá, marca-se o ponto com ponteiras, ao raro de prata. A ponta pode ter forma de um dedo apontando, pois o rolo da Torá não pode e ser tocado com mão.
MATRACAS
Quanto se lê a história de Purim, pede-se aos judeus para bloquear com barulho o nome do vilão, Haman, sempre que é lido.
PIÃO
O dreidl, ou sevivon, é um pião usado em Chanucá. As quatro letras hebraicas significam “grande milagre aconteceu lá” e trazem uma instrução para o jogador.
CERTIFICADO DE CASAMENTO
A Ketubá, um certificado que narra o casamento, descreve também o valor do dinheiro e os bens que o noivo deve à noiva em caso de divórcio. Não raro escritos e mão e lindamente decorados.
A LUZ ETERNA
A Ner Tamid, ou Luz Eterna, é pendurada no teto da sinagoga. Ela fica em frente a Arca Sagrada. A luz dentro da caixa ornada está sempre acesa em muitas sinagogas. Com a eletricidade isto não é mais um problema! A Ner Tamid é um símbolo da menorah no Templo, em que o mais puro óleo de oliva era queimado. É também um lembrete de que a Torá é a luza que guia os judeus.
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OS JUDEUS TÊM UMA TRADIÇÃO MUSICAL?
Há uma tradição judaica de compor música, que vem desde os tempos do Êxodo do Egito. Existem instrumentos musicas feitos especialmente para uso no Templo. Em muitas sinagogas ortodoxas, os instrumentos musicais nunca são usados no shabat ou em dias de festas, apenas o canto. Entretanto, muitas sinagogas progressistas usam instrumentos musicais para os serviços. Músicas folclóricas são encontradas em todas as comunidades judaicas. Elas são usadas para confortar, entreter e passar a história e a tradição.
MIRIAM E AS MULHERES
Depois da miraculosa fuga pelo mar Vermelho, Moisés compôs um hino a Deus. Isto é na Torá para que todos cantem. Miriam afastou-se com as mulheres para dançar e cantar o hino tocando o seu pandeiro. Em muitos casamentos ortodoxos, ainda é costume mulheres e homens dançarem separadamente.
MÚSICA NO TANACH
No Tanach, são mencionados muitos instrumentos musicais. Talvez os mais famosos sejam pandeiro de Miriam; a lira do Rei Davi, uma pequena harpa; e o shofar, o corno de carneiro. O som do shofar derrubou as muralhas de Jericó. Quando os israelitas estavam acampados no deserto, trompetes de prata chamaram as tribos para encontra-se, marchar ou ir para guerra. Harpas e liras, flautas, címbalos e trompetes também são tocados no Templo. Outros instrumentos mencionados no Tanach são tambores, guisos e batedores ou chocalhos.
MÚSICA NUPCIAL
É considerado especialmente importante fazer a noiva feliz dia de seu casamento. Um casamento judaico não dispensa seus músicos. Assim como há músicas especiais para salmos e hinos, há também músicas criadas para casamentos. Hoje, a noiva é escoltada ao pálio nupcial com o canto de um cantor ou coro. Durante a refeição de celebração, o casal é entretido com músicas alegres acompanhadas com instrumentos. Um Klezmer, grupo tradicional de músicos, toca cada cidade ou vilarejo nas ocasiões especiais.
DDANÇA FOLCLÓRICA
Existem muitas danças folclóricas judaicas. Algumas datam dos tempos bíblicos e usam músicas e poemas do Tanach. Outras são de países onde os judeus moraram por séculos, como a Rússia e as terras árabes. Algumas vezes usam-se danças e textos judaicos com ritmos do país hospedeiro. Para os judeus de muitos países, as danças folclóricas são bastantes populares, em casamentos e todas as ocasiões.
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BENÇÃO SACERDOTAL
É uma mandamento da Torá os Kohanim abençoam o povo de Israel do a Benção Sacerdotal que se encontra no livro de números Cap. 6 versículos 24-26.
24 O Senhor te abençoe e te guarde;
25 o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
26 o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.
===========================================================================É permitido fazer a Brit Milá no Shabat ou nos outros feriados judaicos?
Desde os dias de Abraão os meninos judeus são circuncidados no seu oitavo dia de vida, marcando assim seu ingresso na comunidade do Povo de Israel. A Mitzvá da Brit Milá é tão sagrada que deve ser cumprida mesmo quando o oitavo dia cai no Shabat ou em qualquer outro feriado, inclusive Yom Kipur. Só se justifica um adiamento em caso de bebês prematuros ou doentes, cujo estado de saúde não permite a circuncisão naquele dia.
===========================================================================É proibido pela lei judaica dar ao recém-nascido o mesmo nome do pai ou de outro parente próximo, quando estes estão vivos?
Não há proibição. O que existe, entre os judeus ashkenazim, um costume de não dar à criança o nome de parentes vivos. Porém não existe na lei judaica nada que o impeça. Tanto assim, que é muito comum entre os sefardim dar ao filho justamente o nome do pai ou do avô como uma forma de ressaltar hemshech, continuidade, em vida.
===========================================================================Há alguma cerimônia para dar-se o nome ao bebê recém nascido, no caso de ser uma menina?
A Halachá, a lei judaica, não estipula nenhuma regra sobre a maneira de dar o nome à criança. É costume, entretanto, o pai comparecer a sinagoga no primeiro Shabat após nascimento de uma filha. Nessa ocasião ele é chamado à leitura da Torá e declara o nome hebraico que será dado à menina. A cerimônia é celebrada alegremente perante toda a congregação, e geralmente seguida de um Kidush festivo. Um costume recente que vem se tornando cada vez mais popular entre os judeus liberais e a cerimônia de Simchat Bat ("Alegria por uma Filha"), também chamada de Brit haChayim ("Pacto da Vida"), uma celebração que se realiza em casa alguns dias ou semanas após o nascimento de uma menina Uma vez que não se trata de uma comemoração haláchica, o ritual não segue normas preestabelecidas, podendo ser elaborado com criatividade e sensibilidade pelos próprios pais e pelo rabino da família, baseado nos moldes da cerimônia de circuncisão (Brit Milá).
Pode-se realizar a cerimônia de Pidyon HaBen no Shabat?
Não. Uma vez que o ritual envolve uma "transação comercial" (o pagamento feito pelo pai ao Kohen), ele não pode se realizar no Shabat e nos feriados principais. Neste caso, a cerimônia é adiada para o próximo dia.
===========================================================================Por que foi escolhida a idade de treze anos como marco da maioridade religiosa?
Não existe nenhuma referência bíblica associando a idade de treze anos a maturidade religiosa. Entretanto, o Talmud menciona que "ate o décimo terceiro ano, o pai tem responsabilidade pelo seu filho". E a Ética dos Pais afirma que aos treze anos, o jovem e responsável pelo cumprimento dos mandamentos da fé judaica.
===========================================================================Por que não se celebra o Pidyon HaBen nas famílias Kohen ou Levi?
Se o pai é Kohen ou Levi, o filho adquire por hereditariedade o respectivo titulo, bem como as funções inerentes a ele. Assim sendo, ele não precisa ser redimido da obrigação de servir no Templo.
===========================================================================Por que o primogênito nascido de cesariana não precisa ser redimido?
A Torá define como filho primogênito, petor rachem, "aquele que abre o útero de sua mãe" (Êxodo 13:2). Portanto, somente o primeiro filho nascido de parto natural precisa ser redimido. Mais ainda, se a mãe tiver sofrido um aborto natural numa gravidez anterior, o primeiro filho já é considerado o primogênito, uma vez que outro feto "abriu o útero" antes dele.
===========================================================================Por que os meninos judeus são circuncidados?
A circuncisão é o sinal
sagrado da Aliança entre Deus e o povo judeu. Foi praticada pela primeira vez
por Abraão - em si próprio, em seu filho Ismael e em todos os homens de sua casa
- depois que Deus lhe ordenou: "Guardarás a Minha Aliança tu e tua posteridade
nas gerações futuras... Todo homem entre vós será circuncidado no oitavo dia do
seu nascimento" (Gênesis 17:9-12). O ritual da Brit Milá "pacto da circuncisão",
é executado dentro das mais perfeitas normas de higiene por uma pessoa
especializada, o mohel, o qual, de acordo com a lei judaica, deve ser um judeu
rigorosamente praticante. Além da criança e do mohel, participam da cerimônia o
pai, que recita uma benção especial, e o sandak (padrinho), que segura a criança
no colo durante a circuncisão. Nesta ocasião dá-se ao menino o nome hebraico.
A Brit Milá marca o ingresso do menino na comunidade dos filhos de Israel. é o
primeiro passo para a integração da criança na tradiçao religiosa de seus pais.
A prática tem sido mentida pelos judeus através dos séculos, mesmo nas
circunstâncias mais adversas, e além dos preceitos que mais contribuiu para
preservar a unidade e a particularidade do povo judeu.
===========================================================================Por que se reserva uma cadeira para o Profeta Elias durante a Brit Milá?
Um Midrash relata que num determinado período da história judaica, sob a influência da perversa Rainha Jezebel, as Dez Tribos de Israel quiseram abolir a prática da circuncisão. O protesto do Profeta Elias contra essa atitude irritou a rainha e ela ordenou que ele fosse morto. Elias conseguiu escapar, e o Todo Poderoso prometeu-lhe, em reconhecimento pela sua devoção e coragem, que nenhuma circuncisão a partir daquele dia poderia se realizar sem a sua presença
===========================================================================Qual a origem da festa de Bar ou Bat-Mitzvá depois da cerimônia?
O costume surgiu na Idade Média, quando a cerimônia de Bar-Mitzvá era seguida de uma seudat mitzvá, uma refeição festiva comemorando o cumprimento de uma obrigação sagrada. Para acentuar o caráter religioso da festa, o jovem Bar-Mitzvá discorria sobre o trecho semanal da Torá ou outro tema judaico, demonstrando assim os conhecimentos que havia adquirido até então. É interessante notar que já naquela época, algumas autoridades, com receio que o luxo excessivo pudesse deturpar o verdadeiro sentido da festa, estabeleceram determinadas regras limitando o número de convidados e exigindo certo grau de sobriedade. O costume contemporâneo de celebrar a Bar-Mitzvá com pompa e ostentação é totalmente contrário ao espírito da lei judaica.
===========================================================================Qual o procedimento para uma família judaica adotar uma criança não sabendo a religião dos pais biológicos?
A premissa é a seguinte: quando não temos condições de verificar a religião do filho adotivo, devemos por precaução supor que a criança não é judia. Portanto, torna-se necessária uma conversão de acordo com a lei judaica. O menino pode ser convertido na hora da circuncisão, a menina, por ocasião da imersão no banho ritual (mikvá). Uma vez que a criança sendo pequena, não está decidindo por si, os pais adotivos apresentam-se como "agentes" perante um Beit Din, uma corte rabínica, que concede sua aprovação à conversão. Entretanto, já que a criança não tomou uma decisão consciente, ela tem o direito, de acordo com a lei judaica, de renunciar ou confirmar a conversão ao atingir a puberdade, isto é, aos doze anos para as meninas e treze anos para os meninos. Depois dessa idade, os pais não podem converter os filhos sem o consentimento destes.
===========================================================================Qual o significado da Bar-Mitzvá?
"Bar-Mitzvá" em aramaico, significa "filho do mandamento". Ao completar treze anos, o menino atinge a maioridade religiosa perante a lei judaica, e passa a ser pessoalmente responsável pelo cumprimento das Mitzvot, os mandamentos. Esse status legal e religioso é reconhecido publicamente através da cerimônia de Bar-Mitzvá que se realiza geralmente (mas não necessariamente) no primeiro Shabat após o 13o. aniversário do menino pelo calendário. Nessa ocasião o jovem é chamado pela primeira vez para ler um trecho da Torá e/ou recitar as bençãos antes e depois da leitura. O costume de Bar-Mitzvá, da forma como nós o conhecemos, é relativamente moderno. Nem a Bíblia nem o Talmud mencionam tal cerimônia. A primeira referência escrita sobre sua celebração encontra-se no Shulchan Aruch, código religioso redigido no século XVI. A Bar-Mitzvá é um acontecimento dos mais significativos, pois marca o ingresso do jovem na comunidade adulta judaica, com todas as responsabilidades e privilégios decorrentes. A partir desse dia, por exemplo, ele pode integrar um minyan, o quórum de dez homens exigido para a realização de qual quer ato religioso de caráter público. Cada Bar-Mitzvá constitui um renascimento simbólico da fé judaica, uma reafirmação dos valores e das tradições sobre os quais repousa o futuro do povo judeu.
===========================================================================Qual o significado da Bat-Mitzvá?
A Bat-Mitzvá corresponde à maturidade religiosa alcançada pela menina judia aos doze anos. A instituição é bem mais recente que a Bat-Mitzvá, uma vez que dentro do Judaísmo ortodoxo, as mulheres eram dispensadas dos estudos religiosos e eram sujeitas a um número bem menor de mandamentos do que os homens. Ate há pouco tempo, a cerimônia de Bat-Mitzvá era celebrada somente pelas congregações conservadoras e reformistas. Em 1982, entretanto, ela foi oficialmente declarada "legítima e válida" pelo Rabino-Chefe Sefardi de Israel, Ovadia Yosef. A preparação é semelhante a dos meninos, excetuando-se a colocação dos tefilin e do talit. Através de um período de estudos, a menina e conscientizada do seu papel de futura mãe judia, responsável pela transmissão dos eternos valores do Judaísmo. Por falta de normas consagradas, o ritual varia de uma sinagoga para outra. A cerimônia é geralmente celebrada sexta-feira a noite, durante o serviço de Shabat, ou então na noite de sábado, como parte do serviço de Havdalá que assinala o término do Shabat. Ao tornar-se Bat-Mitzvá, "filha do mandamento", a menina ingressa na comunidade judaica adulta, assumindo formalmente sua responsabilidade religiosa perante o seu povo.
===========================================================================Quando a mãe não é judia, pode-se celebrar a Brit Milá, a circuncisão ritual do filho?
Não. De acordo com a lei judaica, é a mãe quem determina a identidade judaica dos filhos - é a mãe que da a luz, e ela que cria, é ela que educa. Portanto, se a mãe não nasceu judia, nem se converteu ao Judaísmo, então seu filho não pode ser submetido a nenhum ritual judaico (a não ser que ele pessoalmente opte por uma conversão formal ao Judaísmo, opção esta que a lei judaica lhe permite somente quando atingir a maioridade). O que pode ser feito, se os pais quiserem, é uma circuncisão realizada por um médico, sem o cerimonial tradicional. Porém é claro que não se trata de uma Brit Milá.
===========================================================================O Que é o Beit Din?
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O SHABAT
Por que os judeus não podem acender fogo aos sábados?
Pela lei judaica, o Shabat é um dia sagrado de descanso, e qualquer forma de trabalho é proibida. Acender o fogo é uma das poucas atividades explicitamente classificadas como "trabalho" na Bíblia: "não acendereis fogo nesse dia" (Êxodo 35:3). Posteriormente, os rabinos do Talmud ampliaram o conceito, considerando como "trabalho" todas as tarefas desempenhadas na construção do Tabernáculo. Chegaram assim a um total de 39 categorias de atividades proibidas no Shabat.
O que é e no que se baseia o Shabat?
Shabat, o dia de descanso, é o símbolo máximo do Judaísmo, a verdadeira essência da fé judaica. As origens do Shabat se encontram no Decálogo: "Pois Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. E Deus abençoou o dia do Shabat e santificou-o" (Êxodo 20:11). O Shabat é, portanto, uma afirmação da Criação Divina: nesse dia interrompemos o trabalho, pois assim fez o Criador. O dia de descanso conscientiza o homem de que ele não domina o mundo, e de que ele depende do poder supremo de Deus. Recebemos no Decálogo uma segunda explicação: "Lembrem-se que eram escravos no Egito e o Eterno os libertou; por isso Ele lhes ordenou observarem o dia do Shabat" (Deuteronômio 5:15). O Shabat é assim uma celebração da liberdade. O escravo não é livre - seu tempo não lhe pertence. Somente o homem que é dono do seu tempo é verdadeiramente livre. O homem livre domina a sua semana, e não se torna subserviente a ela. Fisicamente, o Shabat atende a uma necessidade básica do ser humano. O descanso é o corolário indispensável do trabalho. Nesse dia, o homem não está sujeito às tensões e às exigências da vida cotidiana. Socialmente, o Shabat e a essência da legislação democrática. É o clímax da justiça no sentido de que nesse dia, pelo menos, não há distinção de classe ou posição social. Todo ser humano tem direito a um dia de descanso semanal. No Shabat somos todos iguais.
O que significa Kidush?
A palavra "Kidush" significa "santificação". No contexto do Shabat e outros dias
festivos, refere-se a uma benção especial recitada sobre o vinho. O Quarto
Mandamento nos ordena "lembrar o Shabat, para santificá-lo". E como santificamos
o Shabat? Recordando os dois eventos com os quais a observância do Shabat está
relacionada na Torá: a Criação e o Êxodo. A bênção é recitada no lar antes das
refeições festivas. É também cantada na sinagoga, para que os forasteiros que
estejam passando o Shabat ou o feriado longe de seus lares também tenham a
oportunidade de escutá-la. O vinho, como símbolo de vida e alegria, é o elemento
mais apropriado para a santificação do Shabat. Entretanto, por uma questão de
sensibilidade para com aqueles que não podiam se dar ao luxo de comprar vinho,
os rabinos declararam que o Kidush também pode ser recitado sobre as chalot, os
pães de Shabat.
Jogar futebol no Shabat e uma violação da lei do descanso?
Embora o esporte não seja considerado uma forma de trabalho pela definição
talmúdica, as autoridades ortodoxas proíbem qualquer atividade esportiva no dia
do descanso, achando que isto depreciaria a santidade do Shabat e tomaria um
tempo que poderia ser dedicado a uma ocupação mais nobre, tal como o estudo da
Torá.
Outras autoridades não se opõem, em princípio, mas chamam atenção para certas
restrições legais. Por exemplo, a bola não pode ser carregada de uma área
particular para outra pública, o que constitui uma violação da lei do descanso,
segundo o código tradicional. No entanto, isto é facilmente evitável: basta que
o jogo se realize num jardim ou outro local onde haja um eruv, alguma espécie de
cercado ou muro, para que o campo possa ser qualificado como propriedade
particular. Os liberais consideram válida a prática de esportes aos sábados,
como uma forma de lazer que acrescenta alegria à observância do Shabat.
Por que é a mulher que acende as velas de Shabat?
Existem duas explicações bastante contraditórias.Embora contrária ao espírito do
Judaísmo liberal, a interpretação tradicional é que a mulher cometeu a primeira
transgressão no Jardim do Éden, e com isto extinguiu a luz da vida humana. Como
uma forma de expiação, ela foi encarregada de acender as velas de Shabat, a fim
de restaurar o brilho original daquela luz (Talmud Shabat 31b).
A outra interpretação é que cabe à mulher a responsabilidade de trazer paz,
serenidade e felicidade ao lar. Portanto deve-lhe ser concedida a honra de
iniciar o Shabat. É importante frisar, entretanto, que se a mulher estiver
ausente ou acamada, ou então se não mora nenhuma mulher naquela casa, o homem
tem o dever de acender as velas.
O que é chalá?
A palavra "chalá" (plural "chalot") aparece pela primeira vez na Bíblia em
referência aos doze pães que deveriam ser colocados sobre o altar no Tabernáculo.
O mesmo termo designava um pequeno pedaço de massa que deveria ser reservado
como uma oferta para os sacerdotes. Chalá é o pão festivo servido no Shabat
(tradicionalmente em forma de uma trança alongada) e nos outros feriados.
Por que se colocam duas chalot na mesa de Shabat?
Uma explicação é que as duas chalot representam as duas fileiras de pães
dispostas permanentemente na mesa do Tabernáculo. Eram substituídos por pães
frescos todo Shabat, e os que eram retirados deviam ser consumidos pelos
sacerdotes no próprio santuário. Outra explicação é que durante os quarenta anos
no deserto, após saida do Egito, o povo judeu foi sustentado milagrosamente por
meio de maná, um alimento que caía diariamente dos céu, numa quantidade
suficiente para um dia. Às sextas-feiras, caía uma porção dupla de maná, para
evitar que os israelitas tivessem que violar a lei colhendo o alimento no dia do
descanso. Em lembrança desta porção dupla de maná, colocamos duas chalot na mesa
de Shabat. O costume de salpicar sementes de papoula ou gergelim sobre as chalot
provem do orvalho que sempre caía sobre o maná para preservação.
Nos bairros ortodoxos de Jerusalém, é freqüente os moradores atirarem pedras nos automóveis que circulam aos sábados (por ser uma violação das leis do Shabat). A lei judaica permite atirar pedras no Shabat?
De acordo com a
Halachá, a lei religiosa, é estritamente proibido levantar uma pedra no Shabat.
0 Shulchan Aruch, "Orach Chayim", capítulo 308, parágrafo 7, diz: "É proibido
carregar ou mover pedras no Shabat, mesmo que sirvam para tampar vasilhas." Mais
proibido ainda atirar uma pedra, que pode provocar danos materiais e até mesmo
físicos!Isto é fanatismo. É uma perversão da religião, praticada justamente por
aqueles que dizem ser seus defensores. É uma profanação da lei e do espírito do
Shabat.
O que é Havdalá?
"Havdalá" significa "separação": a separação entre o Shabat e o resto da semana,
entre o espiritual e o material, entre o sagrado e o profano. Assim como
santificamos o início do Shabat com o Kidush, santificamos sua conclusão com a
Havdalá: o ritual que se realiza sábado ao anoitecer com uma taça de vinho,
especiarias e uma vela trançada.
Como se justifica o Shabes goy?
Shabes goy é uma
pessoa não-judia que de acordo com a lei judaica pode, sob certas
circunstâncias, executar para os judeus as tarefas que estes não podem fazer
sozinhos no Shabat. O Judaísmo nos proíbe qualquer tipo de trabalho no sétimo
dia. Por esta razão, mobilizamos um não-judeu para nos substituir nas atividades
necessárias. Tal costume não implica uma discriminação. Todos os homens, de
todos os credos, foram criados "à imagem de Deus". Portanto temos todos direitos
iguais. Uma pessoa não-judia pode ajudar seu irmão judeu no sábado, desde que
ela tenha garantido seu própria dia de descanso no domingo, ou em outro dia
qualquer. Enquanto estivermos dispostos a ajudar uns aos outros em nossos
respectivos "dias de descanso", não há problema algum. Mas tem que ser
recíproco. Porque somos todos nós filhos de um só Deus.
Por que e costume comer peixe no Shabat?
Uma das interpretações para este antigo costume e que, assim como o peixe não
sobrevive fora da água, também o judeu não pode sobreviver sem a Torá – as águas
vitais que nutrem sua alma e seu espírito. No Shabat, ressaltamos a
imprescindibilidade deste aspecto espiritual da nossa existência.
Depois de acender as velas de Shabat, por que a mulher cobre os olhos com as mãos enquanto recita a benção?
Normalmente, qualquer benção deve ser recitada imediatamente antes do
cumprimento da respectiva Mitzvá, para que não se pronuncie o nome de Deus "em
vão". No caso das velas, não se pode seguir este princípio, porque, no momento
em que é recitada a benção, inicia-se o Shabat e, portanto, a partir desse
instante é proibido acender velas.
Para superar este dilema, a mulher primeiro acende as velas e em seguida fecha
ou tampa os olhos e recita a benção. Somente depois de abençoar Aquele que
ordenou a luz do Shabat, ela pode desfrutar a alegria de ver suas velas
brilhando.
Existe uma hora certa para acender as velas de Shabat?
Uma vez que o acender das velas de Shabat não é um preceito bíblico, existem
divergências quanto à hora certa de acendê-las. Na maior parte das comunidades
judaicas, elas são acesas sexta-feira à tarde, 18 minutos antes do pôr-do-sol.
Em Jerusalém, é costume acendê-las 40 minutos antes do pôr-do-sol. O essencial é
que elas já estejam acesas quando escurece, para que não seja profanado o Shabat.
Por que se coloca sal na chalá antes de comer?
O sal acompanhava todos os sacrifícios levados ao altar do antigo Templo. Comendo pão com sal, revivemos simbolicamente o passado e reforçamos o conceito judaico de que "a mesa é como um altar" (Talmud Brachot 55a).Outra interpretação: o sal, por sua própria natureza, é uma substância que preserva os alimentos e não os deixa deteriorar. O uso do sal na chalá de Shabat representa assim nosso desejo de preservar a Aliança entre o Todo-Poderoso e o Povo de Israel.
Por que a congregação se vira em direção à porta enquanto é cantado o hino "Lechá Dodi" no serviço religioso sexta-feira à noite?
Os rabinos do Talmud
comparam o Shabat a uma noiva e rainha, que deveria ser acolhida festivamente.
No século XVI os místicos de Safed instituiram um ritual de "Kabalat Shabat"
("acolhida do Shabat") que consistia em ir até os campos nos arredores da cidade
para receber simbolicamente a "noiva" com cantos de júbilo. Daí provém o costume
de virar-se em direção à porta enquanto é cantado o hino "Lechá Dodi", a canção
de boas-vindas à Rainha Shabat, a noiva do Povo de Israel.
Por que se acendem duas velas nas vésperas do Shabat? Poderia ser uma, ou três ou mais?
Devemos acender no
mínimo duas velas, representando simbolicamente as duas expressões do Quarto
Mandamento: "Zachor et yom ha'Shabat le'kadsho", "Lembrem o dia do Shabat para
santificá-lo" (Êxodo 20:8); e "Shamor et yom ha'Shabat le'kadsho", "Guardem o
dia do Shabat para santificá-lo" (Deuteronômio 5:12). Em alguns lares judaicos,
acendem-se três ou mais velas, ema para cada membro da família. Quando está
presente alguma convidada, pode-se colocar uma vela a mais para ela acender. Mas
não é obrigatório. O importante é que haja luz. Luz de Shabat. Luz para iluminar
um mundo sombrio.
Por que se costuma cantar o hino "Shalom Aleichem" quando se volta para casa na sexta-feira à noite, após o serviço religioso?
O hino foi introduzido pelos cabalistas no século XVI. É um canto de boas-vindas
aos anjos do Shabat: "A paz esteja convosco, anjos que sevem a Deus, emissários
do Senhor!" Diz uma lenda talmúdica que dois anjos nos acompanham quando
voltamos da sinagoga para casa na sexta-feira à noite - o Anjo do Bem e o Anjo
do Mal. Eles observam o ambiente no lar. Se a casa está festivamente preparada
para o Shabat, a mesa coberta com uma toalha branca, as chalot prontas, as velas
acesas - o Anjo do Bem diz: "Que o próximo Shabat seja como este", o Anjo do Mal
tem que responder: "Amém!". Se, por outro lado, os anjos encontrar a casa em
desordem e nada preparado para o Shabat, é o Anjo do Mal quem diz: "Que o
próximo Shabat seja como este", e o Anjo do Bem é obrigado a responder: "Amém!"
Por que é costume usar uma toalha branca na mesa de Shabat?
Primeiro em lembrança do maná, o alimento milagroso que caía dos céus e formava
uma camada branca sobre a superfície do deserto, conforme o relato no Livro
Êxodo. Segundo, porque a mesa no Tabernáculo onde se colocavam as chalot (os
pães) é descrita como "a mesa pura diante de Deus" (Levítico 24:6). A cor branca
é símbolo de pureza.
Por que se acendem velas antes do Shabat e dos feriados?
A Torá proíbe explicitamente o ato de produzir fogo durante o Shabat: "Lo
tevaaru eish bechol moshvoteichem, be'yom ha'Shabat" (Êxodo 35:3). Interpretando
esta lei ao pé da letra, algumas seitas judaicas antigas proibiram não só a
criação do fogo, mas tambéem sua utilização - nenhum calor, nenhuma luz, nenhum
alimento quente no Shabat! Alguns radicais foram ainda mais longe: considerando
a paixão sensual como uma forma de "fogo ardente", eles insistiam na abstinência
sexual durante o dia sagrado de descanso. E assim, o Shabat, que deveria ser
marcado pela alegria e prazer, foi transformado num dia de escuridão e tristeza.
Em protesto contra essa visão restritiva, os rabinos ordenaram que se acendessem
velas antes do início do Shabat. Recebendo nossos dias santos com luminosidade e
calor, ressaltamos seu caráter festivo. Neste sentido, acender o fogo do amor no
Shabat, longe de ser uma profanação, é um ato sagrado, uma verdadeira Mitzvá.
Por que a vela de Havdalá tem que ser uma vela trançada?
A explicação está na benção que se recita durante a Havdalá: "Baruch Ata Adonai,
Eloheinu Melech ha’olam, borei me’orei ha’esh", "Bendito sejas, o Eterno nosso
Deus, Rei do Universo, Criador das Iuzes do fogo." "Luzes": a palavra está no
plural. E por quê? Porque se refere à luz da Criação: "maor ha’gadol" e "maor
ha’katan" (Gênesis: 1:16), a luz maior e a Iuz menor, o sol e a lua. Por este
motivo, são necessárias pelo menos duas chamas. Quando não se tem uma vela
trançada com dois pavios, pode-se segurar junto duas velas comuns.
Por que e costume cantar zmirot (canções tradicionais) na mesa do Shabat?
A razão havia é que a música acrescenta calor e alegria à celebração do Shabat.
Existe uma outra razão, um pouco mais sofisticada. O Shabat é essencialmente um
dia de aprimoramento da mente e do espírito. Neste contexto, quando a família se
reúne para a refeição de Shabat, o ideal seria que a conversa girasse em torno
de temas filosóficos e religiosos. Uma vez que nem todos tem a base intelectual
necessária para participar de tais discussões, resolveu-se que a melhor forma de
transmitir as valiosas mensagens do Judaísmo seria através de melodias letradas,
facilmente captadas por qualquer pessoa. O costume de cantar zmirot foi
introduzido pelos cabalistas da cidade de Safed, no século XVI, e difundiu-se
pelo mundo afora.
Por que as chalot e a faca com a qual elas serão cortadas ficam cobertas antes da benção?
Os rabinos dizem que este costume nos ensina dois importantes valores judaicos:
a dignidade humana e a preciosidade da paz. Na mesa de Shabat, as velas estão
colocadas em belos candelabros e o vinho está dentro de uma linda taça. Enquanto
as bençãos sobre as velas e o vinho estão sendo recitadas, as chalot estão
"abandonadas" sobre a mesa. Os rabinos decretaram então que, a fim de evitar que
as chalot sintam-se humilhadas, elas devem permanecer cobertas até a hora em que
se recita a benção sobre o pão. Preocupando-nos com a dignidade dos objetos
inanimados, aprendemos também a preocupar-nos com a dignidade do nosso
semelhante. Por que cobrir a faca? No Shabat, nossos pensamentos se voltam para
a paz e a harmonia. Cobrimos a faca, portanto, para impedir que um símbolo
visível de guerra e violência deturpe o espírito do Shabat. Alguns vão ainda
além, recomendando que se parta o pão com as mãos, em vez de cortá-lo com uma
faca.
Por que o ritual da Havdalá inclui uma benção sobre especiarias?
De acordo com uma lenda rabínica, cada judeu recebe no Shabat uma alma adicional: figurativamente, a paz de espírito que nos invade no dia do descanso, expulsando todas as tensões e preocupações do cotidiano. Quando termina o Shabat e a "alma extra" vai embora, sobrevém uma sensação de tristeza. O aroma estimulante das especiarias (bessamim) é uma injeção de ânimo, uma compensação simbólica pela perda de energia espiritual.
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DO NASCIMENTO A MAIOR IDADE
Por que os meninos judeus são circuncidados?
A circuncisão é o
sinal sagrado da Aliança entre Deus e o povo judeu. Foi praticada pela primeira
vez por Abraão- em si próprio, em seu filho Ismael e em todos os homens de sua
casa - depois que Deus lhe ordenou: "Guardarás a Minha Aliança tu e tua
posteridade nas gerações futuras... Todo homem entre vós será circuncisado no
oitavo dia do seu nascimento" (Gênesis 17:9-12). O ritual da Brit Milá "pacto da
circuncisão", é executado dentro das mais perfeitas normas de higiene por uma
pessoa especializada, o mohel, o qual, de acordo com a lei judaica, deve ser um
judeu rigorosamente praticante. Além da criança e do mohel, participam da
cerimônia o pai, que recita uma benção especial, e o sandak (padrinho), que
segura a criança no colo durante a circuncisão. Nesta ocasião dá-se ao menino o
nome hebraico. A Brit Milá marca o ingresso do menino na comunidade dos filhos
de Israel. é o primeiro passo para a integração da criança na tradiçao religiosa
de seus pais. A prática tem sido mentida pelos judeus através dos séculos, mesmo
nas circunstâncias mais adversas, e além dos preceitos que mais contribuiu para
preservar a unidade e a particularidade do povo judeu.
Quando a mãe não é judia, pode-se celebrar a Brit Milá, a circuncisão ritual do filho?
Não. De acordo com a lei judaica, é a mãe quem determina a identidade judaica
dos filhos - é a mãe que da a luz, e ela que cria, é ela que educa. Portanto, se
a mãe não nasceu judia, nem se converteu ao Judaísmo, então seu filho não pode
ser submetido a nenhum ritual judaico (a não ser que ele pessoalmente opte por
uma conversão formal ao Judaísmo, opção esta que a lei judaica lhe permite
somente quando atingir a maioridade). O que pode ser feito, se os pais quiserem,
é uma circuncisão realizada por um médico, sem o cerimonial tradicional. Porém é
claro que não se trata de uma Brit
Qual o significado da Bar-Mitzvá?
"Bar-Mitzvá" em aramaico, significa "filho do mandamento". Ao completar treze
anos, o menino atinge a maioridade religiosa perante a lei judaica, e passa a
ser pessoalmente responsável pelo cumprimento das Mitzvot, os mandamentos. Esse
status legal e religioso é reconhecido publicamente através da cerimônia de
Bar-Mitzvá que se realiza geralmente (mas não necessariamente) no primeiro
Shabat após o 13o. aniversário do menino pelo calendário. Nessa ocasião o jovem
é chamado pela primeira vez para ler um trecho da Torá e/ou recitar as bençãos
antes e depois da leitura. O costume de Bar-Mitzvá, da forma como nós o
conhecemos, é relativamente moderno. Nem a Bíblia nem o Talmud mencionam tal
cerimônia. A primeira referência escrita sobre sua celebração encontra-se no
Shulchan Aruch, código religioso redigido no século XVI. A Bar-Mitzvá é um
acontecimento dos mais significativos, pois marca o ingresso do jovem na
comunidade adulta judaica, com todas as responsabilidades e privilégios
decorrentes. A partir desse dia, por exemplo, ele pode integrar um minyan, o
quórum de dez homens exigido para a realização de qual quer ato religioso de
caráter público. Cada Bar-Mitzvá constitui um renascimento simbólico da fé
judaica, uma reafirmação dos valores e das tradições sobre os quais repousa o
futuro do povo judeu.
É proibido
pela lei judaica dar ao recém-nascido o mesmo nome do pai ou de outro parente
próximo, quando estes estão vivos?
Não há proibição. O que existe, entre os judeus ashkenazim, um costume de não dar à criança o nome de parentes vivos. Porém não existe na lei judaica nada que o impeça. Tanto assim, que é muito comum entre os sefardim dar ao filho justamente o nome do pai ou do avô como uma forma de ressaltar hemshech, continuidade, em vida.
Há alguma cerimônia para dar-se o nome ao bebê recém nascido, no caso de ser uma menina?
A Halachá, a lei judaica, não estipula nenhuma regra sobre a maneira de dar o
nome à criança. É costume, entretanto, o pai comparecer a sinagoga no primeiro
Shabat após nascimento de uma filha. Nessa ocasião ele é chamado à leitura da
Torá e declara o nome hebraico que será dado à menina. A cerimônia é celebrada
alegremente perante toda a congregação, e geralmente seguida de um Kidush
festivo. Um costume recente que vem se tornando cada vez mais popular entre os
judeus liberais e a cerimônia de Simchat Bat ("Alegria por uma Filha"), também
chamada de Brit ha'Chayim ("Pacto da Vida"), uma celebração que se realiza em
casa alguns dias ou semanas após o nascimento de uma menina Uma vez que não se
trata de uma comemoração haláchica, o ritual não segue normas preestabelecidas,
podendo ser elaborado com criatividade e sensibilidade pelos próprios pais e
pelo rabino da família, baseado nos moldes da cerimônia de circuncisão (Brit
Milá).
Qual o significado da Bat-Mitzvá?
A Bat-Mitzvá corresponde à maturidade religiosa alcançada pela menina judia aos
doze anos. A instituição é bem mais recente que a Bat-Mitzvá, uma vez que dentro
do Judaísmo ortodoxo, as mulheres eram dispensadas dos estudos religiosos e eram
sujeitas a um número bem menor de mandamentos do que os homens. Ate há pouco
tempo, a cerimônia de Bat-Mitzvá era celebrada somente pelas congregações
conservadoras e reformistas. Em 1982, entretanto, ela foi oficialmente declarada
"legítima e válida" pelo Rabino-Chefe Sefardi de Israel, Ovadia Yosef. A
preparação é semelhante a dos meninos, excetuando- se a colocação dos tefilin e
do talit. Através de um período de estudos, a menina e conscientizada do seu
papel de futura mãe judia, responsável pela transmissão dos eternos valores do
Judaísmo.Por falta de normas consagradas, o ritual varia de uma sinagoga para
outra. A cerimônia é geralmente celebrada sexta-feira a noite, durante o serviço
de Shabat, ou então na noite de sábado, como parte do serviço de Havdalá que
assinala o término do Shabat.Ao tornar-se Bat-Mitzvá, "filha do mandamento", a
menina ingressa na comunidade judaica adulta, assumindo formalmente sua
responsabilidade religiosa perante o seu povo.
Por que foi escolhida a idade de treze anos como marco da maioridade religiosa?
Não existe nenhuma referência bíblica associando a idade de treze anos a
maturidade religiosa. Entretanto, o Talmud menciona que "ate o décimo terceiro
ano, o pai tem responsabilidade pelo seu filho". E a Ética dos Pais afirma que
aos treze anos, o jovem e responsável pelo cumprimento dos mandamentos da fé
judaica.
O que significa a "redenção dos primogênitos"?
É uma bela cerimônia chamada em hebraico Pidyon Ha'Ben, que se realiza no 31 dia de vida do filho primogênito de mãe judia, nascido de parto natural. A tradição tem origem no êxodo do Egito. Enquanto os primogênitos egípcios foram mortos, os hebreus foram poupados, e Deus exigiu que a partir de então todos os primogênitos hebreus fossem consagrados a Ele, isto é, ao serviço no Templo. Mais tarde, quando o sacerdócio foi oferecido a Aarão e seus descendentes (os Kohanim), e a função de assistentes dos sacerdotes foi atribuída aos levitas, Deus instituiu a redenção dos outros primogênitos (isto é, os israelitas), como um meio simbólico de livrá-los da obrigação de servirem no Templo. O resgate deveria ser feito mediante o pagamento de cinco moedas de prata (shekalim) ao Kohen. Além do aspecto histórico, a cerimônia é uma expressão de gratidão ao Todo-Poderoso por ter dado um primeiro filho ao casal.
Qual o procedimento para uma família judaica adotar uma criança não sabendo a religião dos pais biológicos?
A premissa é a seguinte: quando não temos condições de verificar a religião do filho adotivo, devemos por precaução supor que a criança não é judia. Portanto, torna-se necessária uma conversão de acordo com a lei judaica. O menino pode ser convertido na hora da circuncisão, a menina, por ocasião da imersão no banho ritual (mikvá). Uma vez que a criança sendo pequena, não está decidindo por si, os pais adotivos apresentam-se como "agentes" perante um Beit Din, uma corte rabínica, que concede sua aprovação à conversão. Entretanto, já que a criança não tomou uma decisão consciente, ela tem o direito, de acordo com a lei judaica, de renunciar ou confirmar a conversão ao atingir a puberdade, isto é, aos doze anos para as meninas e treze anos para os meninos. Depois dessa idade, os pais não podem converter os filhos sem o consentimento destes.
Por que o primogênito nascido de cesariana não precisa ser redimido?
A Torá define como filho primogênito, petor rachem, "aquele que abre o útero de
sua mãe" (Êxodo 13:2). Portanto, somente o primeiro filho nascido de parto
natural precisa ser redimido. Mais ainda, se a mãe tiver sofrido um aborto
natural numa gravidez anterior, o primeiro filho já é considerado o primogênito,
uma vez que outro feto "abriu o útero" antes dele.
Qual a origem da festa de Bar ou Bat-Mitzvá depois da cerimônia?
O costume surgiu na Idade Média, quando a cerimônia de Bar-Mitzvá era seguida de
uma seudat mitzvá, uma refeição festiva comemorando o cumprimento de uma
obrigação sagrada. Para acentuar o caráter religioso da festa, o jovem
Bar-Mitzvá discorria sobre o trecho semanal da Torá ou outro tema judaico,
demonstrando assim os conhecimentos que havia adquirido até então. É
interessante notar que já naquela época, algumas autoridades, com receio que o
luxo excessivo pudesse deturpar o verdadeiro sentido da festa, estabeleceram
determinadas regras limitando o número de convidados e exigindo certo grau de
sobriedade. O costume contemporâneo de celebrar a Bar-Mitzvá com pompa e
ostentação é totalmente contrário ao espírito da lei judaica.
Por que se reserva uma cadeira para o Profeta Elias durante a Brit Milá?
Um Midrash relata que num determinado período da história judaica, sob a
influência da perversa Rainha Jezebel, as Dez Tribos de Israel quiseram abolir a
prática da circuncisão. O protesto do Profeta Elias contra essa atitude irritou
a rainha e ela ordenou que ele fosse morto. Elias conseguiu escapar, e o Todo
Poderoso prometeu-lhe, em reconhecimento pela sua devoção e coragem, que nenhuma
circuncisão a partir daquele dia poderia se realizar sem a sua presença. Por
esta razão reserva-se uma cadeira especial para o Profeta Elias, na qual o bebê
é colocado antes do inicio da circuncisão.
Por que não se celebra o Pidyon Ha'Ben nas famílias Kohen ou Levi?
Se o pai é Kohen ou Levi, o filho adquire por hereditariedade o respectivo
titulo, bem como as funções inerentes a ele. Assim sendo, ele não precisa ser
redimido da obrigação de servir no Templo.
A Bar-Mitzvá pode ser realizada em outros dias fora o Shabat?
A cerimônia pode ser realizada em qualquer dia no qual seda lida a Torá: às
segundas e quintas-feras, no Shabat e nos feriados, dependendo do costume da
respectiva sinagoga.
É permitido fazer a Brit Milá no Shabat ou nos outros feriados judaicos?
Desde os dias de Abraão os meninos judeus são circuncidados no seu oitavo dia de vida, marcando assim seu ingresso na comunidade do Povo de Israel. A Mitzvá da Brit Milá é tão sagrada que deve ser cumprida mesmo quando o oitavo dia cai no Shabat ou em qualquer outro feriado, inclusive Yom Kipur. Só se justifica um adiamento em caso de bebês prematuros ou doentes, cujo estado de saúde não permite a circuncisão naquele dia.
Pode-se realizar a cerimônia de Pidyon Ha'Ben no Shabat?
Não. Uma vez que o ritual envolve uma "transação comercial" (o pagamento feito
pelo pai ao Kohen), ele não pode se realizar no Shabat e nos feriados
principais. Neste caso, a cerimônia é adiada para o próximo dia.
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Casamento e Divórcio
Por que é proibido aos judeus casarem-se com uma pessoa cristã, a não ser que esta se converta ao Judaísmo?
Afirmamos a importância da unidade e unicidade religiosa da família, seja qual
for a religião. O casamento já é suficientemente complicado e complexo quando
marido e mulher compartilham a mesma fé. Acrescentar divergências religiosas aos
problemas cotidianos só pode gerar maiores tensões e conflitos. Além do mais, a
família é o melhor meio para perpetuar os valores universais e as tradições
religiosas. Acreditamos que todas as religiões são igualmente validas. Porque
Deus é Um só Mas existem caminhos diversos para se chegar a Ele. E é preciso
manter-se num deles, seja lá qual for, a fim de não se perder. Nunca atingiremos
o universal obliterando nossas diferenças. Cabe a família cristã preservar o
Cristianismo, e a família judaica preservar o Judaísmo.Desta forma, estamos não
só fortalecendo nossos respectivos credos, como também revigorando a instituição
da família nestes dias conturbados em que vivemos.
Como a religião judaica encara o divórcio?
O Judaísmo considera o matrimônio um vinculo sagrado, um compromisso que não
pode ser rompido levianamente. Em nossa tradição, a separação de um casal Sempre
foi vista como uma verdadeira tragédia.No entanto, a lei judaica não proíbe o
divórcio. Ela reconhece que ainda mais trágica do que uma separação, é uma vida
de desamor familiar. Um lar que permanece fisicamente intacto, mas que já se
desmoronou espiritualmente, e muito mais prejudicial para os pais e para as
crianças do que um divórcio. Desde que ambos os cônjuges expressem o desejo de
uma separação definitiva, o divórcio judaico (get em hebraico) e então
formalizado sob orientação rabínica. Um casamento consagrado pela Lei de Moisés
e Israel só pode ser dissolvido de acordo com a Lei. A cerimônia do get
processa-se na presença de duas testemunhas e de um escriba que prepara à mão o
documento de divórcio, o qual é lido e arquivado pelo rabino ou um tribunal de
três rabinos. Marido e mulher recebem uma carta (z) atestando oficialmente a
consumação do divórcio e dando-lhes o direito de se casarem novamente. A esposa
só pode contrair novas núpcias após o prazo de 92 dias, evitando assim qualquer
dúvida sobre a paternidade, caso ela venha a conceber um filho do segundo
marido.
Por que o
noivo quebra um copo no final da cerimônia de casamento?
Trata-se de um costume sujeito a diversas interpretações. A explicação tradicional é que a quebra do copo representa a recordação da destruição do antigo Templo. Ser judeu é ter memória. É lembrar as tristezas do passado, mesmo nos momentos mais felizes do presente. Mais ainda, ser judeu é pertencer a uma Comunidade. Mesmo nas ocasiões de júbilo pessoal, o judeu não esquece o sofrimento do seu povo através dos séculos. Outra explicação, baseada arenas em superstição, diz que o barulho do vidro se partindo é um meio de afugentar os maus espíritos. Alguns acham que a quebra do copo simboliza um rompimento com a vida passada dos noivos. As faltas anteriores são perdoadas, para que marido e mulher ingressem no casamento sem quaisquer sentimentos de culpa que poderiam prejudicar seu relacionamento. Outra interpretação é que quebrando o copo, os noivos se conscientizam da fragilidade das relações humanas e da necessidade de tratar um ao outro com delicadeza, consideração e sensibilidade. Mais ainda, a quebra do copo no final da cerimônia simboliza a essência de uma vida a dois: a combinação de idealismo e - realismo voar alto, mas sempre com "pés no chão". O casamento não é um mar de rosas, e sim um fluxo contínuo de altos e baixos. Declarar "eu te amo" quando as coisas vão bem não representa uma verdadeira prova de amor. Infinitamente mais profundo é dizer "eu te amo" nas horas difíceis. Com o copo, o marido esta declarando à sua esposa: "Compartilharemos tudo, inclusive os destroços. Juntos, dividiremos as dores e multiplicaremos as alegrias."
A lei judaica permite a poligamia?
De acordo com a Torá, Abraão tinha três esposas, Jacob tinha duas, e o Rei
Salomão tinha nada menos que 700 esposas e 300 concubinas! Portanto, a poligamia
não era proibida. No entanto, com exceção destes e alguns outros casos isolados,
o Judaísmo se baseia na monogamia. A historia de Adão e Eva pressupõe isto. Noé
em seu propósito de preservar a vida humana e animal, tinha uma única esposa, e
levou consigo na arca apenas um par de cada espécie animal. Os profetas
descrevem a relação entre Deus e Israel através da metáfora de um casamento
monogâmico: os judeus amavam um único Deus (ha'Shem Echad), e Deus escolheu um
único povo (Am Echad). A poligamia nunca foi recomendada. Ela foi aceita nos
tempos bíblicos, talvez pela necessidade de maior procriação nos primórdios da
nossa história. Porém, ela era considerada uma forma social primitiva, e como
tal foi gradativamente se autodestruindo, tendo sido oficialmente proibida no
século Xl. Moralmente e ideologicamente, não há dúvida alguma de que o Judaísmo
apoia firmemente o casamento monogâmico como o padrão ético por excelência.
Como a lei judaica encara o adultério?
O adultério é proibido pelo Sétimo Mandamento. De acordo com a Bíblia, ambos os
culpados - o homem e a mulher - seriam punidos com a morte. No entanto, é
interessante observar que a lei judaica só considera como adultério a relação
entre um homem e uma mulher casada (que não seja sua esposa, obviamente). A
relação de um homem casado com uma mulher solteira, viúva ou divorciada, embora
certamente não seja recomendada, não é explicitamente proibida.
Por que a lei judaica diz que a aliança não pode conter pedras preciosas?
Antigamente, o valor do anel era um fator importante nas negociações prévias
entre as duas famílias. Se ele contivesse pedras preciosas, seu custo exato
seria difícil de determinar. Mais ainda, um noivo pobre poderia se sentir
envergonhado por não poder dar à sua noiva uma aliança tão ornamentada quanto a
dos ricos.Outra interpretação é que um defeito numa pedra preciosa permanente,
enquanto que uma falha num anel de ouro puro pode ser removida facilmente
através do polimento. Usando, para os fins da cerimônia de casamento, um simples
aro de ouro, sem preciosas, ressaltamos que não existe nenhum problema dia-a-dia
entre marido e mulher que não possa ser corrigido nado com um pouco de
paciência, boa vontade e compreensão.
Existe uma cerimônia de noivado judaico?
Existe, sim. Chama-se t'naim, que significa "condições" é uma promessa mútua, um contrato para um futuro casamento, feito pelos próprios noivos ou pelos seus pais ou agentes. Originalmente, a cerimônia de t'naim não tinha uma conotação legal. Ela adquiriu um caráter mais formal somente nos tempos talmúdicos, quando foi elaborado um documento especial, shtar t'naim, contendo todos os detalhes do acordo de noivado. O documento era assinado pelos noivos e por seus agentes, e o contrato só podia ser dissolvido perante uma corte rabínica. Tal era a importância atribuída pelos rabinos ao noivado que eles consideravam a noiva uma semi-esposa e o noivo um semi-esposo. A infidelidade durante o noivado era equivalente ao adultério. A cerimônia de t'naim é celebrada hoje em dia principalmente entre os Judeus sefardim. Um prato de porcelana é quebrado, pela mesma razão que se quebra um copo de vidro durante o casamento, e uma multa é estipulada no caso de rompimento do contrato. Para confirmar simbolicamente o acordo, os noivos e as testemunhas seguram as pontas de um lenço, um ritual que se chama em hebraico kinyan sudor.
Por que em alguns casamentos a noiva dá três ou sete voltas ao redor do noivo durante a cerimônia?
A prática baseia-se num versículo messiânico do Livro de Jeremias: "A esposa
cercará o esposo." Há duas interpretações para este versículo. Uma é que a
esposa o cercará de cuidados. A segunda é que a vida da esposa girará em torno
do seu marido.Por considerarem estas interpretações um tanto "machistas",muitas
sinagogas liberais aboliram o costume. Quanto ao número de voltas: sete é o
número de dias na semana, é também o número de pessoas que são chamadas para a
Torá no Shabat, e é o número de voltas que se dá carregando os rolos da Lei em
Simchat Torá. Além disto, a Bíblia repete sete vezes a frase: "Quando um homem
desposar uma mulher. . ." O número três, por sua vez, representa as três
repetições -comidas na promessa de Deus à Sua "noiva", Israel: "Desposar-te-ei
para sempre; desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com compaixão e
ternura; desposar-te-ei com fidelidade" (Oséias 2:21-22).
O que é o Levirato?
Levirato (yibum em hebraico) a lei que obriga um homem judeu a se casar com a
viúva do seu irmão, caso este tenha falecido sem deixar filhos (Deuteronômio,
capitulo 25). A palavra em português vem do latim "levir", que significa
"cunhado". Embora a união com a esposa do próprio irmão esteja entre os
relacionamentos incestuosos proibidos pela Torá, a lei faz uma única exceção no
caso do falecido não ter deixado filhos, a fim de evitar a calamidade de se
extinguir a linhagem familiar. O irmão sobrevivente tornava-se responsável pela
mitzvá de gerar um herdeiro que perpetuasse o nome do falecido. Se ele se
recusasse a casar com a cunhada viúva, ambos deviam comparecer diante dos
anciãos, que realizavam então a cerimônia de chalitzá, desobrigando-os
formalmente do compromisso. Com o tempo, o costume do Levirato foi causando
muitas complicações morais e legais, tais como a situação matrimonial do cunhado
quando este já era casado. Os rabinos chegaram à conclusão de que seria melhor
abolir a prática, e em 1950 o Rabinato de Israel proibiu o casamento Levirato. A
chalitzá, entretanto, foi mantida e é obrigatória. A cerimônia é presidida por
uma corte rabínica.
Por que a cerimônia judaica de casamento se realiza sob a chupá?
A chupá, o pálio matrimonial que acolhe os noivos no momento de sua unido
perante Deus, representa simbolicamente o novo lar que esta prestes a ser
construído - onde o casal dever. viver segundo os mandamentos da lei judaica,
mantendo as tradições milenares do seu povo.A simplicidade da chupá (um pano
sustentado por quatro hastes, ou às vezes um talit) ensina aos noivos que o
essencial não é a ostentação exterior, mas sim a riqueza interior, aqueles
valores fundamentais - amor, carinho e devoção - que farão de sua casa um
verdadeiro lar. Um belo costume nos tempos antigos era plantar um pinheiro
quando nascia uma menina, e um cedro quando nascia um menino. Quando eles se
casavam, fazia-se a chupá entrelaçando os galhos dessas duas arvores. Era um
símbolo de dois seres que crescem separadamente e, através do casamento, se unem
num só.
Por que é o próprio noivo quem cobre a noiva com o véu?
A Bíblia conta a história de Jacob, que trabalhou sete anos para seu futuro
sogro, a fim de obter a mão de sua amada Raquel em casamento. Na noite das
núpcias, o pai de Raquel levou propositadamente sua filha mais velha, Léa para
unir-se com Jacob, e este somente percebeu a troca na manhã seguinte. Daí surgiu
o costume do noivo ver a noiva antes que seu rosto esteja coberto pelo véu, para
ter certeza que ele irá desposar a mulher certa. Depois de olhar para a noiva,
ele mesmo a cobre com o véu, uma tradição chamada em Yidish "badeken di kala",
enquanto é recitada a bênção bíblica invocada sobre Rebeca: "Ó irmã! Que possas
tornar-te a mãe de milhares de miríades!" (Gênesis )
O que é o aufruf?
Trata-se de urna celebração realizada na sinagoga para homenagear o noivo no
Shabat anterior ao seu casamento. De acordo com o Talmud, o costume provém desde
os tempos do Rei Salomão, porem naquela época o tributo era prestado do lado de
fora do Templo. A palavra "aufruf" significa em alemão "chamada". No sábado de
manha, perante toda a congregação reunida, o noivo recebe a honra de uma aliyá
isto é, ele é chamado para subir ao altar e recitar as bençãos antes e depois da
leitura da Torá. Em algumas comunidades, especialmente as de origem oriental,
costuma-se jogar nozes, passas e balas sobre o noivo quando ele conclui a benção
final, como prenúncio de doçura e prosperidade no casamento. Os rabinos vêem
nesta tradição um outro significado simbólico. Assim como as nozes podem ser
doces ou amargas, assim também o casamento pode ter harmonia ou discórdia. Mais
ainda, a palavra hebraica para "noz", "egoz", tem o mesmo valor numérico que as
palavras "chet" (pecado) é "tov" (bom). Em última análise, o relacionamento
entre o casal dependerá do caráter e dos esforços do marido e da esposa.
É verdade que um filho não pode assistir ao segundo casamento de seu pai viúvos?
Em certas comunidades, é costume os filhos jejuarem no dia em que seu pai viúvo
(ou mãe viúva) se casa novamente. Daí origina a prática dos filhos não tomarem
parte nesta cerimônia de casamento. Entretanto, não há nenhuma lei que o proíba.
O Todo-Poderoso declara explicitamente que "não é bom o homem estar só" (Gênesis
2:18). De acordo com a lei judaica, a única restrição quanto ao casamento de um
viúvo e que ele não seja realizado durante os trinta primeiros dias de luto. No
caso de uma viúva, ela deve esperar três meses, para que se tenha certeza de que
ela não estava grávida do primeiro marido Observadas estas condições, o segundo
casamento é tão abençoado quanto o primeiro, e a cerimônia pode ser assistida
por qualquer pessoa, inclusive pelos filhos do casamento anterior.
Dizem que terça-feira é um dia de sorte para casamentos, e segunda-feira é uma dia de azar. Por que?
Segundo o Livro de Gênesis, no final de cada dia da Criação, Deus contemplou Sua
obra, "e Deus viu que isto era bom.'' No relato referente ao terceiro dia
(terça-feira), esta frase é repetida duas vezes, enquanto que no segundo dia
(segunda-feira) ela é omitida.
O que é a ketubá?
A ketubá é o contrato de casamento judaico, instituído há mais de dois milênios
e originalmente escrito em aramaico. Embora fizesse referência ao dote da noiva
e aos direitos de propriedade do marido, o documento garantia também os direitos
da mulher e continha cláusulas para protegê-la em caso de divórcio ou morte do
marido. Tradicionalmente, a ketubá é assinada pelo noivo e duas testemunhas
antes do início da cerimônia, e é lida perante todos os presentes quando os
noivos estão sob a chupá.A ketubá pode ser escrita a mão ou impressa. Embora o
texto deva obedecer certas normas rabínicas, não existe nenhuma restrição quanto
ao formato e decoração da mesma. Assim, criar ketubot tornou-se uma forma de
arte autenticamente judaica, que dá plena liberdade a criatividade do artista.
Atualmente, muitas ketubot são escritas em hebraico e/ou na língua vernácula.
Entre os judeus liberais, o documento leva em conta a igualdade dos sexos, tendo
portanto um caráter de compromisso mútuo entre marido e mulher, que é assinado
por ambos.
Por que a noiva usa um véu durante a cerimônia de casamento?
A tradição tem origem na história de Rebeca, que cobriu-se com um véu quando viu
se aproximar seu futuro marido, Isaac (Gênesis 24:65). Alguns dizem que a
finalidade de cobrir o rosto é impedir que outros homens lancem um olhar
libidinoso à noiva no dia do seu casamento. O véu seria então uma demonstração
pública de que noiva pertence exclusivamente ao seu futuro esposo.
Uma linda interpretação é que, assim como se cobre os olhos com a mão quando se
recita o "Shemá" (a declaração de fé em Deus), assim também a noiva cobre os
olhos com o véu para demonstrar sua confiança "cega" no futuro marido. Em
algumas comunidades chassídicas e orientais, onde não existe o costume do véu, a
noiva é conduzida ao altar com os olhos vendados - seguindo este mesmo
simbolismo.
Por que em alguns casamentos, a aliança é primeiro no dedo indicador da mão direita da noiva, é transferida para o anular da mão esquerda?
Antigamente, costumava-se
colocar a aliança no dedo indicador da mão direita, porque achava-se que sendo
este o dedo saliente, seria mais fácil para as testemunhas enxergarem a
colocação do anel. Outra explicação: o dedo indicador aponta simbolicamente para
o futuro. O amor, sob a perspectiva judaica, não é apenas a causa do casamento,
mas acima de tudo a conseqüência do mesmo
No século XV, surgiu uma crença de que no anular da mão esquerda passa uma veia
que vai diretamente ao coração. Tornou-se costume então transferir a aliança
para o anular logo após a cerimônia. Nas sinagogas mais liberais, a aliança é
colocada diretamente no anular.
Por que os noivos trocam alianças?
Na sua forma original, o casamento era essencialmente um ato de aquisição: o
noivo "adquiria" a noiva, e a transação era selada por meio do pagamento de uma
moeda de ouro ou prata, a qual tinha um determinado valor mínimo. Com o passar
do tempo, a moeda foi substituída por um anel, embora muitos judeus de origem
oriental ainda usem uma moeda na cerimônia de casamento.
Antigamente, somente a noiva recebia uma aliança, e tal pratica é preservada
entre os ortodoxos. Os liberais, por outro lado, dentro do espírito da igualdade
dos sexos, instituíram uma troca de alianças entre os noivos. Por que um anel e
não outro objeto qualquer? Existem várias explicações. No Egito antigo, o anel
era um sinal de autoridade. A Bíblia relata que o Faraó deu seu anel a José
quando lhe concedeu poderes para governar o Egito (Gênesis 41:42). Os rabinos
ressaltam que o poder associado ao anel pode ser usado para o bem ou para o mal.
José, tendo recebido o anel do Faraó, salvou o Egito. Haman, por outro lado, ao
receber o anel do rei persa Achashverosh, usou seu poder para tentar destruir o
povo judeu. Assim também, dizem os rabinos, o poder que marido e mulher conferem
um ao outro com a troca das alianças, tem que ser usado construtivamente para
aprofundar e enriquecer o relacionamento conjugal. Outra interpretação é que a
forma circular do anel, sem começo nem fim, seria um prenúncio da continuidade
do amor, lealdade e devoção ao longo da vida matrimonial. Uma linda explicação é
que a história judaica pode ser vista como uma corrente de anéis interligados.
Assim, ao trocarem as alianças, os noivos declaram simbolicamente seu elo com o
passado e seu compromisso para o futuro.
No que se baseia a proibição do incesto na lei judaica?
A Bíblia contam uma longa lista de relações proibidas entre parentes por
consangüinidade ou afinidade. O incesto era um crime severamente condenado, e
sujeito a pena capital. Tais proibições não eram uma medida genética visando
assegurar descendentes sãos. Seu objetivo era impedir que os israelitas
imitassem as praticas pagãs dos egípcios e cananeus. Mais ainda, uma das
finalidades da instituição do casamento era reunir diferentes elementos da
sociedade, dando assim ênfase à unidade fundamental da humanidade sob o domínio
de um único Deus. Daí outra razão de serem condenadas uniões entre pessoas que
já estavam naturalmente tinidas por lagos de família.
Por que a noiva fica à direita do noivo durante a cerimônia?
No Livro dos Salmos, capítulo 45, versículo 10, lemos "A rainha esta à tua
direita, ornada de ouro de Ofir." Uma vez que a noiva, no dia do seu casamento,
é vista pela tradição judaica como uma rainha, ela fica à direita do noivo.
Por que alguns casamentos judaicos se realizam ao ar livre?
É uma tradição que provém da promessa de Deus a Abraão: "Eu te farei o pai de
uma grande nação tão numerosa quanto as estrelas nos céus." A cerimônia ao ar
livre, diretamente sob. os céus, é um presságio de fertilidade. É nossa
esperança de que aquele casamento trará ao mundo muitas crianças saudáveis e
felizes, que engrandecerão quantitativa e qualitativamente o nosso povo e toda a
raça humana
Por que em algumas comunidades costuma-se jogar arroz sobre os noivos quando termina a cerimônia?
Não é uma tradição especificamente judaica. Em algumas culturas antigas, o arroz
era considerado um símbolo de fartura fertilidade Jogando arroz sobre os noivos,
expressamos nossos - de que eles "cresçam e se multipliquem", conforme foi dito
no Livro de Gênesis. Alguns jogam pétalas de rosas sobre os noivos - um costume
que, apesar de ser esteticamente lindo, não traz consigo nenhuma simbologia
religiosa.
Por que se usam duas taças de vinho durante a cerimônia de casamento?
A cerimônia do casamento judaico, da forma que a realizamos hoje, é a
justaposição de duas cerimônias diferentes que eram antigamente celebradas com
até um ano de intervalo entre ambas. A primeira chamava-se erussin (mais tarde
kidushin), e era equivalente a um noivado. A segunda, nissuin, era o casamento
propriamente dito. Em cada uma delas, recitava-se uma bênção sobre o vinho, e os
noivos bebiam da mesma taça. A prática de recitar bênçãos sobre duas sagas de
vinho foi mantida, mesmo depois que as duas cerimônias foram incorporadas numa
só. Outra interpretação é que as duas sagas simbolizam a alegria o a tristeza
que o casal encontrara ao longo da vida matrimonial. Bebendo juntos de ambas as
taças, os noivos demonstram sua determinação de compartilhar todas as alegrias e
as tristezas que o destino lhes trouxer.
Por que não se pode celebrar um casamento no Shabat?
Existem dois motivos básicos. Primeiro, a cerimônia nupcial é uma espécie de
contrato, através do qual os noivos assumem uma série de compromissos mútuos, e
a lei judaica não permite nenhum tipo de "transação comercial" no Shabat. Em
segundo lugar, nossa tradição proíbe que sejam comemoradas duas alegrias no
mesmo dia. Como o Shabat em si já é considerado uma simchá, não se pode
acrescentar a este dia festivo a alegria do casamento. O mesmo é válido para os
principais feriados judaicos.
Por que a tradição judaica exige que o noivo esteja no altar, sob o pálio matrimonial, antes da chegada da noiva?
De acordo com o Zohar, principal fonte da mística judaica, este procedimento vem
desde a criação de Adão e Eva. Depois que Eva foi formada da costela de Adão,
ela foi literalmente "levada para junto do homem" (Gênesis 2:22). Outros fazem
uma analogia com o casamento entre Deus e o Povo de Israel, quando o
Todo-poderoso aguardou no Monte Sinai a chegada de Sua noiva (Israel).
De acordo com uma interpretação mais liberal, a entrada da noiva por ultimo no
santuário acentua simbolicamente sua liberdade de escolha. Uma vez que o noivo
já está no altar, ela tem uma chance de ver o homem com quem irá se casar, antes
de chegar à chupá, a tenda nupcial. O Judaísmo, embora seja produto de uma
sociedade patriarcal, sempre se mostrou sensível posição e às necessidades da
mulher.
Por que alguns noivos jejuam no dia do casamento?
A tradição judaica
ensina que o dia do casamento marca um novo começo. Todos os pecados do passado
são perdoados e os noivos iniciam sua vida conjugal "purificados''. Assim, o dia
do casamento adquiriu um caráter semelhante ao Dia do Perdão. Por esta razão,
alguns noivos observam o jejum e recitam o Vidui, a oração confessional de Yom
Kipur. Os rabinos do Talmud viram nessa tradição uma reencenado do "casamento"
entre o Todo-Poderoso e Seu povo no Monte Sinai. Assim como os israelitas
jejuaram em preparação para o recebimento da Torá, assim também os noivos
observam o jejum antes de consumarem as núpcias.
Duas irmãs podem se casar no mesmo dia, na mesma hora, na mesma cerimônia?
A norma é: "Ein me'arvin simchá be'simchá", ou seja, não mistura uma alegria com
a outra. Cada uma das duas irmãs sua própria cerimônia, isto é, as bênçãos
nupciais devem repetidas separadamente para cada casal. Quanto à possibilidade
de celebrarem-se as duas cerimônias sob dois pálios matrimoniais separados, as
autoridades divergem. Alguns permitem, outros não. A solução mais prática é
celebrar uma cerimônia logo após e em seguida comemorar com uma só festa a
alegria de ambos os casais.
De onde provém a instituição do shadchan (casamenteiro)?
Na tradição judaica, Deus é visto como o "Supremo Casamenteiro". Uma lenda no
Zohar relata que o Todo-Poderoso cria cada alma em duas partes. Uma das metades,
Ele coloca no corpo de um homem, a outra no corpo de uma mulher. E o casamento
significa que as duas metades da mesma alma, criadas junto e predestinadas uma a
outra, se reúnem conforme os desígnios do Criador. Portanto, o shadchan sempre
ocupou uma posição de honra dentro da comunidade, uma vez que ele era quase um
"agente de Deus" e seu trabalho era considerado uma verdadeira mitzvá. De acordo
com a Bíblia, o primeiro casamenteiro humano foi Eliezer, servo de Abraão, que
arranjou o casamento de Isaac e Rebeca. Porém, a profissão de shadchan só se
formalizou na Idade Média. A instituição baseava-se na premissa de que o amor
seria o resultado de um bom shiduch, uma união perfeita, e não necessariamente
um pré-requisito. Um bom casamento dependia da compatibilidade social, cultural
etc., entre marido e mulher. Durante os séculos XVIII e XIX, quando o amor
romântico passou a ser visto como um elemento essencial para o casamento, a
popularidade do shadchan decaiu muito. Até hoje, entretanto, em várias
comunidades, o casamenteiro continua atuante.
Por que alguns noivos insistem em celebrar o casamento na primeira quinzena do mês judaico?
O calendário hebraico baseia-se no ciclo lunar, isto é, cada mas tem início com a Lua Nova. Portanto, durante a primeira quinzena, a lua vai gradativamente crescendo, e durante a segunda quinzena ela diminui. Por esta razão, o casamento na primeira metade do mês é um prenúncio tradicional de prosperidade e fertilidade, simbolizando a esperança de que o amor entre marido e mulher cresça cada vez mais ao longo de sua vida matrimonial.
Por que em algumas congregações, dois dos familiares que acompanham o noivo ao altar carregam velas?
Os rabinos oferecem três explicações para este costume. Primeiro, a luz é
tradicionalmente um símbolo de alegria.
Segundo, o casamento judaico reproduz de certa forma a entrega da Torá no Monte
Sinai, quando o Todo-Poderoso "desposou" o Povo de Israel. Nessa ocasião, viu-se
a luz de relâmpagos no céu (Êxodo 19:16). Terceiro, o valor numérico da palavra
hebraica "ner" que significa "vela", é 250. Duas velas, portanto, correspondem
ao número 500, que coincide com o valor numérico da bênção bíblica "P'ru u'rvu",
"Crescei e multiplicai-vos". Assim, as duas velas representam a esperança de que
o casal possa gerar muitos filhos.
Por que não se celebram casamentos durante as três semanas antes de Tishá Be'Av?
No 17.° dia do mês de Tamuz, foi aberta a primeira brecha no muro de defesa ao
redor de Jerusalém, o que levou a conquista da cidade três semanas mais tarde,
em Tisha Be'Av.Durante essas três semanas (Bein Ha'Metzarim, em hebraico),
relembramos através dos trechos dos Profetas o sofrimento do nosso povo, o caos
na comunidade, a fome e a sede. Por ser um período marcado pela tristeza, não se
comemoram festividades públicas, nem se celebram casamentos.
Por que existem certas exceções à proibição de celebrar casamentos entre Pessach e Shavuot?
De acordo com a literatura rabínica, a morte dos discípulos de Rabi Akiva
ocorreu na verdade durante uma parte do Omer (33 ou 34 dias). Porém, como
existem divergências entre as autoridades quanto a quais foram exatamente estes
dias, o período de luto parcial varia de comunidade para comunidade.Alguns
interrompem o luto a partir do 33.° dia; outros iniciam o luto somente na
terceira semana do Omer; e assim por diante. Todos, entretanto, concordam que no
33.° dia, Lag Ba'Omer, o dia em que cessou a epidemia (segundo o Talmud), é
permitido celebrar casamentos. O mesmo ocorre nos outros dias festivos que caem
durante este período: os dias de Lua Nova, por exemplo.Os judeus liberais também
interrompem o luto em Yom Yerushalayim, o dia da reunificação de Jerusalém, e
Yom Ha'Atzmaut, o aniversario da independência do Estado de Israel.
Por que não se celebram casamentos durante o Omer, o período entre Pessach e Shavuot?
No século 11 da Era Comum, no período entre Pessach e Shavuot, Bar Kochba e os
discípulos de Rabi Akiva que o apoiavam sofreram uma grave derrota em sua
rebelião contra os exércitos romanos. O Talmud descreve esse episódio não como
uma derrota militar, mas sim como uma epidemia que irrompeu entre os soldados de
Bar Kochba. Seja como for, 24 mil dos jovens seguidores de Rabi Akiva perderam a
vida. Por esta razão, as sete semanas entre Pessach e Shavuot são um período de
luto parcial no qual não se realizam casamentos nem reuniões festivas.
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MORTE E LUTO
Como o Judaísmo entende a vida após a morte?
A idéia de vida após a
morte é um postulado da teologia judaica, porém não uma afirmação. E como muitos
outros conceitos, esta sujeito a diversas interpretações. Para os ortodoxos, a
noção de "vida após a morte" é uma declaração da crença na vinda do Messias, que
ressuscitara fisicamente os mortos. Para os judeus liberais, por outro lado' a
idéia e mais figurativa do que literal existe a terra dos vivos e existe "a
terra dos mortos". A ponte entre elas é o amor. Nós atravessamos essa ponte
diariamente, por meio dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Seguindo o
exemplo daqueles que partiram, dedicando nossa vida à perpetuação dos seus
ideais, nós lhes concedemos a imortalidade. Enquanto nós vivermos, eles viverão.
Por que não há caixões ornamentados e flores nos enterros judaicos?
Nos judeus frisamos a igualdade de todos os seres humanos em sua morada final.
Na morte, rico e pobre se encontram, pois ambos foram criados por Deus"
(Provérbios 22:2). Somente as pessoas abastadas poderiam ser enterradas com
pompa. Por esta razão, fazemos questão de realizar o enterro sem ostentação, sem
enfeites, sem flores, ressaltando o respeito ao falecido através da
simplicidade. Mais ainda, nossos rabinos tinham receio da tendência humana de
cultuar os mortos. É interessante notar que o local do sepultamento de Moisés é
desconhecido, para evitar que cometamos o pecado da idolatria. Flores eram
freqüentemente usadas pelos pagãos em seus rituais fúnebres. Nós, como judeus,
não cultuamos os mortos. Pelo contrário: diante da morte, reafirmamos a vida. E
traduzimos a memória em ação.
Por que se costuma fechar os olhos do falecido imediatamente após a morte?
De acordo com a tradição mística judaica, a pessoa quando morre encontra-se com
o Criador. E seria indecoroso contemplar a Presença Divina ao mesmo tempo em que
se observa as coisas mundanas. Fechando os olhos do falecido para o mundo
físico, permitimos que ele os abra para a paz do mundo espiritual. Geralmente é
o filho quem pratica este ato, em lembrança das palavras confortantes de Deus ao
patriarca Jacob: "Teu filho José colocará as mãos sobre teus olhos" (Gênesis
46:4).
A lei judaica permite a crematório?
Não, por dois motivos. Primeiro, porque a cremação era originalmente um ritual
pagão, um ato associado com a idolatria que o Judaísmo combateu. Segundo, porque
a lei judaica proíbe a mutilação do cadáver. A Bíblia afirma: "Porque és pó, e
ao pó tornarás" (Gênesis 3:19). A decomposição do corpo deve ocorrer
naturalmente, sem interferência externa. Existem casos excepcionais (durante as
epidemias, por exemplo), em que a lei judaica permite a cremação. Porém, mesmo
em tais situações, é necessário consultar um rabino.
O que é o Kadish?
O Kadish é um hino de louvor a Deus. Por ser tradicionalmente recitado nos
enterros e nos serviços comemorativos dos finados, ele é popularmente
considerado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o Kadish não faz nenhuma
referência à morte ou ao luto. É puramente uma exaltação a Deus e uma súplica
por um mundo de paz.Embora os cabalistas do século XVI atribíissem um caráter
místico ao Kadish, alegando que toda vez que ele era recitado, a alma do
falecido se elevava a um nível espiritual mais alto, o valor intrínseco do
Kadish se relaciona a pessoa que o recita. Há uma expressão pública de fé em
Deus por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo em face da dor e
da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da incapacidade de
racionalizar uma tragédia pessoal. O Kadish tem sido um dos fatores
predominantes da continuidade do povo judeu - um elemento essencial daquele
cordão umbilical que vem ligando as gerações judaicas uma a outra através dos
tempos.
Por que é costume fazer um rasgo na roupa dos enlutados?
Este ritual, keriá, é um sinal tradicional de luto desde os tempos bíblicos. A
Torá relata que Jacob, ao receber a falsa notícia de que seu filho José tinha
sido devorado por uma fera, reagiu "rasgando as vestes" (Gênesis 37:34). Também
David rasgou suas vestes ao saber da morte do Rei Saul e seu filho Jonathan.
Talvez esse ritual tenha uma finalidade psicológica: uma forma de descarregar a
dor e a angústia diante da perda de um ente querido.Ao rasgar a roupa, o
enlutado profere a bênção "Baruch Dayan Emet", "Bendito seja o verdadeiro Juiz",
demonstrando assim que apesar da tragédia, sua crença em Deus e na justiça
divina continua inabalável.
Por que é costume colocar algumas pedrinhas sobre a lápide quando se visita um túmulo?
Trata-se de um ato
simbólico para marcar visivelmente nossa presença no local. É como se
estivéssemos dizendo ao ente querido: "Você não foi esquecido."
Por que se cobrem os espelhos na casa de uma família enlutada?
Trata-se de um costume relativamente recente (datando da Idade Média), que pode ser explicado de várias maneiras. Primeiramente, durante a Shivá (a primeira semana de luto), realizam-se diariamente serviços religiosos na casa dos enlutados. A lei judaica proíbe rezar diante de um espelho. Outra razão é que a função básica do espelho relaciona-se diretamente com a vaidade pessoal, e esta contraria o espírito do luto, especialmente durante os primeiros dias, quando o enlutado deve se abster de fazer a barba, cortar o cabelo, enfeitar-se, etc.Finalmente, o espelho reflete a imagem da pessoa somente se ela estiver fisicamente presente diante dele. Ao cobrirmos os espelhos na casa dos enlutados, demonstramos simbolicamente que mesmo sem a presença física daquele ente querido que partiu, sua imagem continua real e viva. Longe dos olhos, não longe do coração.
Por que os judeus lavam as mãos ao saírem do cemitério?
Certamente não por motivos de higiene. A morte não é suja; a morte é uma parte
natural, lógica e orgânica da vida. Lavamos as mãos porque a água é o símbolo da
vida, reafirmando assim nossa crença de que a vida é mais forte do que a morte.
Após lavar as mãos, deixamos que elas se sequem naturalmente, sem usar uma
toalha. Simbolicamente, demonstramos assim nosso desejo de jamais obliterar
nossos laços com o falecido e, pelo contrário, conservá-lo em nossa memória para
todo o sempre.
O que se faz com os pertences pessoais de um falecido?
Não existe nenhuma lei em si. É costume guardar as roupas que o falecido estava
usando quando morreu. As outras roupas e pertences podem ser distribuídos entre
parentes, amigos e instituições beneficentes. Trata-se de um assunto pessoal no
qual a lei judaica não interfere.
Por que razão se discrimina quanto à localização das sepulturas dos suicidas, nos cemitérios judaicos?
O Judaísmo considera o
suicídio um crime tão grave quanto o assassinato. No cerne da doutrina Judaica
esta o ensinamento de que nenhum ser humano é dono do seu próprio corpo, pois
ele não se fez sozinho. Quando se fere o corpo ou a alma, comete-se uma ofensa
contra a obra e a propriedade divinas. O Criador da a vida e somente o Criador
tem o direito de tirar a vida. Por este motivo, alguns dos ritos
tradicionalmente incluídos na cerimônia de sepultamento são negados ao suicida,-
e ele é enterrado numa parte do cemitério afastada dos outros túmulos. Existe,
entretanto, uma opinião divergente: o suicida, no momento decisivo, não estava
de posse de suas faculdades mentais, ele agiu inconscientemente. Portanto, não
deve haver discriminação no sepultamento.
Um rapaz nascido católico, e posteriormente convertido ao Judaísmo, pode observar a Shivá- e dizer o Kadish quando morre sua mãe (católica)?
Obrigação ele não tem. Mas se o convertido quiser observar o luto pela sua mãe
católica segundo a maneira tradicional judaica, ele pode. O respeito aos pais e
um dos mandamentos máximos do Judaísmo. E tal mandamento não conhece distinções
religiosas.
Mais ainda, a finalidade do Kadish, na verdade, não é rezar pelos mortos. O
Kadish é uma expressão da nossa fé inabalável em Deus diante do mistério da
morte. E não teria sentido a lei judaica proibir tal louvor a Deus, em nenhumas
circunstâncias.
Quanto tempo após a morte deve se realizar o sepultamento?
A lei Judaica ordena que o corpo seja sepultado o mais breve possível, de
preferência no mesmo dia. Esta regra deriva de uma injunção bíblica no caso de
um criminoso ser condenado a pena de morte e enforcado numa árvore: "Seu cadáver
não poderá permanecer ali durante a noite, mas tu o sepultarás no mesmo dia"
(Deuteronômio 21:23). Uma exceção é feita no Shabat, durante o qual não se pode
realizar o enterro. Adiar o sepultamento é visto como um desrespeito para com o
morto e uma interferência nos planos do Criador. Segundo as fontes místicas
judaicas, a alma só descansa depois que o corpo é enterrado.
Um judeu pode ser sepultado conforme o ritual judaico num cemitério ecumênico?
De acordo com o Talmud, "o homem deve ser enterrado em seu próprio terreno"
(Bava Batra 112a). Um cemitério judaico é considerado patrimônio comum da
coletividade israelita, satisfazendo portanto o preceito talmúdico No caso de um
cemitério não-judaico ou "ecumênico", o ritual judaico de sepultamento só pode
ser realizado desde que forem cumpridas as seguintes exigências: 1) A família
deve adquirir um lote inteiro no cemitério, para que possa ser qualificado como
"terreno próprio" A sepultura em si não é considerada "propriedade"; 2) 0 lote
deve estar situado numa parte desocupada do cemitério, para que possa ser
cercado e delimitado como um terreno separado. Dada a complexidade das condições
acima estipuladas, é norma do Rabinato não celebrar o rito judaico de
sepultamento fora de um cemitério israelita.
Por que se cobre o corpo logo após o falecimento?
A tradição judaica considera que deixar o corpo à vista uma violação do
princípio de "kevod ha'met", respeito pelos mortos.Mais ainda, se deixássemos o
corpo exposto, estaríamos limitando nossa perspectiva a realidade física da
morte. Cobrindo-o, tentamos conservar na memória a imagem da pessoa em vida, e
alargamos nossa visão para abranger uma dimensão espiritual.
Por que o corpo é sepultado envolto apenas numa simples mortalha branca?
No antigo Templo, o Sumo Sacerdote usava uma simples vestimenta de linho branco
no dia mais sagrado do ano, Yom Kipur, o único dia em que lhe era permitido
entrar no "Santo dos Santos". Lá ele confessava a Deus, e pedia o perdão divino
pelos seus pecados e os pecados do seu povo. Analogamente, quando a pessoa
morre, ela vai ao encontro do Criador envolta numa simples roupa branca, símbolo
de humildade e pureza.Mais ainda, enterrando ricos e pobres em vestes iguais,
simples e sem quaisquer ornamentos, ressaltamos um dos grandes valores judaicos
e universais: a igualdade social.
Quando se vai ao cemitério para um enterro, pode-se aproveitar e visitar túmulos de parentes e outras pessoas?
Claro que sim. A lei judaica nos proíbe visitar o mesmo túmulo duas vezes num
único dia. Esta regra tem sido mal interpretada por algumas pessoas, que
entendem ser proibido visitar outro túmulo depois de assistir a um enterro.
Completamente sem fundamento. Por outro lado, a lei judaica exige que, no final
do enterro, os presentes fiquem em fila para consolar os enlutados. Talvez por
este motivo, alguns acham desaconselhável visitar outro túmulo após o enterro.
Em suma, é permitido visitar quantos túmulos se queira, desde que antes seja
cumprida a obrigação humana de dar apoio e solidariedade aos recém-enlutados.
Em que consiste a tradição de ficar sete dias em casa após uma morte na família (Shivá)?
A palavra "Shivá" significa "sete", e se refere ao período de sete dias de luto
fechado, contados a partir do dia do enterro. A tradição tem origem na Torá,
quando José "chorou sete dias" pelo seu pai, Jacob (Gênesis 50:10). Durante uma
semana, os enlutados ficam em casa, abstendo-se de quaisquer atividades
profissionais ou de lazer. Parentes e amigos fazem visitas de condolências à
casa dos enlutados, e três vezes por dia (de manhã, à tarde e a noite)
realizam-se serviços religiosos.A instituição da Shivá tem como finalidade dar à
família forças psicológicas e espirituais para continuar depois da perda de um
ente querido. O enlutado não esta só; muito pelo contrário, ele faz parte da
'comunidade' dos "enlutados de Sion". É esta consciência de grupo que lhe dá
conforto, que lhe permite emergir fortalecido, preparado para enfrentar as
vicissitudes da vida, e pronto para reassumir suas responsabilidades perante o
seu povo.
Por que é costume incluir ovos na primeira refeição dos enlutados após o enterro?
A forma arredondada do ovo simboliza a natureza cíclica e contínua da vida, e
reflete nossa crença na imortalidade da alma. Embora não retenha mais seu
formato original, o ovo foi num estágio anterior a fonte de uma nova vida. Assim
também, apesar de não podermos mais desfrutar da presença física do ente querido
que partiu, estamos conscientes de que as sementes que ele plantou aqui na Terra
ainda gerarão belos frutos, e que seu espírito viverá eternamente.Outra
explicação: assim como o ovo não para numa mesma posição e vira continuamente,
esperamos que a nossa sorte também possa virar, e que a tristeza de hoje possa
se transformar na alegria de um novo amanhã.
O que é Yizkor?
Yizkor ("Que Ele se lembre") a um serviço comemorativo dos finados que se
realiza na sinagoga quatro vezes por ano: em Yom Kipur, Pessach, Shavuot e Sukot
(mais especificamente, Shemini Atzeret). A cerimônia consiste na recitação de
preces pelos mortos, a oração "El Malé Rachamim" ("Deus pleno de misericórdia")
que e entoada pelo chazan (o cantor litúrgico) e, em algumas sinagogas, a
leitura em voz alta da lista de todos os membros da congregação falecidos
durante o ano. Reunindo-nos como coletividade para recordar nossos entes
queridos, não só prestamos um tributo aos que partiram, como também reafirmamos
o vínculo sagrado e indissolúvel entre os filhos de Israel unidos na alegria e
na dor.
Por que o Kadish a recitado em aramaico?
Nos tempos talmúdicos, o hebraico era o idioma dos eruditos, a língua do estudo
e da oração, porém o vernáculo era o aramaico. Os rabinos achavam essencial que
qualquer leigo pudesse captar plenamente o significado do Kadish. Decretaram,
portanto, que esta oração fosse sempre preferida na língua em que foi composta:
em aramaico, a linguagem do povo.
Quem deve recitar o Kadish por uma pessoa falecida?
De acordo com a lei judaica, a obrigação de recitar o Kadish recai sobre os
filhos homens, e deve ser cumprida na presença de um minyan. Quando não há
filhos vivos, o parente mais chegado costuma fazê-lo.As filhas não são obrigadas
a recitar o Kadish. As autoridades ortodoxas sugerem que as filhas honrem a
memória dos pais ouvindo atentamente a recitação do Kadish e respondendo "Amém".
Entretanto, não há nada na lei judaica que proíba as filhas de rezarem o Kadish,
e tal procedimento é comum entre os judeus liberais.
Por que os enlutados não usam sapatos de couro durante a Shivá?
O desconforto físico é um meio de acentuar o estado de luto. Neste contexto, os
enlutados abstêm-se de usar sapatos de couro, roupas novas, cosméticos, enfim
tudo que traz conforto e prazer.
Como se calcula o Yahrzeit?
O Yahrzeit é contado à partir do dia da morte, seguindo o calendário judaico.
Por exemplo, se uma pessoa faleceu no terceiro dia do mês de Tevet, seu primeiro
Yahrzeit é comemorado exatamente um ano depois, isto e, novamente no dia 3 de
Tevet.
Existe uma exceção a esta regra. Se, por algum motivo, o sepultamento se
realizou três ou mais dias após a morte, o primeiro Yahrzeit a calculado a
partir do dia do enterro. Nos anos seguintes, entretanto, observa-se o Yahrzeit
no aniversario do falecimento.
Quando uma pessoa viúva se casa pela segunda vez, ela deve continuar observando o Yahrzeit do cônjuge falecido?
Certamente. Embora a lei judaica incentive um viúvo ou uma viúva a se casarem
novamente, esta segunda união não deve e não pode substituir a primeira. Um amor
não apaga o outro; um casamento não anula o anterior. As memórias permanecem
intactas, e devem ser respeitadas pela pessoa viúva, mesmo após o segundo
casamento.
Por que existem várias formas do Kadish?
O Kadish era originalmente recitado no final de um sermão ou de uma sessão de
estudos, e continha um parágrafo a mais que constituía uma prece pelo bem-estar
de todos que se dedicam ao estudo da Torá. A primeira referência ao Kadish como
uma oração dos enlutados se encontra no livro Or Zarua, escrito no século XIII
pelo Rabino Isaac Ben Moses de Viena. Além destas duas formas - o Kadish dos
rabinos (Kadish de'Rabanan) e o dos enlutados (Kadish Yatom) duas outras versões
são usadas em nossas sinagogas hoje em dia: uma forma abreviada recitada no
final de cada parte do serviço (Chatzi Kadish) e o "Grande Kadish" (Kadish
Shalem), recitado no término do serviço
Por que não se observa a Shivá no Shabat e nos feriados principais?
De acordo com a lei judaica, nenhum indivíduo pode chorar uma perda pessoal nos
dias nacionais de festividade. A santidade e a alegria do Shabat e dos feriados
sobrepõem-se à tristeza do luto.Embora o Shabat seja contado como um dos sete
dias, interrompe-se temporariamente a observância da Shivá, e os enlutados
costumam sair de casa nesse dia para assistir aos serviços religiosos na
sinagoga. Quando termina o Shabat, reinicia-se a Shivá.Se um dos principais
feriados judaicos (ou seja, os feriados bíblicos) cai durante a Shivá, o
restante da Shivá é anulado. O mesmo acontece quando ocorre um feriado entre o
término da Shivá e o trigésimo dia de luto: anula-se o restante do Shloshim.
(veja pergunta seguinte).
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SÍMBOLOS
QUAL O SIGNIFICADO DA ESTRELA DE DAVID?
A Estrela de David, a
estrela de seis pontas, é considerada o símbolo judaico por excelência. Dada sua
presença constante nos lares judeus e nas sinagogas, costuma-se atribuir a ela
um caráter especificamente judaico. No entanto, contrário à crença popular, o
hexagrama não é de origem exclusivamente judaica, e foi pouco usado pelos judeus
até uns cem anos atrás. Foi somente na época da Emancipação no fim do século
XIX, que os judeus resolveram adotar um símbolo que representasse o Judaísmo,
assim como a cruz simboliza o Cristianismo. A partir de então, o Magen David
(literalmente "Escudo de David") difundiu-se.A Estrela de David consiste de dois
triângulos superpostos em direções opostas. Os vértices do primeiro triângulo
representam os três pilares da nossa fé: Deus, Homem e Povo. O segundo triângulo
corresponde aos três grandes momentos da nossa história: Criação (passado),
Revelação (passado que prossegue no presente) e Redenção (futuro). O primeiro
triângulo simboliza a fé judaica; o segundo - a história judaica. Juntos
constituem a essência dos nossos ideais. Mais ainda, dois triângulos
entrelaçados, compartilhando o mesmo centro, dão a idéia de um entrosamento
entre opostos. A estrela de seis pontas indica assim a união de todas as
contradições em perfeita harmonia. Em uma palavra, a Estrela de David é o
símbolo máximo da paz universal, Shalom - a missão do Judeu perante toda a
humanidade.
QUAL A RAZÃO DOS JUDEUS ORTODOXOS USAREM CACHINHOS ATRÁS DA ORELHA?
A Torá diz: "Não cortarás o cabelo nas têmporas, nem apararás as beiradas da
barba" (Levítico 19:27). Nos tempos bíblicos, cortar o cabelo de certa maneira
era um rito pagão. E o Judaísmo queria se dissociar disto. Essa injunção bíblica
deu origem ao costume, entre judeus rigorosamente praticantes, de deixar crescer
a barba e as costeletas (em hebraico peot), que devem chegar até o lobo da
orelha. As peot são características dos judeus iemenitas e também dos
chassídicos.
POR QUE OS HOMENS JUDEUS USAM UM KIPÁ - (solidéu)?
O homem foi criado "à imagem de Deus". Portanto, ele deve vestir-se com
dignidade. A cabeça, como fonte da moral, representa a parte mais importante do
corpo humano. Cobrindo a cabeça, somos lembrados da onipresença divina, e
conscientizamo-nos de que a humildade é a essência da religião. A verdade é que
ninguém sabe ao certo como, quando e por que surgiu o costume. Durante muito
tempo, as autoridades religiosas não consideravam obrigatório o uso da kipá.
Somente no século XIX, face ao perigo da assimilação, os judeus ortodoxos
adotaram a kipá como símbolo da particularidade judaica, e fizeram do costume
uma lei.
POR QUE OS HOMENS JUDEUS USAM UM TALIT?
Nos tempos bíblicos, o talit era um manto retangular de lã ou linho, com franjas
nos quatro cantos, usado diariamente pelos homens judeus, em cumprimento ao
mandamento divino: "E dirás aos Filhos de Israel que façam franjas (tzitzit) nas
bordas de suas vestes, por todas as gerações" (Números 15:38). Após o exílio dos
judeus da terra de Israel e sua dispersão, o talit deixou de ser uma pega do
vestuário cotidiano e passou a ser usado apenas na hora das orações. Os
ortodoxos, em cumprimento a injunção bíblica, usam permanentemente sob a camisa
um pequeno talit (talit katan). Rezar envolto no talit denota simbolicamente uma
sujeição à Vontade Divina e aos sagrados mandamentos da lei judaica, e nossa
consciência de que Deus está em toda parte, nos quatro cantos do mundo, assim
como os "fios visíveis" nos quatro cantos do talit.
EXISTE ALGUMA RELAÇAO ENTRE O KIPÁ E O SOLIDÉU USADO PELO PAPA?
Existe, e muita. A origem das vestes eclesiásticas é o Beit Ha'Mikdash, o Templo
Sagrado. De acordo com a Torá, os sacerdotes eram obrigados a usar roupas
especiais, como se vê no Livro de Levítico que descreve detalhadamente a
vestimenta do Sumo Sacerdote. A batina papal branca, símbolo de pureza e
santidade, pode certamente ser associada ao costume rabínico de vesti.
O QUE SIGINIFICA UMA MEZUZÁ KASHER?
A mezuzá só é válida e apropriada para o uso (kasher) se as passagens bíblicas no pergaminho forem escritas à mão por um sofer (escriba), de acordo com as exigências da lei. Isto é, a pena tem que ser de uma ave kasher, geralmente ganso ou peru, e a tinta tem que ser preta, indelével, e preparada unicamente com ingredientes vegetais. O próprio pergaminho tem que ser feito da pele de um animal kasher. Com o tempo, podem surgir rachaduras no pergaminho, ocasionando imperfeições em algumas das letras. A mezuzá torna-se então passul, ou seja, ela perde sua validade. Por este motivo, a lei exige que as mezuzot sejam periodicamente examinadas por um especialista.
POR QUE SE COLOCA UMA MEZUZÁ EM TODAS AS PORTAS?
A mezuzá é um pequeno pergaminho afixado no batente da entrada do lar judaico, e
nas portas de todos os aposentos, em observância ao mandamento bíblico: "E as
escreverás nos portais de tua casa, e nos teus portões" (Deuteronômio 6:9). É um
lembrete solene para todos que entram e saem de que aquela casa é um lar
judaico, onde reina a presença de Deus. A mezuzá contém duas passagens bíblicas:
o "Shemá", a afirmação da unidade e unicidade de Deus - Deus é Um, quantitativa
e qualitativamente - e logo em seguida "Ve'ahavtá", um trecho que expressa o
amor a Deus e aos nossos semelhantes.
O QUE SÃO TEFILIN?
Tefilin, ou
filactérios, são duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro, e
dentro das quais esta contido um pergaminho com os quatro trechos da Torá que
deram origem ao uso dos filactérios. Um deles diz: "Escuta, é Israel, o Eterno e
nosso Deus, o Eterno é único. Amarás ao Eterno, teu Deus, de todo teu coração,
de toda tua alma e de todas tuas forças. E estas palavras que hoje te ordeno
serão gravadas no teu coração (...) E as atarás à tua mão como sinal, e as
colocarás diante dos teus olhos" (Deuteronômio 6:4-8).Todas as manhãs, exceto no
Shabat e feriados religiosos, o homem judeu deve colocar os tefilin, enrolando
uma das tiras na mão esquerda; afixando a caixinha no braço esquerdo, para que
fique próxima ao coração, a sede das emoções e colocando a outra caixinha acima
da testa, perto do cérebro, a sede do raciocínio. Desta forma, mostramos
simbolicamente que a devoção a Deus está presente em nossos atos, em nossos
sentimentos e em nossos pensamentos.
Por que alguns judeus usam a kipá fora da sinagoga, quando não estão rezando?
Cobrimos a cabeça com a kipá em sinal de respeito a Deus. E tal respeito não se
restringe apenas aqueles momentos esporádicos em que rezamos na sinagoga. Deus
deve estar sempre presente em nossos pensamentos e ações no dia-a-dia, no lar,
na escola, no trabalho. É por isto que os judeus ortodoxos mantêm a cabeça
sempre coberta: como lembrança de que a presença de Deus paira constantemente
sobre nós.
Por que em algumas sinagogas a menorá (candelabro) tem apenas seis braços? O normal não é sete?
A menorá original do Tabernáculo era um candelabro de sete braços. Após a
destruição dos dois Templos em Jerusalém, desenvolveu-se uma tradição de que os
objetos sagrados do Templo não deveriam ser reproduzidos, e portanto qualquer
menorá construída posteriormente deveria ter um número de braços diferente de
sete, geralmente seis. Não se trata de uma lei, mas sim um costume que é
respeitado em algumas sinagogas, a fim de não ferir a sensibilidade dos mais
ortodoxos.
Por que a mezuzá afixada numa posição inclinada?
O Talmud registra duas opiniões diferentes quanto à posição correta da mezuzá.
Uma escola recomendava o sentido vertical, enquanto outra insistia que deveria
ser horizontal. A posição diagonal foi adotada como um meio-termo para evitar
atritos entre os eruditos. Neste contexto, a colocação oblíqua da mezuzá serve
de exemplo para as pessoas que entram e saem daquela casa. As relações humanas -
entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos - não podem basear-se
em atitudes rígidas. A intransigência e a intolerância só geram tensões e
conflitos. A mezuzá inclinada nos lembra que para manter um relacionamento ideal
é preciso que ambas as partes estejam dispostas a fazer concessões.
Por que se escreve o nome do Todo-Poderoso, Shadai, no lado externo do pergaminho da mezuzá?
Existem várias explicações Em primeiro lugar, a mezuzá afixada no batente da
porta é uma indicação da presença do Todo-Poderoso naquele lar. O nome de Deus
no pergaminho reforça a idéia da proteção divina. Alguns observam que o nome
Shadaié uma abreviação de "Shomer daltot Israel", "Guardião das portas de
Israel". Outros acreditam que a palavra provém da frase "She'omer le'olam dai",
"Aquele que disse ao mundo: 'Basta'.A implicação seria que Deus assegura a
inviolabilidade daquele lar. Mais ainda, segundo a tradição judaica, os dois
nomes principais atribuídos ao Todo-Poderoso não podem ser escritos por extenso,
a não ser como parte de um trecho das Escrituras. Shadai, sendo uma denominação
"secundária", por assim dizer, não esta sujeita a essa restrição.
Quando é a hora de se colocar a mezuzá: quando a casa nova fica pronta, ou no dia em que a pessoa se muda? E quando nos mudamos de uma casa, o que se faz com as mezuzot que estavam afixadas?
Quando se trata de uma casa própria, a mezuzá deve ser colocada no dia em que a
pessoa se muda. Quando a casa é alugada, pode-se esperar até trinta dias, pois
dentro deste prazo a casa é considerada uma "moradia temporária".
Com relação à mezuzá do lar anterior: quando se tem certeza que outro judeu
ocupará a casa, pode-se deixar as mezuzá afixadas. Se a casa for provavelmente
ocupada por um não-judeu, então é melhor retirar as mezuzot, pois o novo
ocupante, desconhecendo seu caráter sagrado, poderá inconscientemente
profaná-las.
Por que em algumas comunidades só os homens casados usam o talit?
Uma das explicações é que o mandamento bíblico de colocar franjas nos quatro
cantos do manto é imediatamente seguido pelas leis referentes ao casamento
(Deuteronômio 22:12-30). Outra interpretação é que ambas as experiências denotam
um vínculo: o talit simboliza o vínculo do homem com Deus, e o casamento
representa os laços de amor entre o homem e sua companheira.
Dentro desse contexto, é costume a noiva presentear o noivo com um talit no dia
do casamento.
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SINAGOGA E ORAÇÃO
Um cristão pode assistir ao serviço religioso na sinagoga?
Claro que sim! A Lei Divina não pertence a um único povo, nem mesmo aos judeus a
quem ela foi dada primeiro. A palavra de Deus pertence a quem quiser ouvi-la,
aprendê-la, e moldar sua vida de acordo com ela. Os ensinamentos do Judaísmo são
universais e acessíveis a quem deles precisar. Embora haja restrições quanto à
participação ativa de uma pessoa não-judia no ritual da sinagoga (assim como não
seria apropriado um judeu comungar numa igreja católica), nossas portas estão
sempre abertas. A Casa de Deus é o santuário para todos os homens, de todos os
credos.
Por que os judeus balançam o corpo durante a reza?
Existem duas explicações: uma religiosa; a outra, histórica e sociológica. No Livro dos Salmos está escrito: "Kol atzmolai tomarná." Literalmente, "Todos meus ossos falarão", isto é, com todo meu ser - corpo e alma - louvarei o Todo-Poderoso. A razão histórica é que antigamente havia muito poucos livros de orações. Não se tinha o luxo de imprimir textos como hoje em dia. Consequentemente, um único livro tinha que ser compartilhado por muitos judeus durante a reza. Por isso, eles tinham forçosamente que se movimentar de um lado para o outro. E o costume permaneceu até hoje.
Por que há separação entre homens e mulheres na sinagoga tradicional?
A explicação se encontra no Talmud Suká. No antigo Templo em Jerusalém, grandes
multidões se reuniam para assistir aos serviços religiosos nos dias de festa. Os
rabinos tinham receio que o contato entre homens e mulheres pudesse levar a um
comportamento leviano, indecoroso, não apropriado. Por este motivo, isto é, para
evitar a frivolidade, resolveram construir na sinagoga um balcão especial para
as mulheres: ezrat nashim, literalmente "o pátio das mulheres". A santidade pode
ser entendida de várias formas. No Judaísmo, ela significa principalmente
transcendência: a disposição de crescer além dos próprios limites do indivíduo,
a capacidade de alcançar acima de si próprio. Somente transcendendo os impulsos
biológicos, é possível atingir a plena estatura espiritual. Afastando de si os
pensamentos e necessidades sensuais, o homem atinge a condição de santidade.
Embora o Judaísmo não veja nada de errado ou pecaminoso no sexo em si, isto não
impede que seja necessário um certo controle e disciplina. A conclusão dos
ortodoxos: o contato entre homens e mulheres na sinagoga, apesar das melhores
intenções, leva ao tipo de ambiente que torna a santidade mais difícil. Entre os
liberais e até os conservadores, aos poucos está se difundindo o costume das
famílias sentarem junto.
Por que muitos judeus não escrevem a palavra "Deus" (em português) com todas as letras? A proibição não é só referente ao hebraico?
Não é, não. Deus é universal, como também o Seu nome. Portanto, todas as leis
que se referem ao nosso relacionamento com Ele são universais, e não podem se
restringir a um determinado grupo ou idioma. O Terceiro Mandamento diz: "Não
tomarás em vão o nome do Senhor." Seja em hebraico, ou em português, ou em
chinês. Por esta razão, os ortodoxos apostrofam o Nome Divino: "D'us".
Por que a tradição judaica requer que se diga "Amen" após ouvir uma bênção?
Trata-se de um costume muito antigo, mencionado já na Bíblia (Deuteronômio,
capítulo 27). A resposta do ouvinte implica sua participação e envolvimento,
como se ele mesmo tivesse recitado a bênção. É interessante notar que a palavra
hebraica "Amen" é formada pelas letras iniciais (alef, mem, nun) de "El Melech
Ne'eman", "O Senhor nosso Rei, em Quem confiamos". Ao dizermos "Amen", afirmamos
nossa esperança e fé em Deus e no Seu poder divino de cumprir a bênção que foi
recitada.
É verdade que deixar a Torá
cair no chão é um crime imperdoável perante o Todo-Poderoso?
A lei judaica não considera isto um crime, desde que a queda da Torá tenha sido acidental. Existe um costume de que a pessoa culpada deve jejuar para "pagar o pecado". Algumas autoridades mais rigorosas afirmam que toda a congregação que presenciou a queda da Torá, também deve jejuar durante um dia. Entretanto, não é obrigatório. Como tal tipo de acidente geralmente ocorre quando a Torá está sendo carregada por um homem já idoso e debilitado, o jejum é impraticável. Neste caso, muitos rabinos aconselham que, se a própria pessoa tiver um profundo sentimento de culpa ou remorso por ter derrubado a Torá, então ela pode "redimir-se" fazendo um donativo à sua sinagoga.
Quando se reza "Ossé Shalom", a oração pela paz, dá-se três passos para trás. Por quê?
Uma vez que na tradição judaica, Deus é o "Rei dos Reis", devemos comportar-nos
diante d'Ele com o devido respeito. Assim como um súdito dá alguns passos para
trás quando termina sua audiência com o rei, nós também concluímos nossas preces
retirando-nos reverentemente da presença do Soberano do Universo. Existe uma
outra interpretação. A paz não é uma dádiva é uma realização. Não se pode obter
a paz com um mero pedido. Paz implica concessões, e concessões exigem
transigência. Quando rezamos pela paz, damos primeiro três passos para trás, e
somente então é que podemos dar três passos para a frente. É preciso fazer
concessões mútuas, para que possamos então prosseguir adiante e emergir como uma
só família unida, valorizando a paz, a harmonia e a fraternidade como objetivos
supremos de nossa existência.
Por que as mulheres não são chamadas para a leitura da Torá?
Na Bíblia, não há nenhuma lei que proíba a mulher de ser chamada para a leitura.
O Talmud Megilá 23a declara explicitamente que a mulher pode receber uma aliyá,
mas desaconselha esta prática com base no principio de "kevod ha'tzibur", isto
é, respeito pela congregação. Numa época e numa sociedade em que a mulher não
era considerada igual ao homem, achava-se que a congregação poderia sentir-se
ofendida ao ver uma mulher lenda publicamente a Torá. Hoje, as sinagogas
reformistas rejeitam categoricamente tal discriminação. E mesmo em algumas
sinagogas conservadoras, já é costume chamar para a leitura da Torá as meninas
no dia de sua Bat Mitzvá.
O que significa aliyá?
A palavra hebraica "aliyá" quer dizer "subida". Ser honrado com uma aliyá
significa ser convidado para subir ao altar e ler um trecho da Torá ou recitar
as bênçãos antes e depois da leitura. É interessante notar que o mesmo termo
"aliyá" também se refere ao ato de imigrar para Israel, que é visto como uma
"ascensão" geográfica e espiritual.
Nas bênçãos judaicas, dizemos
"Baruch Atá Adonai", "Bendito sejas Tu, ó Deus". Como pode o homem abençoar a
Deus?
A bênção é essencialmente um louvor. E um louvor, quando sincero, é mais
importante para quem o faz do que para quem o recebe. Deus certamente não
precisa dos nossos elogios. Mas nós precisamos elogiá-Lo. Abençoando a Deus,
expressamos nossa gratidão pela própria vida.
O que é um minyan?
Minyan é o quorum mínimo de dez homens exigido pela lei judaica para a celebração de um ato religioso de caráter público. Embora a prece individual, espontânea, também seja válida, ela é considerada imperfeita. Quando rezamos como uma comunidade, como um todo, demonstramos simbolicamente que somos responsáveis uns pelos outros. Por que são necessários dez homens? O número dez, por ser um número redondo, representa tradicionalmente a idéia de algo completo. Quando a Bíblia fala dos dez espiões que voltaram de Canaã com um relatório pessimista, ela usa o termo "eidá", que significa "congregação". Quando Abraão fez um apelo a Deus para que salvasse Sodoma e Gomorra, Deus concordou, desde que fossem encontrados nestas cidades dez homens justos. A implicação, segundo os rabinos, é que menos de dez homens não podem ser considerados uma "comunidade".
Por que alguns judeus beijam o Sidur (livro de orações) quando termina a reza?
Não é uma obrigação. É um ato puramente intuitivo. Os livros sagrados são
preciosos. São velhos amigos, fiéis companheiros e sábios conselheiros. Portanto
devem ser tratados com respeito e afeto. Na tradição judaica, beijar os objetos
sagrados é um gesto de reverência e devoção. Assim, beijamos não só o Sidur,
como também a mezuzá, a Torá, os tefílin, a cortina da Arca Santa e as franjas
do talit.
É apropriado levar crianças pequenas para assistirem ao serviço na sinagoga?
Desde que as crianças não perturbem a concentração dos adultos, não só é
apropriado, como é louvável. De acordo com o Talmud, quem leva crianças à
sinagoga é digno de recompensa divina, pois permite que elas sejam expostas
desde cedo ás palavras sagradas.
O que se faz com um livro de reza que já está se desfolhando e não se pode mais usar?
Quando um Sefer Torá (um rolo da Torá) está passul, isto é, quando não tem mais
condições de ser usado, ele deve ser sepultado com todo carinho, dignidade e
respeito. Muitas vezes, o rolo é enterrado ao lado de um talmId chacham, um
judeu devoto e erudito. Embora a lei judaica não exija tal tratamento no caso de
um Sidur, é costume em muitas comunidades fazer o mesmo com os livros de
orações.
Por que é costume erguer a Torá após a leitura na sinagoga?
A prática é mencionada no Talmud, e a explicação é que a leitura de Torá não
deve se restringir a alguns indivíduos, mas deve ser um ato comunitário. Ao
erguer o rolo da Torá e fazer com ele um giro completo, garante-se que nenhum
dos presentes seja excluído do privilégio de defrontar-se com as Escrituras
Sagradas. Os sábios talmúdicos dizem que erguer a Torá e expô-la à vista de toda
a congregação é uma honra ainda maior do que ser chamado para a leitura.
Ainda é praticada a antiga bênção sacerdotal?
Certamente. É um mandamento da Torá os Kohanim abençoarem o povo de Israel. Na
Diàspora, os sacerdotes cumprem o ritual durante a repetição da Grande Oração de
Mussaf nas Grandes Festas, bem como nas três Festas de Peregrinação: Pessach,
Shavuot e Sukot. Em Israel, a bênção sacerdotal é dada também no Shabat. Em
Jerusalém e várias outras cidades da Terra Santa, ela é dada todos os dias do
ano.Nas sinagogas liberais, a bênção tradicional é dispensada pelos rabinos, em
nome dos sacerdotes. A bênção sacerdotal (Birkat Kohanim) se encontra no
Livro dos Números, capitulo 6, versículos 24-26: "Que o Eterno te abençoe e
te guarde;que o Eterno faça brilhar Sua presença sobre ti e seja clemente
contigo;que o Eterno se volte para ti e te dê a paz."
Existe uma bênção especial a ser invocada antes de uma viagem?
Existe uma linda oração, "Oração da Estrada", conhecida em hebraico como "Tefilat
Ha'Derech", que se recita antes de uma viagem ou ao iniciar-se a mesma. É
uma oração muito antiga, encontrada já no Talmud, um pedido de ajuda e proteção:
"Que seja a Tua vontade, Deus nosso e Deus de nossos pais, guiar nossos
passos em paz e trazer-nos de volta em paz. Atende a voz das nossas súplicas,
pois Tu és o Deus que escuta todas as preces." em paz. Atende a voz das
nossas súplicas, pois Tu és o Deus que escuta todas as preces."
Quando é que se recita a bênção "Gomel"?
"Gomel" é uma bênção de agradecimento a Deus, recitada na sinagoga na hora da leitura da Torá. Na linguagem popular, "gomel bentchen". Conforme estipulado no Talmud Brachot, a bênção deve ser recitada por alguém que fez uma viagem por mar ou através do deserto, ou que se recuperou de uma doença grave, ou que escapou de algum perigo. Nos dias de hoje, podemos incluir qualquer viagem de automóvel ou avião, que certamente trazem um risco considerável. Quando a pessoa diz: "Aquele que concedeu benefícios a mim", a congregação responde: "Que Aquele que lhe concedeu estes benefícios, conceda-os para sempre." .
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LEIS E ALIMENTOS
Por que os judeus não comem carne de porco?
A proibição está claramente expressa no capítulo 11 do Levítico: "Entre todos os
animais da terra, eis os que podereis comer: aqueles que têm os cascos fendidos
e que ruminam (...) O porco, que tem os cascos fendidos, mas não rumina, é
impuro."
Por que é proibido pela lei judaica comer carne e leite na mesma refeição?
A separação entre a carne e os alimentos derivados do leite é um preceito básico
das leis de kashrut. Esta prescrição tem origem na injunção bíblica: "Não
cozerás o cabrito no leite de sua mãe" (Êxodo 23:19). As comidas preparadas à
base de leite, manteiga, queijo, etc. não podem ser servidas numa refeição em
que haja carne.Após comer uma refeição de carne, é necessário aguardar um certo
tempo antes de poder comer laticínios. O prazo varia de acordo com o costume
local: os judeus da Europa Oriental esperam seis horas; os da Europa Ocidental
esperam três horas; para os judeus holandeses bastam 72 minutos.Mais ainda, os
pratos, talheres e panelas utilizados para preparar e servir carne não podem ser
usados para leite e seus derivados, e vice-versa. Além disso, os utensílios
devem ser lavados separadamente.
Por que os judeus não comem camarões?
"Entre os animais que vivem na água, eis os que podereis comer: todos aqueles
que têm barbatanas e escamas" (Levítico 11:9). Excluem-se portanto todos os
crustáceos e moluscos
O que é comida kasher?
O termo "kasher" significa genericamente "apropriado para o uso ou consumo". Mais especificamente, denota um alimento permitido pela lei judaica. Em contraste, designam-se por treifá os alimentos proibidos. Todas as leis alimentares judaicas (leis de kashrut) derivam de preceitos bíblicos, a maior parte dos quais são enumerados no capítulo 11 do Livro de Levítico.
Por que os judeus compram carne em açougues especiais?
A Torá reconhece implicitamente que o ideal seria o vegetarianismo. No Jardim do
Éden, que é a representação bíblica da Utopia, o homem devia alimentar-se
exclusivamente de frutos e vegetais. Mais tarde, numa espécie de compromisso
realista com o ideal vegetariano, a Torá permitiu o consumo de carne, limitando
porém o número de animais que poderiam ser consumidos. Ao mesmo tempo, o
Judaísmo estabeleceu leis específicas para o abate do animal, visando evitar-lhe
qualquer sofrimento desnecessário. O abate é feito por um profissional
especializado, o shochet, segundo um ritual prescrito, a fim de que a morte do
animal seja a mais rápida e mais indolor possível. Mais ainda, a Torá proíbe o
consumo do sangue dos animais e aves, "porque a alma de todo ser vivo está no
sangue" (Levítico 17:11). Portanto, todo o sangue tem que ser extraído da carne
antes do cozimento. Isto pode ser feito em casa, porém envolve um processo
bastante trabalhoso e rigoroso: a carne tem que ser lavada, posta de molho por
certo tempo, depois esfregada com sal grosso e finalmente enxaguada. Os açougues
especializados já vendem a carne pronta para o cozimento.
O que são alimentos parve?
São alimentos "neutros", tais como frutas, verduras, peixes e ovos, os quais podem ser servidos tanto com carne quanto com laticínios.
Por que se recita uma bênção após as refeições?
A lei tem origem no Livro de Deuteronômio "Quando comeres e estiveres saciado, louvarás ao Senhor teu Deus." Expressamos nossa gratidão a Deus por tudo que Ele nos deu. Na verdade, a bênção após as refeições (Birkat Ha'mazon) é composta de quatro partes. Primeiro, agradecemos a Deus por nos dar os meios básicos de subsistência física, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Segundo, agradecemos a terra que Ele deu ao Povo de Israel para que possamos extrair do nosso próprio solo os alimentos que necessitamos - ressaltando assim o elemento de segurança e dignidade. Terceiro, agradecemos a Deus por nos alimentar não só fisicamente, mas também espiritualmente, e pedimo-Lhe que reconstrua a Cidade Santa. E, finalmente, expressamos nossa gratidão pela Sua bondade que nos permite superar quaisquer calamidades.
O que qualifica um vinho como kasher?
Em primeiro lugar, todos os indivíduos que trabalham na produção do vinho, desde a extração do suco das uvas até o engarrafamento, devem ser judeus observantes. As uvas só podem ser colhidas da videira no quarto ano de vida da planta, assegurando assim a produtividade futura da mesma. No final da colheita, um por cento da safra de uvas tem que ser jogado fora, como uma recordação simbólica da dízima na época do Templo. Todo o processo de fabricação é supervisionado por um mashgiach, um inspetor religioso.
Qual a razão fundamental das leis de kashrut?
Uma das interpretações mais deturpadas sobre as leis de kashrut é que elas foram instituídas como medida sanitária. Assim, por exemplo, a carne de porco teria sido proibida porque ela pode transmitir a triquinose. Isto não é verdade.A própria Torá explica, em linguagem simples e direta, a razão das leis alimentares: "Pois Eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis (...) e não vos contaminareis (...) Sereis santos porque Eu sou santo" (Levítico 11:44-45). Os rabinos da era talmúdica frisavam que não hà nada de errado, do ponto de vista biológico e sanitário, com os alimentos não-kasher. O judeu tem que se abster de comê-los, não porque façam mal à saúde, mas sim porque a lei divina é suprema, mesmo que esteja além dos limites da compreensão humana. A única razão para as leis de kashrut é o conceito ético de santidade, E a santidade pode e deve ser ressaltada mesmo nos aspectos mais mundanos do dia-a-dia. Nenhum ato é insignificante. Cada vez que preparamos ou comemos um alimento kasher, estamos aprendendo algo sobre a reverência pela vida. Quando ingerimos um pedaço de carne kasher, conscientizamo-nos que o animal é uma criatura de Deus e que a morte dessa criatura não pode ser tomada com leviandade, pois todo ser vivo traz dentro de si uma centelha divina. Isto é Kedushá, santidade: "Farás da tua mesa um altar ao Senhor" (Talmud Brachot 55a).
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QUESTÕES BÍBLICAS, HISTÓRICAS E CONTEMPORÂNEAS.
Qual a diferença entre os termos "hebreus", "israelitas", "judeus" e "israelenses"?
Hebreus são os primeiros judeus, os primeiros habitantes da Terra de Israel,
aqueles que usaram pela primeira vez a língua hebraica. O termo tem um sentido
mais étnico e tribal do que religioso. Quanto a israelitas e judeus, fazia-se
uma distinção no período entre os séculos X e VIII antes da Era Comum, quando
dez tribos estabeleceram-se no norte da Terra Santa (Reino de Israel) e duas no
sul (Reino de Judá). Hoje, porém, os dois termos são sinônimos. Judeus, por
definição, são aqueles que aderem ao Judaísmo como religião. E "israelita" é um
termo usado simplesmente por quem não gosta de se chamar de judeu. Popularmente,
os três termos (hebreus, judeus e israelitas) são usados indiferentemente. E
mesmo entre os eruditos, a distinção não é uniforme. "Israelense", por outro
lado, é um termo que designa um cidadão do Estado de Israel, e não tem portanto
nenhuma conotação religiosa ou étnica.
Como o Judaísmo encara o sexo?
O Judaísmo reconhece o
sexo como algo positivo e legitimo - uma manifestação orgânica, inerente á
natureza humana, que não deve ser nem exageradamente glorificada nem denegrida.
No texto místico medieval Igeret Ha'Kodesh, da autoria de Nachmânides, a
perspectiva judaica está claramente expressa: "Nós que somos descendentes
daqueles que receberam a Torá, cremos que Deus criou tudo que Sua sabedoria
ditou, e Ele não criou nada que contivesse obscenidade ou fealdade. Se
disséssemos que as relações sexuais são obscenas, deduziria-se que os próprios
órgãos sexuais são obscenos. E como poderia Deus ter criado algo impuro e
imoral?" Observamos que no Judaísmo o sexo e o amor unem-se indissoluvelmente. O
termo hebraico "ahavá" é empregado tanto para os aspectos físicos do amor, como
para os espirituais. Os teólogos cristãos utilizam duas palavras gregas
distintas para o amor: "eros", o amor carnal, e "agape", amor espiritual. O
Judaísmo insiste que o amor a Deus, a amor ao próximo, e o amor entre homem e
mulher, são todos iguais: ahavá. O "Cântico dos Cânticos" ilustra belissimamente
este conceito. É verdade que tradicionalmente esse livro bíblico é visto como
uma alegoria retratando o amor entre Deus e o povo judeu. Porém não há dúvida de
que ele foi originalmente escrito como uma coletânea de poemas líricos, repletos
de expressões sensuais e passionais, que exaltam ao mesmo tempo o lado físico do
amor e seu caráter espiritual. O mero fato de que o "Cântico dos Cânticos" é
aceito como parte integrante da nossa Bíblia demonstra que o Judaísmo considera
o amor, em todas suas manifestações, como obra do Divino Criador. É importante
frisar que o Judaísmo valoriza a sexualidade humana somente quando o
relacionamento envolve duas pessoas que se comprometeram mutuamente. O ato
sexual não é apenas uma declaração de amor no presente, ele é um pacto de
compromisso continuo. Em termas ideais, portanto, o sexo é santificado através
do Casamento.
Qual a posição da lei judaica em relação ao homossexual?
A Torá proíbe categoricamente as relações homossexuais. Primeiro, por elas serem
antinaturais, contrariando a própria anatomia dos sexos, visivelmente concebida
para as relações heterossexuais. Além disto, o ata homossexual obviamente não
leva á procriação, que é uma das principais funções da sexualidade humana,
embora certamente não a única. Mais ainda, a homossexualidade é uma ameaça à
instituição da família, que constitui um dos principais alicerces da
continuidade judaica. É importante, entretanto, fazer uma nítida distinção entre
o ato homossexual, e o homossexual como ser humano. Sem entrar na polêmica do
ato ser ou não ser uma "perversão", uma "disfunção" ou uma "anomalia",
acreditamos que o indivíduo tem que ser aceito pela sociedade, independentemente
de suas tendências sexuais serem aprovadas ou condenadas. Aceitar não equivale a
justificar ou incentivar. A meta é integrar o homossexual, e não aliená-lo.
O dever da Religião em geral, e do Judaísmo em particular, é estender a mão
àqueles que se sentem marginalizados. Manter a lei, e ao mesmo tempo mostrar
compaixão.
O que é Kabalá?
A palavra "Kabalá" significa "recebimento", "tradição", e denota o conjunto das
doutrinas místicas do Judaísmo, transmitidas de geração em geração. A Kabalá
reinterpreta a Torá, buscando seu sentido oculto, sem jamais negar a autoridade
das Escrituras. Embora o misticismo judaico tenha surgido bem mais cedo, foi no
século XIII que o espanhol Moses de Leon compilou a obra principal da Kabalá, o
Zohar, cuja autoria é tradicionalmente atribuída a Simeon Bar Yochai. Escrito em
aramaico, numa linguagem vivida e imaginativa, o livro contém comentários
místicos sobre o Pentateuco, bem como tratados de astronomia, lendas, análises
numerológicas, estudos sobre o valor numérico das letras, e interpretações de
sonhos. O movimento cabalista ganhou enorme impulso no século XVI, na cidade de
Safed, na Palestina, sob a liderança e inspiração de Isaac Luria.
A Kabalá visa estabelecer uma comunhão pessoal e intima entre o homem e Deus, um
contato direto entre a alma humana e o Criador. Essa busca é muitas vezes
acompanhada de contemplação, especulação teológica, canto, dança e exaltação
extática. Um dos conceitos básicos da Kabalá é o das Sefirot, os dez atributos
que emanam de Deus e se corporalizam no ser humano. O homem, portanto, é um
agente de Deus, dotado da capacidade potencial de aperfeiçoar o processo da
Criação. Para o místico, o templo mais sagrado é o seu próprio eu. Para aqueles
que consideram o racionalismo como o único meio válido de compreender a
religião, as doutrinas místicas podem parecer meras superstições. Porém, quem se
aprofunda nos conceitos da Kabalá descobre um lado muito puro e intenso do
Judaísmo.
Na escultura de Michelangelo, Moisés é representado com chifres. Por quê?
No versículo bíblico que descreve a cena de Moisés no Monte Sinai (Êxodo 34:35), aparece a palavra hebraica "keren", que tem dois significados: "chifre" e "raio". Dal o erro de interpretação.Não, Moisés não tinha chifres. O que aconteceu é que, inspirado pelo encontro com Deus, seu rosto irradiava "keren or", raios de luz.
O que é o Talmud, e qual a diferença em relação à Bíblia?
A Bíblia judaica compõe-se de textos que foram reunidos pelos antigos hebreus e
preservados através dos séculos como o Livro Sagrado do povo judeu. Consiste de
três divisões: a Torá (os cinco livros de Moisés, também denominados
Pentateuco), os Profetas e os Escritos (salmos, provérbios, etc.). A Torá é um
relato dos acontecimentos desde o principio do mundo até a morte de Moisés,
entremeado de leis e mandamentos decretados por Deus. A autoria destes livros é
tradicionalmente atribuída ao próprio Moisés, porém a análise literária dos
textos revela marcantes diferenças de estilo e vocabulário, indicando, segundo
alguns estudiosos não-ortodoxos, que houve provavelmente mais de um autor. Seja
como for, a Bíblia é muito mais do que uma narrativa histórica. É um livro de
inspiração divina, profundamente religioso, e ao mesmo tempo humano. Um
documento essencialmente espiritual, que constitui nosso guia básico para o
Judaísmo - na teoria e na prática. Com o passar do tempo, o povo judeu foi
desenvolvendo uma série de leis suplementares, que eram transmitidas oralmente
de geração em geração, até que foram codificadas e compiladas, por volta do ano
200 da Era Comum, pelo Rabino Judah Ha'Nasi. A este código deu-se o nome de
Mishná. A Mishná, juntamente com a Gemará (comentários e interpretações
rabínicas das leis da Mishná), compõem o Talmud. Existem duas versões do Talmud,
o de Jerusalém e o Babilônico, que diferem em certos aspectos. O mais completo é
o Babilônico, elaborado entre os séculos III e V da Era Comum, e editado por Rav
Ashi e Ravina. Sendo um registro de discussões faladas, o Talmud não é nada
sistemático ou conciso. É, entretanto, um tesouro de leis, tradições e costumes,
que tem influenciado profundamente o pensamento e a prática judaica, e constitui
uma valiosa fonte de consulta para o estudo e as decisões legais.
Como se explica a data judaica da criação do mundo 5744 anos atrás, contra os milhões de anos estimados pela Ciência?
Em primeiro lugar, devemos frisar que a Bíblia não é um texto científico, mas
sim um livro de inspiração divina. A Torá não prova a idade do universo; ela
marca o momento em que teve inicio o registro da História. Além do mais, Deus
não trabalha no contexto do tempo. Segundo o próprio relato no Livro de Gênesis,
os estágios iniciais da Criação precederam o estabelecimento de um sistema
temporal, o qual só foi introduzido no quarto dia, com a criação do Sol e da
Lua. Portanto, o conceito de "dia" na narrativa bíblica pode ser entendido
figurativamente. Baseando-se nas palavras do Salmista, "Mil anos, ante os Teus
olhos, são como o dia de ontem que se foi" (Salmos 90:4), um Midrash postula que
cada "dia" da criação do mundo pode ter sido equivalente a "mil anos". Nenhuma
pesquisa científica jamais conseguirá provar ou refutar a perspectiva religiosa.
No sentido mais profundo, não existe incompatibilidade entre Ciência e Judaísmo.
O Judaísmo reconhece a existência de anjos?
Existem inúmeras referências a anjos na Bíblia e na literatura rabínica. Diz uma
bela lenda que antes de criar o homem, Deus consultou os anjos. O conceito,
entretanto, é mais figurativo do que literal. A palavra hebraica "malachim", que
significa "anjos", também significa "mensageiros". Maimônides interpreta os
anjos como forças espirituais que Deus utiliza na tarefa de cuidar da Sua
criação.
Seja como for, a tradição judaica não atribui nenhum caráter de santidade aos
anjos, e frisa que a oração deve ser dirigida somente a Deus, e não aos Seus
mensageiros.
Quais são as diferenças entre o Judaísmo ortodoxo, reformista, conservador e reconstrucionista?
Em linhas gerais, são as seguintes as diferenças ideológicas: O Judaísmo
ortodoxo baseia-se na imutabilidade da Halachá, a lei judaica. "Torat Moshe min
shamayim... she'hi shamayim". Uma lei que é divina em origem e conteúdo.
O Judaísmo reformista fundamenta-se na mudança. Seu próprio nome implica um
Judaísmo em desenvolvimento, progressivo e dinâmico. Mais um processo do que um
programa; mais uma abordagem do que um credo ou dogma. É a transformação da
forma visando o objetivo maior de preservar o conteúdo. O Judaísmo conservador
procura ser um meio-termo entre os dois. Vivendo com o passado, mas não no
passado. Halachá como ponto de partida, com a abertura necessária que
possibilita sua aplicação no mundo contemporâneo. O reconstrucionismo rejeita o
super naturalismo dos ortodoxos, que não reconhece o desafio intelectual dos
tempos modernos. Rejeita também os conservadores por não aceitarem plenamente a
inovação como legitima, e mais ainda os reformistas, por descartarem
freqüentemente a lei judaica tradicional. E assim, os reconstrucionistas falam
de uma "civilização em evolução", com Deus como o Poder Universal que, através
da consciência humana, permite ao homem desenvolver-se ética e espiritualmente.
No fundo, trata-se apenas de enfoques diferentes. Nada mais. Não devemos nunca
esquecer que existe um único Judaísmo, com diversas interpretações. É triste
quando o adjetivo torna-se mais importante que o substantivo... quando
"ortodoxo", "reformista", "conservador" ou "reconstrucionista" tomam-se mais
importantes do que ser judeu. Acreditamos em diferenças, mas não em divisões.
Existe diferença entre semita e judeu?
A palavra "semita" vem de "Shem". Os semitas são os descendentes de Shem, filho mais velho de Noé. Na realidade, trata-se de um conjunta de povos, que na antigüidade abrangia hebreus, árabes, babilônios, assírios, arameus, cananeus e fenícios. Com o passar do tempo, o termo adquiriu um sentido mais restrito, em conseqüência da literatura anti-judaica dos fins do século XIX, que introduziu a palavra "semita" num contexto totalmente inexato, aplicando-a somente aos judeus. Dai o nome de "anti-semitismo" que se dá popularmente ao movimento contra os judeus.
Por que as judias ortodoxas não dão a mão aos homens quando os cumprimentam?
Trata-se de uma antiga
tradição que jé deixou de ser praticada em muitas comunidades. A razão é que a
mulher pode estar menstruada e, nesse caso, ela transmitiria ao homem sua
impureza. "impureza" não significa "sujeira"; Deus não poderia ter criado a
mulher biologicamente "suja". Apenas isto: a mulher no fim do seu ciclo mensal
traz consigo uma conotação de "morte", pois ela perde um óvulo que era uma fonte
potencial de vida. A religião e a filosofia judaica afirmam a vida. Quando
consideramos a mulher menstruada "impura", estamos declarando simbolicamente a
prioridade da Vida sobre a Morte.
Qual o significado da chamsa, a mão aberta usada como pingente por muitos judeus?
Talismãs em forma de mão eram usados desde a antigüidade, pelos fenícios, gregos
e romanos, como um meio de afastar o mau-olhado. Mais tarde, esse amuleto
tomou-se popular no norte da África e no Oriente Médio. Entre os árabes, passou
a ser conhecido como a "Mão de Fátima", filha de Maomé. Os judeus, convivendo
durante séculos com os povos árabes, incorporaram o costume. A chamsa, porém,
não tem nenhum fundamento na lei judaica. Por que os judeus se identificam com a
chamsa? Talvez porque a mão aberta é um símbolo de generosidade, em meio a tanta
inveja. Um gesto de paz num mundo de ódio. A mão de Shalom que estendemos a
todos os homens.
Na religião judaica, o homem vale mais do que a mulher?
De maneira alguma! Por definição, judeu é aquele que nasce de mãe judia, ou de
uma mãe que se converteu ao Judaísmo. É a mãe que determina a identidade
judaica. É ela, e não o pai, que é responsável pela educação dos filhos, pela
manutenção do espírito do Judaísmo no lar, pela perpetuação das tradições. Não é
de se admirar que ela seja chamada akeret ha'bayit, "esteio do lar". O que
acontece é que nos tempos patriarcais, o homem desempenhava uma função mais
ativa fora do lar, isto é, na sinagoga, no Beit Midrash, na casa de estudos. A
mulher, por sua vez, era desobrigada de cumprir certos rituais que poderiam
interferir com seus deveres para com a família. E esta tendência permaneceu até
hoje. Homem e mulher talvez sejam diferentes em função, mas certamente são
iguais em valor.
Por que o judeu Kohen não pode entrar num cemitério?
Por ocupar uma posição privilegiada na hierarquia religiosa, o Kohen está
sujeito a certas restrições que visam preservar sua "santidade". Ele está
proibido de casar-se com uma viúva ou uma mulher divorciada, para evitar
qualquer "impureza". Dentro do mesmo contexto, o Kohen não pode ter contato com
um cadáver. Como executor de uma religião que santifica a Vida, ele não pode
estar associado com a Morte.
É verdade que a lei judaica proíbe colocar a cama com os pés em direção à porta do quarto?
Não há nenhuma lei neste sentido. O que existe é uma velha tradição, que costuma
ser interpretada incorretamente. Quando uma pessoa morre, seu corpo é sempre
colocado justamente com os pés em direção à porta. E por quê? Devido a uma
antiga crença mistica de que ao chegar o Messias e entrar pela porta, o corpo
ficará imediatamente em pé. O conceito de "techiyat ha'meitim", a ressurreição
dos mortos.Daí surgiu a superstição: para distinguir os vivos dos mortos,
algumas pessoas preferem que sua cama fique na direção oposta.
A Congregação Israelita Paulista é reformista, liberal ou conservadora?
Semanticamente, "liberal" é um híbrido de reformista e conservador. E esta é
justamente a linha da CIP. Uma instituição não-ortodoxa dedicada à perpetuação
dos valores e tradições judaicas, em continuação e reformulação do "Liberalismo"
europeu. O que queremos é alcançar a todos, seguidores e marginalizados, com um
olho na Torá e outro na situação contemporânea. Tomar o Judaísmo viável e
dinâmico num mundo complexo e confuso. Esta é, em poucas palavras, a plataforma
ideológica da nossa Congregação Israelita Paulista.
O que é sionismo?
Sionismo é o movimento de libertação nacional do povo judeu, tão antigo quanto
sua dispersão. A esperança de retomar ao lar judaico surgiu no dia em que fomos
expulsos de nossa terra pelos babilônios 2.500 anos atrás. Nossa libertação e a
reafirmação do nosso vinculo histórico com a Terra de Israel são partes
integrantes da experiência religiosa e cultural judaica. A relação entre Povo e
Terra é o lema central do Sidur, nosso livro de orações, e das aspirações e
sonhos judaicos através da história. A volta do povo judeu à sua terra
ancestral, depois de séculos de sofrimento, degradação e perseguição, é um
exemplo para todos os povos oprimidos do mundo, em sua luta pela auto-afirmação.
"Olho por olho, dente por dente" não é um ensinamento vingativo, contrário ao espirito da religião?
"Olho por olho, dente por dente" (lei de talião) não é uma medida prática, mas
sim um principio acadêmico. Na verdade, os rabinos interpretaram este versículo
apenas como uma justa compensação monetária pelos danos cometidos, e nào uma
cruel e brutal represália física. Mais ainda, a compensação monetária é apenas
uma concessão. O Judaísmo insiste que quem cometeu uma ofensa não é absolvido
enquanto não se arrepender e não admitir sua culpa. Nenhum pagamento lhe trará o
perdão de Deus, se ele não buscar primeiro o perdão da pessoa que foi
prejudicada. Não, nós judeus não aconselhamos a vingança. Mas tampouco
"oferecemos a outra face". Se a nossa Bíblia nos ensina a "amar o próximo como a
si mesmo", isto significa que é tão errado deixar que nos façam mal quanto fazer
mal aos outros. O Judaísmo faz questão de combinar idealismo com realismo. É
justamente o legalismo judaico, o senso de justiça, que toma possível a
compaixão, a bondade e o amor.
O que significa Kohen, Levi e Israel?
O Kohen é descendente de Aarão, o Sumo Sacerdote. Nos tempos bíblicos, eram os
Kohanim (plural de Kohen) que conduziam todo o ritual no Templo. Eles eram os
guias espirituais, juizes, mestres e intérpretes da Torá, e seu cargo era
hereditário. Com a destruição do Segundo Templo em Jerusalém, no ano 70 da Era
Comum, as responsabilidades do Kohen tomaram-se obsoletas. A liderança religiosa
passou a ser uma questão de erudição e mérito pessoal, e não mais um direito de
nascença. Mesmo assim, o Kohen continuou e continua até hoje a manter uma
posição de honra e respeito, no contexto do ritual judaico. Ele tem precedência
na leitura da Torá, e certos ritos só podem ser executados por ele; por exemplo,
a redenção do primogênito e a bênção sacerdotal. Levi, de acordo com algumas
fontes, era uma das doze tribos mencionadas na Torá, a menor. Os Leviim (plural
de Levi) foram escolhidos para servir no Tabernáculo: eles carregavam a Arca
Santa e ajudavam os sacerdotes. Era uma posição privilegiada concedida a eles
como recompensa pela sua fidelidade a Deus quando todos os outros israelitas se
rebelaram no episódio do Bezerro de Ouro. Hoje os descendentes dos Leviim têm a
prerrogativa de serem chamados em segundo lugar para a leitura da Torá, depois
do Kohen, e são eles que lavam as mãos dos Kohanim antes da bênção sacerdotal.
Israel é um termo genérico que designa o judeu que não é Kohen nem Levi.
O que é destino para o judeu?
Destino é aquilo que deixamos nas mãos de Deus depois de termos feito tudo que nos cabe.
Qual é a diferença entre hebraico e aramaico?
Aramaico era a língua semítica falada pelos antigos arameus, e tornou-se o
idioma oficial de todo o Império Persa. Durante o exílio babilônico, o aramaico
passou a ser falado pelo povo judeu; porém o hebraico continuou sendo a "língua
sagrada" da oração e do estudo. É interessante notar que Jesus e seus discípulos
pregavam em aramaico. O vocabulário aramaico é bastante semelhante ao hebraico,
uma vez que ambas as línguas provém da mesma origem. Hoje, o aramaico está
praticamente extinto, permanecendo alguns vestígios em certos dialetos
orientais, como entre os maronitas cristãos do Líbano. O hebraico, por sua vez,
passou por um verdadeiro renascimento com a criação do Estado de Israel.
O que são judeus ashkenazim e sefardim?
A palavra "ashkenazim" (do hebraico Ashkenaz, que significa Alemanha) denotava
originalmente os judeus que habitavam a região do vale do Reno. Após as
Cruzadas, muitos deles emigraram para a Polônia, Lituânia, Rússia, etc. Com o
tempo, o termo passou a designar todos os judeus que adotaram o "rito alemão".
Por outro lado, "sefardim" (do hebraico Sefarad, Espanha) refere-se aos
descendentes dos judeus que viviam na Península Ibérica até sua expulsão em
1492, e que se estabeleceram posteriormente no norte da África, Turquia, Oriente
Médio, etc. Hoje são comumente chamados "judeus orientais", em contraste aos
ashkenazim ("judeus ocidentais").
Por que as autoridades religiosas mais tradicionais desaconselham os judeus de visitarem o Monte do Templo em Jerusalém?
No antigo Templo, havia uma parte do Santuário, o "Santo dos Santos", onde
somente o Sumo Sacerdote podia entrar, e assim mesmo somente no dia de Yom
Kipur. Uma vez que o Templo foi destruído e não se sabe ao certo qual é esta
área restrita, os mais ortodoxos consideram uma profanação andar na Monte do
Templo.
No que se baseia o calendário judaico?
O dia é a unidade "natural" de tempo, a duração de uma rotação da Terra em torno
do seu eixo. Para os judeus, cada dia se inicia ao pôr-do-sol, conforme está
escrito em Gênesis 1:5, "Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro
dia".
Quanto aos meses, o calendário hebreu segue o ciclo lunar, isto é, o tempo de
uma revolução da Lua ao redor da Terra, que é aproximadamente 29 dias e meio.
Portanto, os meses têm 29 ou 30 dias, sendo que cada mês começa com a Lua Nova.
Entretanto, é necessário que o calendário judaico acompanhe também a movimento
da Terra ao redor do Sol, pois há certas determinações bíblicas que se referem
às estações. A Torá estipula, por exemplo, que Pessach deve cair sempre na
primavera. Ora, 12 meses lunares representam um total de 354 dias, portanto
haveria uma defasagem de uns 11 dias em relação a cada ano solar, e a Páscoa
acabaria caindo no inverno, no outono, e assim por diante. Para evitar que isto
ocorra, é inserido periodicamente um mês adicional: Adar 11. Assim, em cada
ciclo de 19 anos, sete deles (3.°, 6.°, 8.°, 11°, 14.°, 17.° e 19.°) são
compostos de 13 meses.
Qual é a importância do vinho na Bíblia e nas tradições judaicas?
Desde os tempos bíblicos, o vinho é um símbolo de júbilo. "O vinho, bebido
moderadamente, é a alegria da alma e do coração" (Eclesiástico 31:36). O Shabat,
os feriados judaicos, todas as ocasiões festivas na vida dos judeus são marcadas
por uma bênção sobre o vinho. Segundo o profeta Oséias, os filhos de Israel
"crescerão como a vinha" em recompensa pelo retomo a Deus. Miquéias, em sua
visão profética, fala dos dias messiânicos em que "nação não levantará a espada
contra nação, e não aprenderão mais a guerra. E cada homem se sentará debaixo de
sua vinha e sua figueira, e não terá o que temer". A vinha e o vinho que dela
provém foram sempre associados com a fertilidade, a prosperidade e a paz - a
realização do ideal profético.
O que é uma Mitzvá?
Uma mitzvá é literalmente um dever. É um dever judaico. Mais do que uma boa
ação, é uma obrigação que temos para com Deus e para com nosso semelhante. No
total, existem 613 mitzvot, divididas em duas categorias: mandamentos positivos
e negativos, 248 "farás" e 365 "não farás". Os mandamentos do Judaísmo são
diretrizes para todos os aspectos da vida humana, não só a observância ritual,
mas também a moralidade e a ética no dia-a-dia. Embora a doutrina tenha um papel
essencial no modo de vida judaico, a ênfase maior está na ação. Cumprir uma
mitzvá é afirmar nossa identidade: é dar o que temos e, mais importante,
compartilhar o que somos.
Quem são os judeus caraítas?
O nome "caraíta" vem do hebraico Mikrá, que significa "Escrituras". Os caraítas
são o "Povo das Escrituras", porque para eles somente a Bíblia é a fonte da lei
religiosa. Assim sendo, eles negam categoricamente a tradição oral, isto é,
talmúdico-rabínica. A doutrina caraíta é altamente conservadora,
caracterizando-se pela austeridade e ascetismo. Por exemplo, devido à lei
bíblica de não acender o fogo no Shabat, os caraítas observam o dia de descanso
em total escuridão. Eles não comemoram Chanuká, por ser um feriado pós bíblico.
A partir do século VIII, surgiram importantes centros caraítas na Síria, Chipre,
Espanha, Criméia, e principalmente no Egito e em Israel. Hoje é uma seita pouco
numerosa.
É permitido arrecadar fundos para uma sinagoga por meio de jogo de cartas ou bingo?
Desde a época talmúdica, os rabinos condenavam qualquer espécie de jogo a
dinheiro, considerando que ele poderia facilmente tornar-se um vicio. Com o
tempo, foram feitas algumas exceções, embora com certa relutância. Durante os
feriados de Chanuká e Purim, por exemplo, tais jogos são permitidos desde que se
realizem dentro do ambiente familiar. A maioria dos rabinos, entretanto, não
aprovaria o jogo como uma forma de arrecadar fundos para uma sinagoga.
É permitido arrecadar fundos para uma sinagoga por meio de jogo de cartas ou bingo?
Desde a época talmúdica, os rabinos condenavam qualquer espécie de jogo a dinheiro, considerando que ele poderia facilmente tornar-se um vicio. Com o tempo, foram feitas algumas exceções, embora com certa relutância. Durante os feriados de Chanuká e Purim, por exemplo, tais jogos são permitidos desde que se realizem dentro do ambiente familiar. A maioria dos rabinos, entretanto, não aprovaria o jogo como uma forma de arrecadar fundos para uma sinagoga.
Se a identidade judaica é herdada da mãe, por que as qualificações de Kohen e Levi dependem do status do pai?
De fato, filho nascido de mãe judia é judeu. A razão histórica é que na Idade
Média, nos tempos da poligamia, a identidade do pai nem sempre podia ser
determinada com certeza. E mesmo em nossos dias é bem mais inequívoca a
identidade da mãe. Quanto ás qualificações de Kohen ou Levi, elas são legadas
pelo pai, uma vez que na sociedade patriarcal da época as funções do culto e do
ritual eram sempre. desempenhadas pelos homens.
O que é "ano sabático"?
O ano sabático, shmitá, é o último ano de um ciclo de sete. Assim como o sétimo
dia da semana, é um período de repouso. De acordo com a Torá, durante o ano
sabático a terra não seria cultivada e todas as dividas seriam perdoadas. O
descanso da terra garantia que ela recuperasse a produtividade para os proximos
anos, e ao mesmo tempo proporcionava o justo descanso para os escravos. A
dispensa do pagamento das dividas dava aos pobres uma oportunidade de adquirirem
certo grau de estabilidade financeira. A lei de shmitá foi portanto um dos
fundamentos da democracia e igualdade social. A grande maioria dos rabinos hoje
em dia são flexiveis no que tange à aplicação dessa lei bíblica. No Estado de
Israel, por exemplo, é totalmente impraticável deixar de cultivar a terra
durante um ano. Foi criado então um artifício para contornar a lei. Vende-se a
terra para um não judeu, por meio de um contrato (shtar mechirá). Desta forma, a
lei é simbolicamente mantida. Do ponto de vista religioso, a instituição do ano
sabático lembra aos judeus que tudo pertence a Deus, e que nós somos apenas
administradores da terra e dos bens que nos foram emprestados por Ele.
De onde provém a história dos "36 Justos"?
Trata-se de um mito muito popular na literatura mística judaica, segundo o qual
o universo inteiro existe por mérito de 36 heróis desconhecidos, cuja santidade
é tão profunda que eles mesmos ignoram sua pròpria importância. Celebrando a
humildade dos justos, a lenda ressalta a verdadeira essência do Judaísmo.
O que significa sabra?
Sabra, em aramaico, é o fruto de um cacto conhecido no Brasil como
"figo-da-índia". Dá-se este nome aos israelenses natos porque eles são,
geralmente, "espinhosos" e duros por fora, mas doces e macios por dentro.
De onde provém a figura do Golem?
O termo "golem" aparece pela primeira vez nos Salmos, no sentido de uma
substância amorfa ou um embrião. Na literatura talmúdica, quando os rabinos
descrevem as etapas na criação de Adão, eles dizem que antes de tomar vida, ele
era um golem, uma massa incompleta e indefinida. Durante a Idade Média, com o
aumento dos adeptos da magia, o termo adquiriu um significado diferente.
Acreditava-se que certos homens sábios tinham a capacidade de dar vida à uma
imagem de barro ou madeira, o Golem, escrevendo o nome de Deus num pedaço de
papel e colocando este papel na boca da imagem. Outro método consistia em
escrever na testa do Golem a palavra "emet", "verdade", que também tinha o poder
de animar a imagem. Retirando a primeira letra, alef, restava a palavra "met",
"morte", e o Golem voltava imediatamente à sua condição inanimada. Era como se
fosse um robô, que podia ser ligado e desligado, e obedecia fielmente as
instruções do seu mestre. Durante a Idade Média, com o aumento dos adeptos da
magia, o termo adquiriu um significado diferente. Acreditava-se que certos
homens sábios tinham a capacidade de dar vida à uma imagem de barro ou madeira,
o Golem, escrevendo o nome de Deus num pedaço de papel e colocando este papel na
boca da imagem. Outro método consistia em escrever na testa do Golem a palavra
"emet", "verdade", que também tinha o poder de animar a imagem. Retirando a
primeira letra, alef, restava a palavra "met", "morte", e o Golem voltava
imediatamente à sua condição inanimada. Era como se fosse um robô, que podia ser
ligado e desligado, e obedecia fielmente as instruções do seu mestre.
Por que muitos judeus colocam papeizinhos entre as pedras do Kotel, o Muro Ocidental em Jerusalém?
Embora Deus esteja em todo
lugar, Sua presença parece ser especialmente sentida no Muro Ocidental, talvez
pela proximidade ao local do antigo Templo. Surgiu então a tradição de escrever
"bilhetes" a Deus - desde pedidos simples até as mais poéticas expressões de fé
e gratidão - e colocá-los entre as pedras do Kotel.
Alguns dizem que o costume provém dos chassidim, que entregam bilhetes aos seus
lideres espirituais para lembrar-lhes que rezem por algum parente doente ou um
amigo necessitado. Antigamente, colocavam-se tais pedidos também nas tumbas dos
tzadikim, homens justos e piedosos, para que eles intercedessem em favor dos
vivos. Existem autoridades rabínicas que se opõem categoricamente a isto,
dizendo que o homem deve comunicar-se com Deus através da oração, pensamentos,
boas ações... e não por meio de bilhetes. Mas pelo visto, a grande maioria dos
judeus que visitam Jerusalém acham uma boa idéia mandar um "lembrete" ao
Todo-Poderoso. E o número de papeizinhos (kvitlach, em Yidish) nas fendas do
Muro aumenta cada vez mais.
O que é o movimento chassídico?
O chassidismo é um movimento pietista fundado por Israel Baal Shem Tov no século
XVIII. Começou como uma reação ao Judaísmo árido e rígido da época, que se
limitava quase exclusivamente ao estudo do Talmud. A vida dos judeus naquele
tempo era economicamente difícil e espiritualmente vazia. A alma judaica estava
sedenta de algo que a inspirasse, que a sustentasse, que a motivasse. E assim, o
Baal Shem Tov pregou "um novo evangelho": ensinamentos simples e místicos que
ressaltavam os laços íntimos entre Deus e o homem. Para o chassid, a fé não é o
privilégio de uma elite culta, mas sim um sentimento acessível às massas.
Religião não é dever nem temor; religião é amor. Judaísmo não é tristeza nem
penitência; Judaísmo é alegria e entusiasmo, êxtase e calor. A oração, sob a
perspectiva chassídica, envolve o ser humano como um todo. Expressão corporal,
dança e canto são meios autênticos de comunicação entre o homem e seu Criador.
Mais ainda, a devoção a Deus se manifesta em todos os níveis da existência
humana, mesmo nos aspectos mais triviais do cotidiano. Nas palavras de Martin
Buber, o chassidismo aboliu as diferenças "entre espaços sagrados e profanos,
entre tempos sagrados e profanos, entre ações sagradas e profanas, entre
palavras sagradas e profanas". O tzadik é uma figura característica no
movimento: um líder carismático que reúne em torno de si um grupo de seguidores,
e cuja autoridade é transmitida aos seus descendentes. O movimento chassídico
tem hoje em dia adeptos no mundo inteiro, e vem contribuindo muito para a
revitalização do sentimento judaico entre judeus de todas as idades.
O que significa Midrash?
A palavra vem de uma raiz hebraica que significa "estudar, explicar, examinar,
elucidar". Refere-se a um gênero de literatura rabínica desenvolvido desde o
século V da Era Comum até os fins do século XVI. Tratam-se de interpretações
sobre passagens bíblicas, compiladas em antologias, junto com lendas e contos do
folclore judaico. Por que foram escritas? Para extrair cada gota possível de
significado das sagradas escrituras. Para preencher o que pareciam ser lacunas.
Para conciliar o que parecia ser incompatível. Tudo isto feito de uma maneira
esteticamente linda, com a maior reverência e respeito pelo texto original.
O que é o Jubileu?
O Jubileu, yovel, é o 50.° ano que encerra sete ciclos sabáticos. Em tempos
bíblicos, o Jubileu era proclamado pelo toque do shofar no Dia do Perdão.
Durante esse ano observavam-se, além dos preceitos relativos ao ano sabático
(descanso da terra e remissão das dividas), a emancipação dos escravos e a
devolução de todas as terras adquiridas nos últimos 50 anos aos seus donos
anteriores (Levítico 25:9-34).
Trata-se de uma instituição extraordinária, cuja finalidade era proteger os
homens contra a pobreza e a servidão permanentes, impedir o acúmulo de riqueza
nas mãos de alguns privilegiados, e evitar a exploração do proletariado. Embora
as leis do Jubileu deixaram de ser observadas após a queda do Segundo Templo, os
conceitos de liberdade, direitos humanos e justiça social nelas contidos
arraigaram-se firmemente na vida e no pensamento judaico.
O que significa o emblema do Ministério de Turismo de Israel: o cacho de uvas carregado por dois homens?
Trata-se de uma representação artística da narrativa bíblica sobre os doze
homens enviados por Moisés para explorar a terra de Canaã. "E cortaram um ramo
de vide com um cacho de uvas, que dois homens levaram numa vara" (Números
13:23). Dos doze "espiões", dez regressaram com um relatório dos mais negativos,
enquanto que somente dois, Josué e Caleb, voltaram otimistas, dizendo que era
uma terra fértil "onde corre leite e mel". E para comprovarem sua opinião,
trouxeram consigo os frutos que haviam colhido: uvas, romãs e figos.
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Judaísmo e Medicina
Por que a lei judaica não permite o transplante de coração?
A questão do transplante de coração apresenta sérios problemas do ponto de vista
judaico. Em primeiro lugar, o coração tem que ser retirado do doador
imediatamente após a morte, e nem sempre é fácil determinar o momento preciso da
morte. Daí, corre-se o risco de tirar o coração de uma pessoa que talvez ainda
teria uma chance de vida. Embora este problema exista em relação a qualquer
órgão, no caso do coração ele se torna mais crítico, pois as chances de realizar
com êxito um transplante de coração diminuem acentuadamente quando decorre um
certo tempo entre a morte do doador e a implantação no receptor. Mais ainda,
apesar dos notáveis avanços da Medicina moderna, os transplantes de coração
ainda estão num estágio experimental, e os índices de mortalidade do receptor
são altos demais para justificar, sob a perspectiva do Judaísmo, o conceito de
"salvar uma vida".
Como a religião judaica encara o aborto?
Segundo a lei judaica, o feto não é um ser viável e independente enquanto se
encontra no ventre materno, já que ele não pode ser mantido vivo fora do seu
abrigo natural. Portanto, o Judaísmo não equipara o aborto a um assassinato. Com
base nesta premissa, algumas autoridades rabínicas consideram o aborto
justificável quando se trata de evitar o sofrimento físico ou mesmo psicológico
da mãe. Entretanto, o fato do aborto ser legalmente permitido em alguns casos,
não significa que seja eticamente correto, e certamente não justifica sua
prática indiscriminada. Em nosso mundo contemporâneo repleto de violência, no
qual o respeito pela vida já está tão tragicamente depreciado, é fundamental que
a sociedade seja conscientizada quanto aos sérios problemas éticos envolvidos no
aborto. Mesmo que o embrião não seja realmente um ser vivo, ele é uma vida em
potencial, e como tal não pode ser levianamente eliminado. Em suma, embora a lei
judaica não proíba o aborto, o espirito do Judaísmo - que sustenta o respeito
pela vida e o horror à violência - não pode aprovar uma prática que ameaça o
valor mais sagrado da nossa tradição: o sentido de santidade da vida.
Consequentemente, mesmo sendo legalmente viável, o aborto deve ser moralmente
restrito. Acima de tudo, é essencial termos sempre em mente que nenhum de nós é
dono absoluto da sua própria pessoa ou da vida que desponta dentro de si.
É permitido a um judeu doar seus olhos para um transplante de córnea?
Embora não se trate propriamente de "salvar uma vida", a lei judaica reconhece
que a cegueira total constitui indiretamente uma ameaça à vida, pois a falta de
visão pode ocasionar um acidente fatal. "O cego é igual ao morto", diz o Talmud
Nedarim 64b. Dentro deste contexto, muitos rabinos aprovam o transplante de
córnea somente quando o paciente é cego de ambos os olhos. Continuam sendo
imprescindíveis neste caso as duas condições mencionadas na resposta anterior:
que o doador tenha dado autorização para a remoção da córnea antes de falecer, e
que a córnea seja transplantada imediatamente para o receptor cego. Doar os
olhos para um "banco de olhos" é considerado válido pela maioria dos rabinos,
uma vez que o número de receptores necessitados é suficientemente grande para
garantir que a córnea do falecido será usada imediatamente após sua morte.
Como o Judaísmo se coloca diante da inseminação artificial, quando o doador não é o marido?
A maioria dos rabinos é contra a inseminação artificial quando o esperma é de
outro doador, e não do marido, pois existem neste caso inúmeras complicações
religiosas, genéticas, legais, psicológicas e morais. A primeira objeção
religiosa provém das palavras de Deus a Abraão (Gênesis 17:7): "Eu serei o teu
Deus, e o Deus da tua posteridade depois de ti." A interpretação é que a
proteção divina se estende somente àqueles cuja genealogia é conhecida e
definida. Mais ainda, existe a preocupação de que, se essa prática se difundir,
ela pode acabar conduzindo ao incesto (uma vez que o filho e a filha do mesmo
pai, sem saberem do seu parentesco, podem vir a se casar), o que não só
contraria as leis do Judaísmo, como também acarreta sérios problemas genéticos.
Há também a dúvida se a criança resultante da inseminação é legalmente herdeira
do "pai biológico" ou do "pai social", o que daria origem a desavenças
familiares e complicações judiciais. Psicologicamente, a inseminação artificial,
envolvendo um doador estranho, traz muitos problemas ao casal. A mãe, por mais
que ela queira ter seu próprio filho, acaba ficando com um sentimento de culpa,
achando que, ao receber o sêmen de um estranho, ela traiu o marido. O marido,
por sua vez, sente-se diminuído em sua masculinidade, por não ter desempenhado
adequadamente suas funções de homem. Moralmente, o Judaísmo condena este tipo de
inseminação artificiai por ser uma prática que leva facilmente a abusos, tais
como a utilização do sêmen de doadores física e intelectualmente superdotados,
para o "aprimoramento da raça", como já previu Aldous Huxley há 50 anos, em seu
livro Admirável Mundo Novo. Visando criar "super-homens", tal reprodução
seletiva expõe a sociedade a sérios riscos de promiscuidade e corrupção; e, em
última análise, promove a desumanização do homem.
No caso de um judeu ser acometido de um mal irremediável, será permitida a prática da eutanásia?
Em primeiro lugar, o conceito de "irremediável" é muito relativo. Aquilo que é hoje irremediável, pode amanhã ser curável. Quanto à eutanásia: é importante fazermos uma distinção entre eutanásia ativa e passiva. A eutanásia ativa consiste em administrar uma droga para antecipar a morte. Na eutanásia passiva, a morte é apressada por interrupção do tratamento. O Judaísmo proíbe categoricamente a eutanásia ativa, pois ela é vista como um verdadeiro homicídio. No caso da eutanásia passiva, embora ela não seja livremente permitida, também não é de todo condenada. O Judaísmo afirma incondicionalmente a santidade da vida. Entretanto, quando a vida se torna vegetativa, a "santidade" da mesma pode ser questionada. Em casos extremos, quando o sofrimento inútil está sendo prolongado por meios artificiais... quando a vida nem é mais vida... a eutanásia passiva pode eventualmente ser válida. Na tradição judaica, Deus é considerado o "Supremo Poder de Cura", enquanto que o médico é visto como um agente de Deus a serviço da humanidade. A lei judaica endossa portanto a decisão do médico, que naturalmente depende das circunstâncias específicas de cada caso. Confiando na sua competência profissional e nos ditames da sua consciência, o Judaísmo dá a palavra final ao médico... de preferência, em acordo com o rabino.
A lei judaica permite que se retire um órgão de uma pessoa morta para transplantá-lo em outro indivíduo?
O Judaísmo considera fundamental o respeito pelos mortos. Neste contexto, a lei
judaica proíbe a mutilação do cadáver e exige que o corpo seja sepultado intacto
e o mais breve possível.Estas exigências, entretanto, como todas as leis da
Torá, podem ser postas de lado diante do mandamento supremo do Judaísmo: o dever
de salvar uma vida, "Pikuach Nefesh". Não pode haver maior tributo aos mortos do
que utilizar seus restos mortais para prolongar outra vida humana.
Existem, neste caso, dois requisitos básicos: primeiro, que o órgão retirado do
morto seja transplantado imediatamente para um receptor necessitado
(justificando assim o conceito de salvar uma vida); segundo, que tenha sido dada
permissão pelo doador antes de sua morte ou, pelo menos, por sua família após o
falecimento.
Com tantos menores abandonados, a lei judaica não considera mais justo adotar uma criança, quando a concepção pelos meios normais é impossível, em vez de recorrer à fecundação in vitro ou à inseminação artificial?
O Judaísmo não é, de modo algum, insensível ao drama social das milhares, talvez
milhões, de crianças abandonadas no mundo inteiro. Muito pelo contrário, a
Bíblia menciona diversas vezes que o órfão deve ser amparado. Os rabinos apoiam
a adoção, e incentivam as famílias judaicas neste sentido.Entretanto, o primeiro
mandamento da nossa Torá, cronologicamente falando, é "P'ru u'rvu", "Crescei e
multiplicai-vos", literalmente "Sede férteis e multiplicai-vos" (Gênesis 1:28).
E isto significa que cada indivíduo tem o dever de criar outro, e assim
perpetuar a raça humana. E não apenas por motivos religiosos, como também do
ponto de vista psicológico, é perfeitamente compreensível que uma mulher prefira
gerar seu próprio filho a adotar uma criança alheia. A gestação é uma
necessidade emocional instintiva, inerente à natureza feminina. Carregando em
seu ventre uma nova vida, ela se sente mais mulher, ela se realiza. Além do
mais, o filho adotivo só passa a fazer parte da família semanas ou meses após o
nascimento, enquanto que no caso da fecundação in vitro ou por inseminação
artificial, a mulher e o marido participam juntos da concepção, dos cuidados pré
natais, de toda a gravidez e do parto - e esta é uma vivência das mais
gratificantes para o casal, que ninguém, em sã consciência, tem o direito de
impedir.
A lei judaica permite a inseminação artificial, quando o doador é o próprio marido?
A questão da inseminação artificial é bastante complexa do ponto de vista da lei
judaica. Uma vez que tal forma de concepção, da maneira como é praticada
atualmente, não é mencionada nos textos bíblicos, as opiniões rabínicas são as
mais variadas, desde algumas bastante conservadoras e rígidas, até as mais
liberais e permissivas. A dúvida teológica fundamental é se nós, seres humanos,
temos o direito de interferir na natureza. E a resposta da grande maioria dos
rabinos é um categórico "sim". O Judaísmo afirma que Deus e o homem são
parceiros na criação do mundo. É portanto a obrigação de cada indivíduo usar sua
inteligência, sua imaginação, sua criatividade, para melhorar a vida na Terra. A
natureza, com seus acertos e seus erros, não é intocável. Nós podemos e devemos
fazer tudo ao nosso alcance para remover os obstáculos que a natureza coloca em
nosso caminho. Negar isto é resignar-se à doença, às deformidades, à dor. Negar
isto é renegar toda a Medicina. Do ponto de vista da lei judaica, uma das
objeções levantadas contra a inseminação artificial é que a emissão de esperma
fora da vagina é uma forma de onanismo, e portanto constitui "um ato proibido".
A palavra "onanismo" vem do personagem bíblico Onan, que foi punido com a morte
por ter praticado o coito interrompido com a finalidade de evitar a fecundação
(Gênesis 38:8-10). A maior parte das autoridades rabínicas não considera válida
esta objeção no caso da inseminação artificial com o sêmen do marido, pois este
sêmen não é desperdiçado. Pelo contrário, ele é usado para engravidar a mulher,
para cumprir o mandamento da procriação matrimonial. Em suma, quase a totalidade
dos rabinos permite a inseminação artificial com o sêmen do marido, desde que
tenha decorrido um certo prazo a partir do casamento, e o casal não tenha
conseguido conceber um filho petos métodos normais.
Qual a perspectiva judaica sobre os transplantes, quando o órgão a ser transplantado é doado por uma pessoa viva?
A Torá proíbe a auto-mutilação do indivíduo. Ninguém tem, em principio, o
direito de arriscar sua pròpria vida para salvar outra. No entanto, se for
comprovado por uma equipe médica que não existe risco de vida para o doador, e
se o doador oferecer o órgão de livre e espontânea vontade, sem nenhuma espécie
de coação, o transplante é permitido. Obviamente, qualquer cirurgia envolve
algum risco. Porém o ponto fundamental é que tal risco seja, na opinião dos
médicos, substancialmente menor do que a probabilidade de salvar a vida do
receptor. Somente em tais circunstâncias o Judaísmo justifica o transplante.
Qual a perspectiva judaica sobre o "bebê de proveta"?
A fertilização in vitro levanta as mesmas questões que a inseminação artificial.
Ela é autorizada pela maioria dos rabinos, desde que o esperma seja do marido, e
que tenha sido comprovado pelos médicos que a mulher apresenta uma deficiência
anatômica ou fisiológica que impede a fecundação normal.
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JUDEUS E NÃO JUDEUS
Por que os
judeus não aceitam Yeshua (Jesus) como Filho de Deus?
O Judaísmo não reconhece um "Filho de Deus" que se destaca e se eleva acima dos outros seres humanos. A convicção judaica é de que todos os homens são iguais perante Deus, e nenhum mortal pode pretender a divindade. Mesmo Moisés, com quem Deus falou "cara a cara" (como diz metaforicamente a Biblia), era "o homem Moisés". Os rabinos explicam que toda a raça humana veio de um só homem, Adão, para que ninguém possa dizer que seu pai é superior a qualquer outro. Uma Paternidade Divina, e uma fraternidade humana. Somos todos nós filhos de Deus.
Como a comunidade judaica e os rabinos encaram o judeu convertido?
Quando a conversão é motivada pela livre e espontânea vontade do indivíduo,
quando ela é conseqüência de uma preparação consciente, acompanhada de um
compromisso sincero e da firme resolução de observar as Mitzvot - os preceitos,
as práticas, as tradições - então o convertido é considerado "autêntico" e é
plenamente aceito como membro da comunidade judaica. Quando, entretanto, não
existe tal compromisso, tal seriedade de intenções, então a conversão se torna
uma farsa, um ato sem sentido. Neste caso, os rabinos não sò desaconselham, como
se recusam a consumar a conversão.
Yeshua (Jesus) era judeu?
Certamente! Jesus nasceu de mãe judia, foi circuncidado no oitavo dia, e celebrou sua Bar-Mítzvá de acordo com a tradição judaica. Ele era chamado de "Rabino" e freqüentava o Templo de Jerusalém, junto com seus discípulos. Mais ainda, ele se considerava um judeu fiel às suas origens. A maior parte dos seus ensinamentos derivam das leis e das tradições judaicas com as quais ele se criou. Vários trechos da Torá podem ser apontados como a fonte dos preceitos que Jesus pregou. "Amarás o próximo como a ti mesmo", por exemplo, provém do Livro de Levítico (capitulo 19, versículo l8).
Por que os judeus não aceitam os ensinamentos de Jesus?
Acreditamos que Jesus foi um grande homem, um grande mestre que pregou os ideais
universais da fé judaica, um ser humano dotado de grande sensibilidade e
percepção. Não aceitamos alguns dos seus ensinamentos, aqueles que são
incompatíveis com os preceitos do Judaísmo. Apenas alguns exemplos: Jesus
acreditava ter o poder de perdoar os pecados, enquanto que o perdão, sob a
perspectiva judaica, pertence somente a Deus. Jesus alegava ter o poder de
ressuscitar os mortos, ao passo que os profetas hebreus, quando operavam um
milagre, frisavam que o faziam como meros instrumentos de Deus. Jesus louvava a
oração solitária, dizendo que só os hipócritas oravam em conjunto. O Judaísmo,
por outro lado, ressalta a importância da oração comunal e acentua a condição do
indivíduo como um elo na cadeia do seu povo e da humanidade.
Um judeu pode assistir ao casamento de um amigo numa igreja católica?
De acordo com os rabinos ortodoxos, não. De acordo com os liberais, sim, sob a
condição de que o judeu seja apenas um espectador e não um participante na
cerimônia.
Qual a perspectiva judaica sobre a reencarnação?
Reencarnação, por definição, é o processo pelo qual o espirito reassume uma
forma material, ou seja, a alma de uma pessoa que faleceu passa para o corpo de
outra que está por nascer. A doutrina da reencarnação não é mencionada na
Bíblia, nem na literatura rabínica. Apesar disto, os cabalistas - os místicos
judeus - acreditavam na transmigração de almas. E seus seguidores, os judeus
chassídicos, herdaram até certo ponto essa crença na reencarnação. Existem
algumas orações chassídicas que pedem o perdão divino pelos pecados cometidos
não só durante a atual existência, mas também nas anteriores. Entretanto, de um
modo geral, a reencarnação não é um elemento essencial da fé judaica.
É verdade que os judeus ainda esperam a chegada do Messias?
De fato, os judeus não reconhecem que o Messias já tenha vindo. E por que?
Simplesmente porque as profecias messiânicas nas quais depositamos nossas
esperanças não foram cumpridas! A opressão não terminou, a guerra não acabou, o
ódio não cessou, a miséria não findou. E, acima de tudo, a tão esperada
regeneração espiritual da humanidade certamente não ocorreu.
Qual o status dos cristãos-novos perante a lei judaica?
Cristãos-novos são aqueles judeus, especialmente da Espanha e Portugal (também
chamados "Marranos"), que foram obrigados a se converter ao catolicismo durante
a Inquisição e outras perseguições, embora freqüentemente continuassem a
praticar o Judaísmo em segredo. Muitos deles se asilaram no Brasil,
principalmente no norte do pais. Quanto ao seu status perante a comunidade
judaica: a lei afirma que quem nasce de mãe judia é judeu. Portanto, enquanto a
ascendência materna for judaica, os descendentes permanecem judeus através das
gerações. Assim sendo, quando um cristão-novo deseja voltar formalmente ao
Judaísmo, seria ilegal exigir que ele se convertesse, pois isto implicaria que
sem tal conversão ele não é judeu. Entretanto, embora não seja exigida uma
conversão formal, é costume submeter os cristãos-novos a alguma espécie de
ritual para assinalar seu "regresso" à comunidade judaica. Isto é feito
simbolicamente através de uma promessa de chaverut, lealdade ao Judaísmo. Uma
vez que eles foram criados dentro do Cristianismo, é necessário que se
comprometam a estudar as doutrinas e as práticas judaicas, e afirmem sua
disposição de cumprir os mandamentos do Judaísmo.
Como se explica o fato de muitos judeus terem em sua casa uma árvore de Natal?
O Natal tomou-se um
feriado tão comercializado que é difícil não sentir sua presença. Além do mais,
a alegria dessa festa é sem dúvida atraente e contagiante. Entretanto, é preciso
ter em mente que o Natal é muito mais do que uma época de enfeitar árvores e dar
presentes: é a celebração do nascimento de Jesus, e portanto uma data da mais
alta importância religiosa para a cristandade. O judeu que tenta imitar os
costumes e as tradições do Natal está não apenas apagando sua identidade
judaica, como também está desrespeitando algo de muito sagrado para seus irmãos
cristãos.
Qual o significado da mikvá, o banho ritual, para uma moça ou um rapaz que estão se convertendo ao Judaísmo? O que há de especial na água?
A palavra "mikvá" significa uma acumulação de água natural, tal como um rio ou
um lago. Atualmente, a mikvá é construída como uma piscina interna, e suas águas
não têm nada de mágico ou misterioso. Simplesmente água natural, limpa, aquecida
a uma temperatura agradável. Nos tempos bíblicos, a mikvá era usada por homens e
mulheres para eliminar "impurezas". No entanto, é importante frisar que a
imersão na mikvá não é para os fins de higiene física. É um ato de significado
puramente espiritual. Quando um indivíduo se converte ao Judaísmo, ele participa
desse ritual. A água é um símbolo de vida. Assim como o nascimento físico provém
do liquido amniótico no ventre materno, assim também o nascimento espiritual,
isto é, a conversão, associa-se às águas purificadoras que marcam um nova
começo.
Existem indivíduos que se dizem, ao mesmo tempo, judeus e espiritas. É possível isto?
Na medida em que o espiritismo é uma religião, ele traz consigo inúmeros
preceitos que divergem do Judaísmo. Existe uma injunção bíblica contra qualquer
tentativa de entrar em contato com os mortos, com qualquer espirito morto ou
vivo.
Pouco se sabe sobre os caminhos profundos e misteriosos do espiritismo. Mas uma
coisa é certa: métodos duvidosos podem facilmente levar a práticas proibidas.
Quem quer obedecer ao mandamento da nossa Torá, "Amarás ao Eterno teu Deus, de
todo o coração", não pode ao mesmo tempo buscar a fé nas sessões espiritas, por
meio de fenômenos inexplicáveis da psique. O judeu que acredita em Deus, o Deus
da Vida, não deve procurar enxergar o Além. Embora ele postule que existe um
Olam Habá, um mundo vindouro, ele se preocupa em cumprir suas obrigações para
com Deus e para com o homem, aqui e agora. Do lado de cá, e não do lado de lá do
túmulo. Religiosamente, teologicamente, filosoficamente – Judaísmo e espiritismo
são incompatíveis.
Qual o significado do termo "ger"?
"Ger" significa literalmente "forasteiro", e se refere a uma pessoa que nasce de mãe não judia e posteriormente se converte ao Judaísmo. Neste contexto, "ger" não implica na verdade "estrangeiro", mas sim um "recém-chegado", alguém que se associa aos judeus por livre e espontânea vontade, e é acolhido de braços abertos entre eles. Importante: uma vez que ele se torna um ger, ele deixa de ser um estrangeiro e passa a ser um pleno participante da Comunidade Judaica, compartilhando com todos os judeus um mesmo legado e um mesmo destino.
Na língua portuguesa, há um termo que muitos consideram pejorativo: "judiar" de alguém. O que sepode fazer para eliminar o seu uso?
Existe uma dúvida quanto à origem da palavra "judiar". O Novo Dicionário da
Língua Portuguesa, da autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, define:
"JUDIAR: tratar como antigamente se tratavam os judeus; fazer sofrer, maltratar,
atormentar" 1a. edição, página 805). O significado está claro: não há nada de
pejorativo. Não fomos nós que maltratamos. Nós, os judeus, fomos maltratados. E
cada vez que usamos a palavra "judiar", estamos conscientizando os outros. O
termo não deve ser eliminado. Pelo contrário, é bom que o mundo se lembre do
preconceito do passado, para que não o permita no presente e no futuro.
Por que há judeus que insistem em participar no Movimento Ecumênico, se existem tantas diferenças insuperáveis entre o Judaísmo e as outras religiões?
Participamos no Movimento Ecumênico porque acreditamos que todos os homens são
iguais em valor, e todas as religiões visam, em última análise, os mesmos fins:
paz, amor, harmonia, compreensão, liberdade, justiça social. Se somos
diferentes, somos diferentes apenas no que tange aos meios. Aquilo que nos une
supera de longe aquilo que nos divide. Desde que haja respeito mútuo, a
fraternidade e o diálogo inter-religioso são possíveis e são frutíferos. Podemos
estar longe de atingir nossos objetivos comuns. Mas não importa. A marca do
verdadeiro homem não é apenas o que ele realiza, mas sim o que ele aspira
realizar. Moisés jamais viu seu sonho realizado, jamais pisou na Terra
Prometida. E mesmo assim o chamamos de Moshé Rabeinu, "Moisés nosso Mestre". E
por que? Porque ele nos ensinou que apesar dos obstáculos, apesar das
frustrações, apesar da incerteza de chegarmos a ver o final feliz - é preciso
continuar a sonhar e confiar e lutar.
De onde vem o conceito do Messias?
A palavra "Messias" vem do hebraico Mashiach, que significa "ungido". Nos tempos
bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de consagração. No sentido original
do termo, os "messias" eram pessoas supostamente encarregadas par Deus para
cumprir uma missão especial, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu
cargo. Aliás, o costume da unção com óleo santo persiste até hoje, na coroação
de reis e rainhas contemporâneos.Com o passar do tempo, firmou-se entre os
judeus a idéia Profética de que Deus faria uma intervenção dramática na história
em prol dos seus eleitos, por intermédio de um descendente do Rei David, que
libertaria o povo judeu do cativeiro e o restabeleceria na Terra de Israel. A
palavra Mashiach passou então a significar "o ungido de Deus", o mensageiro do
Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para os israelitas, mas sim para
toda a raça humana. Com a vinda do Messias, todos os homens enxergariam uma nova
luz e passariam a viver de acordo com os Ensinamentos Divinos. Cessariam então a
discórdia e a guerra, e a humanidade entraria numa nova era de paz universal.
Por que as judias ortodoxas banham-se mensalmente na mikvá?
Durante a menstruação, a mulher perde um óvulo não fecundado, uma fonte
potencial de vida que não germinou. Portanto, ela traz consigo um vestígio de
morte. A água é o símbolo da vida, a própria origem do Universo. Ao mergulhar
nas águas da mikvá, a mulher se "purifica" daqueles traços de morte e reafirma a
vida.
Como os judeus imaginam a era messiânica?
A pergunta tem que ser
respondida sob duas perspectivas: a ortodoxa e a liberal. Os ortodoxos continuam
aguardando a vinda de um Messias, sob forma de pessoa, que ao chegar na terra
operará muitos milagres: os cegos enxergarão, os surdos ouvirão, os paralíticos
andarão, os mortos ressuscitarão. Neste dia não haverá mais sofrimento, nem
doença, nem pobreza, nem morte. Dentro da mesma linha de pensamento, os
ortodoxos mantêm inalterada a doutrina do Messias como um descendente do Rei
David que reinará em Jerusalém e reconstruirá o Templo Sagrado. Para os
liberais, por outro lado, a redenção futura não será obra de um único homem,
mas sim resultado de um árduo esforço par parte de todos os homens. Somente
quando aprendermos a respeitar nossas diferenças e eliminar nossas divisões,
somente quando os seres humanos se derem as mãos em busca de algo maior, poderá
chegar uma era messiânica na qual reinarão o amor, a fraternidade, a justiça e a
paz.
Qual a perspectiva judaica sobre o messianismo?
A crença na vinda do Messias e a fervorosa expectativa de sua chegada estão
firmemente incorporadas no pensamento judaico. O judeu carrega dentro de si uma
intensa e profunda convicção de que existirá de fato uma era messiânica. Esta
crença tem nos dado força e coragem para enfrentar as adversidades sofridas pelo
nosso povo através dos tempos. O Judaísmo seguramente deve sua sobrevivência, em
grande parte, a essa esperança infinita num futuro messiânico. O messianismo
judaico, apesar de suas conotações espirituais e místicas, é essencialmente
pragmático e voltado para a ação - aqui e agora. Nossas aspirações messiânicas
não são meros sonhos; são objetivos concretos que nos incentivam a trabalhar
ativamente por um mundo melhor, um mundo no qual reinarão os valores morais e
éticos da nossa tradição. Nós judeus achamos que sejam quais forem os aspectos
espirituais e cósmicos da salvação, ela tem que estar inserida no contexto
histórico, político e social da realidade em que vivemos. E importante ressaltar
que embora acreditamos fielmente na vinda do Messias, essa crença não é um
elemento intrínseco, uma condição sine qua non da fé judaica. Ao contrário da
doutrina cristã, que é inconcebível sem o Messias, no Judaísmo o Messias é uma
idéia acrescentada posteriormente, e não um principio fundamental em si. As
antologias rabínicas e a liturgia judaica frisam que o autor da redenção não é o
Messias, mas sim Deus. O Messias é apenas um instrumento através do qual se
manifestará a soberania de Deus e se estabelecerá o Reino Divino na terra.
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Jornal Kol Anunsim - Grupo Judaísmo On-Line