por Tânia Kaufman
Gostaria de iniciar meus
comentários nesse espaço, introduzindo algumas questões
relevantes para as bases de uma Etnologia Judaica no Brasil.
Considerando que a história das colonizações européias é contada
sob diferentes pontos de vista, e que a colonização portuguesa
teve formas específicas de atuação na constituição da América
Portuguesa, e que dessa mobilização resultou a vinda dos judeus
para o Brasil, pergunta-se:
u Até que ponto, a
integração de judeus em novas sociedades, sempre apoiada no
sistema de adequação intercultural, foi consistente em
Pernambuco, de modo a permanecer na memória cultural da
população nordestina, mesmo que de forma atávica ou silenciada?
u Qual teria sido o
papel dos cristãos-novos e dos cripto-judeus ou dos marranos e
dos judeus sefaradim e/ou ashkenazim na dinâmica
sócio-cultural histórica e geopolítica brasileira?
u Qual o sentido das
diásporas judaicas, da Europa para o Brasil no século XVI e mais
tarde, no século XX, e como os judeus criaram um lastro de vida
judaica em Pernambuco, cujos resíduos culturais preservados,
inclusive, na reserva mental dos judeus durante a Inquisição,
permitiram se fazer presentes até os dias atuais?
u Houve, em algum
momento da história dos judeus em Pernambuco ou mesmo no Brasil,
a idéia de ruptura com o controle de sua própria história?
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Artigo de José Roitberg, jornalista
Foi uma vitória surpreendente que pode mudar completamente os
rumos da política do Oriente Médio. Peretz venceu Peres. Mas
quem é esse desconhecido que em breve poderá ser o
primeiro-ministro israelense ? Será que Israel terá seu "PT" no
governo ?
Amir Peretz imigrou do Marrocos aos 4 anos de idade junto com
sua família. Em meados dos anos 70 teve uma perna esmagada num
acidente de treinamento militar. Quando se recuperou, foi
oferecido a ele ser o gerente de um posto de gasolina, mas ele
recusou alegando não estar preparado para "ser chefe de ninguém
num ambiente que se constituía em exploração" dos outros
empregados do posto. Ou seja: para ele todos os que dirigem
empresas exploram seus empregados. Conhecemos muito bem essa
retórica no Brasil e internacionalmente.
Em 1988, com apenas 37 anos foi eleito para o Knesset pelo
Partido Trabalhista. Em 1995, Peretz foi eleito presidente do
Histdrut, a toda poderosa central sindical israelense e passou a
defender uma agenda política básica contra os cortes no
orçamento israelense, alegando que isso prejudicava os pobres do
país. Mas vão 10 anos desde esse momento.
Em 1999 saiu do partido e foi um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores Uma Nação ("One Nation") que ganhou duas cadeiras
no Knesset naquele ano.
Portanto, após muito anos de governo, Israel poderá ter um não
militar (quase todos foram generais), um sujeito que guarda
rancor por sua invalidez em treinamento, um radical de esquerda
que vê pela janela "exploradores e explorados" e um homem de
Sderot, em que parte da mídia israelense ainda deposita a
desconfiança por ser sefaradi. Peretz é casado e tem quatro
filhos. O que se pode esperar dele em relação aos palestinos ?
Aqui a coisa pega. Peretz é morador de Sderot, o alvo preferido
dos foguetes Kassan lançados pelo Hamas. Nos anos 80 foi o
equivalente a prefeito da cidade. Portanto, não deve se esperar
uma ideologia de conciliação de alguém que dirigiu a cidade, que
tem amigos, negócios, parentes num alvo terrorista constante.
Você leu o que eu escrevi acima ? Bem será que é verdade ? Os
dados foram retirados do perfil de Peretz publicado no jornal
Haaretz em
http://www.haaretz.com/hasen/spages/643963.html Agora note a
diferença do perfil de Amir Peretz publicado na enciclopédia
aberta da internet, a Wikipedia em http://en.wikipedia.org/wiki/Amir_Peretz
- é bom lembrar que qualquer pessoa pode incluir, acrescentar,
editar e alterar dados na Wikipedia: é uma criação coletiva e
costuma ser utilizada como referência, principalmente por conter
mais material que outras enciclopédias tradicionais. O que
existe na Wikipedia é um Amir Peretz bem diferente.... Nasceu
Armand Peretz na cidade de Bojad, no Marrocos. Sua família
imigrou para Israel em 1956 (provavelmente entre os expulsos dos
países árabes após a Guerra de Suez) e se estabeleceu em Sderot
no início da construção da cidade. O pai dele possuía um posto
de gasolina. Serviu o exército como oficial de intendência na
brigada pára-quedista, chegando ao posto de capitão (portanto,
oficial de tropa de elite) Durante a Guerra do Yom Kippur foi
gravemente ferido na famosa batalha do Passo de Mitla e passou
um ano em recuperação no hospital. Depois disso, comprou uma
fazenda onde trabalhou ainda em cadeira de rodas, casou-se e
teve quatro filhos. Em 1983, venceu a disputa da prefeitura de
Sderot pelo Partido Trabalhista terminando com o controle da
cidade pelo Likud e pelo Mafdal (nacionalista religioso). Como
prefeito incentivou a educação e o contato com os kibutzim da
região. Em 1988 foi eleito para o Knesset. Em 1994 foi candidato
independente para a presidência da Histadrut, concorrendo contra
Yitzhak Rabin, líder do Partido Trabalhista naquele momento, e
venceu. Isso o isolou do partido. Foi o deflagrador das diversas
greves que paralisaram o país nos anos que se seguiram ao
assassinato de Rabin. Durante o governo de Benjamin Netanyahu,
Peretz foi diminuindo seu radicalismo e acabou colaborando com
as reformas financeiras. Em 1999 Peretz saiu do Likud e formou
seu próprio partido o "One Nation" (Am Echad) com duas caderias
na eleição de 1999 e 3 cadeiras em 2003. O partido se fundiu com
o Trabalhista em meados de 2004, aumentando a base em 3 cadeiras
e fazendo com que Peretz retomasse sua filiação. Uma de suas
plataformas atuais é "...dentro de 2 anos após a minha chegada
ao poder (primeiro ministro) eu vou erradicar a pobreza das
crianças em Israel..." A própria Wikipedia diz com todas as
letras que por suas posições "Peretz é comparado ao presidente
brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva". Na sua visão das relações
com os palestinos e árabes não há uma definição clara. Ele foi
um dos primeiros membros do movimento Paz Agora. Ele liga, de
alguma forma, o processo de paz com os palestinos com assuntos
sociais em Israel. Ele acredita que a não solução do conflito
com os palestinos impede a solução de problemas sociais
israelenses como "o aumento das diferenças sociais". Ele acha
que o dinheiro gasto nos assentamentos poderia ter sido melhor
usado para resolver os problemas internos. A idéia era só a de
fazer um perfil de Peretz. Terminamos com dois. Onde estará a
verdade ? Anunciado durante a campanha, o primeiro ato de Peretz
é aguardado para qualquer instante: a retirada do Partido
Trabalhista da base de sustentação do governo do Likud, o que
inviabilizaria o governo de Sharon que cairia. Mas vários
analistas apontam para outra possibilidade. Tanto Sharon, que
sofre uma forte oposição dentro do Likud, quando Shimon Peres,
que teve praticamente metade dos votos do Partido Trabalhista,
sairiam de seus partidos e se uniriam, formando num novo partido
político. Com a junção de mais ou menos metade de cada um dos
partidos atuais, o novo partido seria individualmente maior que
cada um dos dois antigos. Antes que alguém pergunte, não
consegui encontrar um "perfil oficial" do Peretz, nem no site da
Histadrut. |